Curiosidades
Último parceiro de Lô Borges, Zeca Baleiro detalha últimos dias do artista mineiro: 'Senti que ele estava com pressa'
Em entrevista exclusiva, Zeca Baleiro relembra processo criativo do álbum 'Céu de giz' e fala sobre a relação próxima com Lô Borges nos meses que antecederam a morte do músico mineiro.
Lô Borges manteve uma rotina de trabalho intensa até ser internado em Belo Horizonte, no dia 18 de outubro, quando foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Unimed-Contorno, na capital mineira, para tratar um quadro de intoxicação medicamentosa.
Desde 2019, o artista lançou um disco autoral por ano. O mais recente, “Céu de giz”, lançado em agosto de 2025, trouxe canções inéditas compostas em parceria com Zeca Baleiro.
— Surgiu de uma forma muito inusitada — conta Zeca Baleiro, em entrevista exclusiva ao GLOBO. — Em outubro do ano passado, ele me ligou, conseguiu meu telefone com um amigo em comum e disse: 'Zeca, aqui é o Lô, quero te chamar para fazer dez canções comigo, fiz dez melodias, gosto muito das suas músicas, das suas letras, queria que você colocasse letras nelas. Você topa? Aí a gente faz um disco'. E eu falei: 'Pô, você está de sacanagem, é claro que eu topo. Sou seu fã desde a adolescência, sei tocar várias de suas músicas, enriqueci meu vocabulário musical ouvindo você, Beto, Toninho, Milton. Será uma honra' — relembra o músico.
Assim nasceu “Céu de giz”, último disco de Lô Borges, feito em parceria com o maranhense. Lô enviava “lotes” de três músicas para que Zeca colocasse as letras. No Instagram, Zeca Baleiro comentou que as melodias eram “Lô puro malte”.
— Fui trabalhando devagarinho, mas com agilidade, pois senti que ele estava com pressa de gravar. Ele já tinha outro projeto à frente, com Márcio Borges. Assim nasceu o “Céu de giz”, que a gente até brincou que era uma homenagem às avessas. O Zé Ramalho tem o “Chão de giz”, a gente tem o “Céu de giz”. O nome surgiu assim, como mote de uma canção, e acabou batizando o disco — explica Zeca Baleiro.
Por conta da parceria, Lô e Zeca estavam sempre em contato. O disco foi lançado em agosto e o próximo passo seria alinhar uma turnê da dupla. A notícia da internação do mineiro pegou Zeca Baleiro de surpresa.
— A gente estava se falando quase toda semana. Falei com ele um ou dois dias antes da internação. Estávamos planejando o show do disco, negociando. Eu iria a Belo Horizonte sair com a banda dele. Estávamos nesse momento de planejamento. Quando veio essa notícia triste e imprevisível. Agora estou no Maranhão, mas estive lá no velório dele e de uma amiga que faleceu anteontem também, então tem sido uma semana dura, difícil — lamenta Zeca.
O último parceiro de Lô Borges se somou às homenagens que tomaram a internet desde a manhã de segunda-feira (3). A postagem de despedida de Zeca já ultrapassa 64 mil curtidas.
— O Lô está eternizado nessas canções incríveis, únicas, de harmonias estranhas e líricas que nos levam para uma atmosfera de sonho. Um cara realmente fantástico, único no mundo, vai deixar um vazio, daqueles impossíveis de preencher. Cada um desses veteranos que se vai é uma matriz da música brasileira que talvez percamos para sempre. Estou decepcionado com a notícia, entristecido, mas sei que ele já tem a eternidade. Para mim, é uma honra e, ao mesmo tempo, uma pena ter sido o último parceiro dele em vida, de ver o lançamento de um disco em parceria comigo. A obra está aí e vai permanecer — conclui Zeca Baleiro.
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