O Caminho da Serenidade

07/10/2025
O Caminho da Serenidade
- Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Serenidade. Eis a palavra que deveria ecoar, em uníssono, nos corações daqueles que hoje se veem mergulhados na disputa das terras em Palmeira dos Índios. Quando a raiva fala mais alto, quando a indignação toma conta do peito, é fácil perder de vista aquilo que importa: o futuro, a reconstrução, a vida que segue.

Não ignoro a dor, nem a revolta legítima. Sei que muitos enxergam nas indenizações propostas um valor distante daquilo que julgam justo, um número frio que não traduz anos de sacrifício, suor e pertencimento. Sei que é duro ouvir das autoridades que este é um caminho “irreversível”, um problema “incontornável”. Mas se assim o é, talvez reste a nós a tarefa de transformar o inegociável em chance de recomeço.

E aqui entra a serenidade. Serenidade não como resignação, mas como força. O acordo é sempre o melhor caminho. Porque o acordo abre portas, enquanto a guerra prolongada só traz desgaste e incerteza. Receber a indenização, e se for o caso questioná-la legalmente, é buscar a reparação com inteligência. Recorrer, impugnar, reclamar do valor ofertado — tudo isso pode e deve ser feito. Mas não na lógica da guerra, e sim na lógica da conciliação.

Aceitar a realidade não é aceitar a injustiça. É escolher lutar de outro modo. O litígio prolongado é perda de tempo, e o tempo, esse sim, é insubstituível. É preciso lembrar: todo acordo é sempre melhor do que uma longa e amarga contenda.

Que a serenidade seja, pois, a chave para atravessar essa travessia. Não é fácil. Não é indolor. Mas é, sem dúvida, o único modo de transformar a imposição em oportunidade, a perda em semente de um novo tempo. O acordo é sempre o melhor caminho.

Vladimir Barros

Vladimir Barros

É advogado militante, formado pela Universidade Federal de Alagoas e pós-graduado em Direito Processual e Docência Superior. Membro efetivo da Associação Alagoana de Imprensa (AAI) e da Associação Brasileira de Imprensa; Editor do Jornal Tribuna do Sertão. É membro da Academia Palmeirense de Letras e fundador da Rádio Cacique FM.