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USP elege novo reitor nesta quinta-feira entre três candidaturas de situação

Médico Aluisio Segurado venceu consulta informal e é favorito; votação definirá lista tríplice para escolha do governador

Agência O Globo - 27/11/2025
USP elege novo reitor nesta quinta-feira entre três candidaturas de situação
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A Universidade de São Paulo (USP) elege nesta quinta-feira seu novo reitor a partir de três chapas de situação: todos os candidatos ocupam cargos na atual gestão. A eleição definirá a ordem dos nomes na lista tríplice que segue para o governador nomear o vencedor.

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O médico Aluisio Segurado, apoiado pelo atual ocupante do cargo, Carlos Carlotti Jr., é considerado o favorito no pleito. Ele venceu uma consulta informal à comunidade, realizada há duas semanas, que recolheu 10 mil votos.

A eleição ocorre numa assembleia composta pelo Conselho Universitário e outros órgãos administrativos da entidade, somando cerca de 2 mil votantes. É um grupo relativamente restrito dentro da maior comunidade universitária do país, que abriga mais de 120 mil pessoas, entre alunos, docentes e funcionários. A eleição acaba às 18h e a USP estima ter o resultado às 20h.

Segurado, que é pró-reitor de graduação na gestão Carlotti, disputa o cargo com a arquiteta Ana Lanna, atual pró-reitora de diversidade e inclusão, e com o engenheiro Marcílio Alves, diretor-executivo da Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP).

A eleição ocorre por sistema eletrônico via internet, que recolherá os votos das 9h às 18h. O nome do vencedor deve ser conhecido no mesmo dia. A lista tríplice segue depois para o governador Tarcísio de Freitas escolher quem lhe convier entre os três. Como não há uma quarta chapa, todas aquelas que disputam devem ser incluídas.

Entre os assuntos mais debatidos na campanha realizada ao longo deste ano, um dos temas dominantes foi a reforma tributária, que corre o risco de tirar a previsibilidade de receita da USP quando o ICMS for substituído por outro tributo. Hoje o orçamento da universidade está vinculado a uma cota de cerca de 5% da arrecadação em São Paulo. A administração interna também esteve entre os temas mais discutidos, bem como a internacionalização da USP e a atualização tecnológica.

Propostas de campanha

A chapa "USP Pelas Pessoas", com Segurado na ponta e a engenheira Liedi Bernucci como vice, fez sua campanha com foco mais voltado para aprimorar a estrutura de docência. Propôs, entre outras coisas um curso de mentoria para novos professores e um código de conduta para uso de inteligência artificial (IA) no ambiente acadêmico. A dupla propõe também um escritório especial da universidade para fomentar o apoio da ciência às políticas públicas no estado e no país.

— Buscamos uma gestão capaz de levar ações firmes de liderança, mas sempre com muita escuta e participação, uma liderança de natureza serena, uma busca de consensos, uma busca harmoniosa de parcerias e que seja capaz também de incorporar aquilo que temos como cerne, a responsabilidade e a experiência acumulada em tantos anos na nossa universidade — disse Segurado.

A chapa "Nossa USP", liderada por Lanna, é a que venceu a consulta entre o grupo dos estudantes, ficando em segundo na contagem geral. Entre as promessas da arquiteta e de seu candidato a vice, o químico Pedro Vitoriano, estão uma nova reforma no conjunto residencial da USP e a criação de planos de carreira mais previsíveis para docentes e funcionários. Lanna usou parte do espaço do primeiro debate com seus adversários para falar de independência acadêmica.

— Defendemos uma autonomia da universidade que não se limite à dimensão financeira, que está mais em evidência nesse momento em função da reforma tributária e das novas bases de imposto — afirmou, referindo-se ao fim do vínculo de cota do ICMS com o orçamento da universidade. — Precisamos falar também de autonomia administrativa, de autonomia acadêmica e da autonomia para fazermos as nossas políticas e não sermos pegos sucessivamente surpreendidos com mudanças, com leis e com regramentos que afetam as nossas próprias políticas.

A terceira colocada na consulta à comunidade foi a chapa "USP Novo Tempo", encabeçada por Alves, tendo a administradora Sílvia Casa Nova como vice. Os dois prometem reformas de gestão na USP para melhorar sua situação financeira. Estão em sua pauta uma ampliação de cursos pagos e parcerias com empresas via fundação, mas sem abrir mão do conceito de universidade pública e gratuita. A chapa defende medidas para agilizar o fluxo interno de recursos, como a criação de um cartão para docentes, e promete liderança acolhedora.

— Eu entendo que, ao pensar nas pessoas, a gente estaria fazendo uma gestão que vai dar menos problemas de saúde mental — diz Alves. — Nós vamos abordar os problemas de saúde física, vamos melhorar a internacionalização, e vamos melhorar a graduação, que precisa de tanta interação: essa vida no campus que a gente defende tanto como sendo importante e que precisa ser fortalecida.

Debate cordial

Além do debate entre os candidatos no campus da USP na capital de São Paulo, foram realizados outros dois, nos campi de Ribeirão Preto e São Carlos. Nas três ocasiões os candidatos interagiram de forma bastante cordial, às vezes trocando elogios entre si, e com críticas colocadas sempre de maneira muito sutil.

As mais de sete horas de debate entre os reitoráveis estão disponíveis no canal da Sala do Conselho Universitário da USP no Youtube. Os programas completos de cada uma das chapas estão disponíveis em sites criados pelas equipes de campanha: , e .