Brasil
Governo suspende nomeação para Fundação Palmares
O governo decidiu suspender nesta quarta-feira (11/12) a nomeação de Sérgio Nascimento de Camargo para a presidência da Fundação Cultural Palmares. O motivo seria uma série de publicações suas nas redes sociais minimizando temas como o racismo e a escravidão, que geraram indignação no Brasil, sobretudo entre a comunidade afro-brasileira.
Camargo iria chefiar o órgão de promoção da cultura afro-brasileira integrado a Secretaria Especial da Cultura. Ele havia feito uma série de declarações polêmicas sobre a situação dos afrodescendentes no Brasil antes mesmo de ser nomeado.
“A escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes. Negros no Brasil vivem melhor que os negros na África”, afirmou certa vez. Camargo também criticou a postura das comunidades em relação ao racismo no Brasil. “Racismo real existe nos Estados Unidos. A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda”, declarou. Ele também havia dito que fortalecer o movimento negro no Brasil seria o mesmo que fortalecer a esquerda.
O jornalista, também de ascendência afro-brasileira, chegou a dizer que o Dia da Consciência Negra “precisa ser abolido nacionalmente por decreto presidencial”. Em sua opinião, a data “causa incalculáveis perdas à economia do país, em nome de um falso herói dos negros (Zumbi dos Palmares, que escravizava negros) e de uma agenda política que alimenta o revanchismo histórico e doutrina o negro no vitimismo”.
Em outra publicação no dia 3 de novembro, ele afirmou que sentia “vergonha e asco da negrada militante. Às vezes, pena. Se acham revolucionários, mas não passam de escravos da esquerda”.
Logo após a nomeação de Camargo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não o conhecia pessoalmente. Pouco antes da suspensão da indicação, ele disse que a escolha do novo presidente da Fundação Palmares teria sido “excelente”. “Não tem essa história de branco e negro. Somos todos iguais e ponto final”, disse o presidente, citado pelo portal da revista Veja.
A nomeação estava suspensa desde o dia 4 de dezembro por determinação da Justiça Federal do Ceará, que considerou ter havido “excessos” nas declarações de Camargo.
Entre os exemplos citados pelo autor da denúncia contra o jornalista constam comentários atribuídos a ele, nos quais teria dito que “branco tem que meter um preto militante na cadeia por crime de racismo”, ou quando defendeu a morte da vereadora Marielle Franco, dizendo que “só assim ela deixará de encher o saco”.
O governo havia recorrido da decisão, mas acabou optando por suspender a nomeação, conforme foi publicado no Diário Oficial da União, juntamente a decisão que tornou sem efeito a nomeação da arquiteta Luciana Rocha Feres para a presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
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