Cidades
Entre bastidores e WhatsApp, quem governa Palmeira?
Prefeitura reage a críticas com nota interna para secretários, mas obras inacabadas e ausência de avanços reais sustentam insatisfação popular
Na tentativa de conter a crescente onda de críticas à gestão da prefeita Luísa Júlia Duarte (Tia Júlia), o secretário municipal de Comunicação, Henrique Romero, distribuiu na terça-feira (10) uma cobrança direta aos secretários municipais, exigindo "mais colaboração" para divulgar pautas positivas do governo. A orientação teria partido do secretário estadual de Relações Federativas, Júlio Cezar, ex-prefeito e sobrinho da atual gestora, que, embora ocupe hoje um cargo no governo estadual, segue comandando politicamente a Prefeitura de Palmeira dos Índios à distância, com atuação informal via WhatsApp.
No texto obtido com exclusividade pela Tribuna do Sertão, Romero afirma que a prefeita está sendo alvo de “ataques injustos” e convoca os secretários a enviarem com urgência ações positivas para “proteger o legado” da gestão. Entre os exemplos sugeridos por Júlio Cezar estão: a conclusão da Avenida Norte/Sul, a entrega da Escola Elói Barbosa e o novo Hospital Regional do Médio Sertão.
No entanto, o conteúdo da nota contrasta frontalmente com a realidade vivida pela população e as críticas legítimas feitas por cidadãos, servidores públicos e pela imprensa local independente. As críticas não são infundadas — elas refletem problemas reais, como:
• Obras inacabadas, a exemplo do Mercado da Carne, prometido desde gestões anteriores;
• Falta de transparência nos contratos e processos seletivos, com denúncias de apadrinhamento político;
• Ausência de entregas novas, com a maioria das ações citadas sendo continuação de projetos da gestão passada de Júlio Cezar;
• Serviços essenciais em colapso, como as filas intermináveis no Hospital Santa Rita e a precariedade em postos de saúde e escolas.
Ao invés de enfrentar as críticas com diálogo e resultados concretos, a gestão opta por blindagem institucional e narrativa de perseguição. Mais grave ainda é o fato de que, mesmo ocupando formalmente o cargo de prefeita, Luísa Júlia Duarte mantém um perfil protocolar, enquanto as decisões estratégicas seguem orientadas politicamente por Júlio Cezar, que articula e direciona ações mesmo à distância.
A tentativa de silenciar o debate por meio de uma "mobilização positiva" institucional revela o desconforto da gestão diante do desgaste crescente. Ao recorrer a uma rede de defesa política em vez de resultados concretos, a administração perde uma oportunidade valiosa de reconectar-se com as demandas reais da população.
Enquanto isso, a imprensa independente e a população seguem fazendo o papel que lhes cabe: fiscalizar, denunciar, cobrar. Porque comunicação institucional não é propaganda. É prestação de contas. E, neste quesito, ainda há muito o que se explicar.
Mais lidas
-
1DEFESA E TECNOLOGIA
Caça russo Su-35S é apontado como o mais eficiente do mundo, afirma Rostec
-
2CIÊNCIA E ESPAÇO
Erupções solares intensas agitam o Sol e podem impactar a Terra
-
3INSPIRAÇÃO NA VIDA REAL
Ator de 'Tremembé' revela inspiração para personagem Gal
-
4ABUSO DE AUTORIDADE E AMEAÇA
Escândalo em Alagoas: Secretário Julio Cezar ameaça usar o poder do Estado contra subtenente do Exército
-
5MUDANÇA INTERNA
Nubank enfrenta protestos e demissões após anúncio de regime híbrido