Curiosidades
Grafite temporário em catedral milenar na Inglaterra provoca críticas de Elon Musk, JD Vance e líderes religiosos: 'sacrilégio'
Instalação temporária em Canterbury, criada com comunidades marginalizadas, reacende debate sobre fé, arte e inclusão

Uma instalação artística na Catedral de Canterbury, um dos templos mais antigos e simbólicos da Inglaterra fundada em 597 d.C, desencadeou uma onda de críticas internacionais — entre elas as do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e do empresário Elon Musk. A obra, intitulada “Ouçam-nos”, cobre temporariamente as paredes da catedral com frases vermelhas em estilo grafite que questionam a fé, a moral e a própria relação entre humanidade e divindade.
Quem é ela?
Saiba mais:
A intervenção, que será inaugurada nesta sexta-feira (17) e ficará até janeiro, é assinada pelo poeta Alex Vellis e pela curadora Jacqueline Creswell, que desenvolveram o projeto em parceria com comunidades marginalizadas, incluindo grupos punjabis, pessoas neurodivergentes, integrantes da diáspora negra e LGBTQIA+. O trabalho coletivo buscou responder a uma única pergunta: “O que você perguntaria a Deus?”. Das respostas nasceram dezenas de frases, agora dispostas nas colunas e nas paredes do edifício gótico — embora, como destacou a administração da catedral, tratem-se de adesivos removíveis e não tinta aplicada à pedra histórica.
De acordo com Creswell, o objetivo é transformar o espaço religioso em um local de escuta e inclusão, conectando a herança espiritual de Canterbury às vozes contemporâneas que muitas vezes não encontram espaço de expressão. “Queríamos criar pertencimento e abrir o diálogo sobre o que significa fé no mundo atual”, afirmou à ARTnews. Vellis acrescentou à BBC News que o projeto “é sobre comunidade, voz e mudança”. O reitor da catedral, David Monteith, defendeu a iniciativa, dizendo que ela “constrói pontes entre culturas, estilos e gerações”.
Polêmica
A proposta, porém, encontrou forte resistência. JD Vance criticou o projeto em uma postagem na rede X, afirmando ser “irônico homenagear comunidades marginalizadas tornando um edifício histórico realmente feio”. Elon Musk foi além: “A propaganda antiocidental fez com que muitas pessoas no Ocidente quisessem suicidar sua própria cultura”, escreveu. Nas redes sociais, alguns usuários descreveram a instalação como “sacrílega” e “embaraçosa”, enquanto outros aplaudiram o gesto de abertura e reflexão espiritual.
As reações mais duras vieram de dentro da própria Igreja da Inglaterra, que vive um período de tensões internas após a nomeação de Sarah Mullally como Arcebispa de Canterbury e suas posições mais progressistas. O comentarista David Roseberry, escrevendo para o The Anglican, afirmou que a exibição “revela uma crise espiritual profunda” e acusou a igreja de substituir a fé pela dúvida. O reverendo Marcus Walker, em entrevista ao The Telegraph, classificou a instalação como “uma perda do senso do sagrado”, e a apresentadora Emma Trimble, da GB News, disse que a catedral “tornou o sagrado profano”.
Em resposta, a administração de Canterbury lembrou que o edifício abriga inscrições antigas feitas por pedreiros e peregrinos ao longo dos séculos — um testemunho de que o diálogo entre fé e expressão popular faz parte da própria história do local, reconstruído em 1067. Apesar da polêmica, a programação do projeto segue adiante, com debates públicos e visitas guiadas sobre o cruzamento entre arte, fé e contemporaneidade.
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