Cidades
Marechal: No Dia do Índio, Ifal discute conflitos por terras no Brasil
20/04/2016
15 de janeiro de 2016. Um índio morre num hospital de Belo Horizonte, em Minas Gerais, depois de ser espancado enquanto dormia em uma rua do centro. Morreu sem ser identificado, pois seus pertences haviam sido roubados. 30 de dezembro de 2015. Vitor, uma criança Kaingang de dois anos teve a garganta perfurada com estilete enquanto era alimentado pela mãe. Ambos estavam, juntos com outros indígenas, em frente à rodoviária Imbituba, no litoral de Santa Catarina, onde se abrigavam em meio às jornadas vendendo artesanato para sobreviver.
Assassinatos como esses e os permanentes conflitos por terras no Brasil fazem do 19 de abril um dia para não ser comemorado. Estabelecida oficialmente como o “Dia do Índio”, a data, na verdade, representa a memória da resistência dos povos indígenas brasileiros diante de séculos de massacres. É o que defende Luana Pommé, da coordenação do coletivo estadual da Educação do Movimento Sem-Terra em Alagoas.
“Hoje é um dia para lembrar a resistência indígena no país. Colocam os índios como invasores das terras de onde foram expulsos séculos atrás, terras que ainda não foram sequer demarcadas. A disputa por terras ainda não está resolvida no Brasil, os conflitos ainda são gritantes”, explicou Luana nessa terça-feira (19), durante a 3ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária, realizada no Instituto Federal de Alagoas (Ifal) em Marechal Deodoro.
Luana foi convidada ao evento para falar sobre Educação do Campo e Educação Popular, ao lado do estudante de Gestão Ambiental Matheus Souza e do professor de História Fabiano Duarte. “Estamos acostumados a ver as escolas utilizarem esse dia para representar o índio como o homenzinho vestido com penas. É o estereótipo do índio segundo nossa narrativa histórica. Mas quantos livros de história você conhece que foram escritos por índios?”, questiona o professor Fabiano.
Críticas ao programa Escola Livre
No debate sobre Educação, Luana Pommé também criticou o Projeto de Lei que institui, no âmbito do sistema estadual de ensino, o Programa “Escola Livre”. O projeto, que defende a neutralidade política, ideológica e religiosa dentro da sala de aula, foi vetado pelo governador Renan Filho por inconstitucionalidade, mas voltou para nova votação da Assembleia Legislativa de Alagoas.
Para Luana, a ideia de que um professor pode ser neutro em sala de aula é impraticável. “Todo professor é um sujeito em sala de aula. E como todo sujeito, ele tem as suas posições. Toda estrutura de conhecimento segue uma linha. Como é, por exemplo, que eu conto a história da ditadura de forma neutra? Há quem ache que não houve torturas naquela época. Esse projeto acaba proibindo a reflexão dos alunos sobre os temas apresentados na escola”, defende.
O evento, que é aberto ao público, também exibiu um documentário sobre os 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em abril de 1996, quando 19 sem-terra foram mortos pela Polícia Militar do Pará.
A 3ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária é organizada pelo Diretório Acadêmico Marcos André (Dama), em conjunto com a Coordenação Nacional dos Estudantes de Gestão Ambiental (Conegea) e continua nessa quarta-feira (20) com palestras sobre permacultura e o uso de tecnologias limpas para obtenção de energia.
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