Por que só no Rio?

27/11/2017

O Rio de Janeiro continua lindo, nas palavras cantadas na música de Caetano Veloso, porém a violência urbana, a explosão das drogas e os confrontos entre facções rivais e também com a polícia, têm tornado os cariocas reféns em suas casas e o medo é hoje a palavra de ordem. O turismo foi afetado brutalmente e muitos hotéis fecharam diante da escalada do terror provocado por essa mesma violência que atinge todas as capitais e muitas cidades do interior.

Mas, pobre do Rio de Janeiro. Não bastassem as agruras do “estado de guerra” em que vive há anos é também atingido por um dos maiores esquema de corrupção de sua história. Os cofres públicos secaram, o funcionalismo deixa de receber seus salários, os investimentos somem e ninguém quer fazer negócios com a administração pública, com medo de levar calote.

O quadro no Rio de Janeiro é a mostra mais emblemática da corrupção brasileira. Nada menos que três ex-governadores estão presos, além de deputados, conselheiros do Tribunal de Contas, secretários e agentes públicos acusados de práticas ilícitas com o dinheiro que deveria estar empregado em escolas, hospitais e outras obras importantes para a população.

Mas nisso tudo um fato me chama a atenção: qual a diferença entre as leis e a justiça do Rio de Janeiro com relação a Alagoas?

Já estamos cansados de constatar noticias sobre corrupção e mesmo denúncias do Ministério Público Estadual e também de Procuradores Federais apontando para desvios de conduta que atingem o próprio governador, ex-governadores, senadores, deputados federais e estaduais e simplesmente nada acontece de novo. Há casos até de condenação em segunda instância, mas simplesmente tudo continua na mesma. Aqui, diferente dos outros, a Polícia Federal não é levada a sério e suas intimações servem de gracejos para políticos que se negam a prestar depoimentos quando convocados.

Afinal quando iremos ver nossos suspeitos na cadeia e devolvendo os milhões subtraídos dos cofres públicos (do bolso do povo). Viva a justiça do Rio de Janeiro.

Pedro Oliveira

Pedro Oliveira

Escritor e jornalista com vasta experiência em análise política. Autor dos livros “Arquivo Aberto/Crônica de um Brasil Corrupto”, “Brasil 2006 A História das Eleições” / “Manual Prático de Licitações e Contratos” “Resumo Político - Crônicas, histórias e os bastidores da política brasileira”. Articulista político da Tribuna do Sertão, Jornal Extra e Blog Resumo Político. Pós graduado em Ciências Políticas pela UnB, Presidente do Instituto Cidadão e Membro Coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). Atuou no Diário de São Paulo, Revista NÓS ( SP), Diários Associados ( Jornal de Alagoas), Jornal de Hoje. Fundador do Jornal Opinião e do Correio de Alagoas, este junto com o jornalista Pedro Collor de Mello.