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Alerta ignorado: relatório de 2018 já apontava risco de acesso à varanda do Louvre usada em roubo

Auditoria detalhava vulnerabilidade na varanda da Galeria de Apolo, explorada pelos ladrões no crime de 19 de outubro; direção do museu afirma que só soube do documento após o assalto

Agência O Globo - 26/11/2025
Alerta ignorado: relatório de 2018 já apontava risco de acesso à varanda do Louvre usada em roubo

Um relatório de segurança produzido em 2018 já alertava para a possibilidade de acesso, por meio de um elevador de carga, à varanda do Louvre utilizada pelos ladrões no roubo de joias ocorrido em 19 de outubro, segundo a imprensa francesa.

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A auditoria, encomendada pela joalheria de alta classe Van Cleef & Arpels para o museu, detalhava de forma precisa a vulnerabilidade da varanda pertencente à Galeria de Apolo, conforme revelou o jornal Le Monde na noite de terça-feira.

No documento de 2018, “duas páginas e três esquemas visuais tratam especificamente da varanda que dá para a Galeria de Apolo”, e seus autores “insistem, em seu texto, na janela que dá para o cais François-Mitterrand, que qualificam como ‘um dos maiores pontos vulneráveis do estabelecimento’”, relata o jornal.

O relatório também menciona o acesso ao parapeito a partir do solo. Para ilustrar o risco, os especialistas da Van Cleef & Arpels “mencionam até, em um documento visual, a hipótese do uso de uma cesta elevatória” por parte de criminosos, segundo o Le Monde.

Contatada pela AFP na noite de terça-feira, a direção do museu não comentou o caso. Ao Le Monde, porém, a administração afirmou ter tomado conhecimento da existência do relatório apenas após o roubo.

A atual gestão, comandada por Laurence des Cars desde 2021, garantiu ao jornal que os documentos, encomendados pela equipe anterior liderada por Jean-Luc Martinez, “não foram comunicados” durante a transição. O Le Monde não conseguiu contato com Martinez.

Segundo o jornal, o relatório incluía ainda imagens que mostravam que as câmeras de vigilância próximas à varanda não cobriam integralmente o acesso identificado como vulnerável.

Alguns dos detalhes descritos no estudo coincidem com a operação realizada pelo grupo naquele dia: utilizando um elevador de carga, os criminosos alcançaram a varanda da Galeria de Apolo e, com uma serra radial, romperam a janela para entrar no espaço e levar oito joias pertencentes à Coroa da França.

As peças, avaliadas em cerca de US$ 100 milhões, seguem desaparecidas.

Mais de um mês após o roubo, dois homens e duas mulheres foram detidos no âmbito da investigação, somando-se às quatro pessoas já indiciadas no caso, informou a Promotoria na terça-feira.