Festa no São José
- Foto: Procissão da Senhora do Desterro. Serra de São José. Fonte; FB/MariadoAmparo
Junho passado sentei-me no banco do carona do carro da Edilene, envolto em meus andrajos e muito à vontade, e rumamos para em direção à neblina que encobria as serras de Palmeira dos Índios. A cada curva tinha, a Edilene, histórias e causos para contar, desde os tempos em que ela brincava na rua, quebrando os paradigmas dessa sociedade machista.
Tal uma guia aplicada, não houve lugares, fatos e pessoas que não fossem lembrados até atingirmos a Serra de São José, berço da Família Torres e de cuja terra forjou-se minha cicerone. Na ida topamos com uma arapiraca de 100 anos, de onde raízes perfuravam a terra até muito depois que a tecnologia fez do sítio um lugar globalizado.
Quando enfim adentramos as porteiras do tempo e do espaço, onde mais histórias surgiram e de onde desce regularmente minha guia, pude ver as crônicas nas cascas das árvores, a poesia do inverno na serra e a nossa eterna incapacidade de ver a beleza na pura e simples natureza campestre. E lá estava eu, sendo apresentado a todos, muito tranquilamente, como se eu sempre tivesse feito parte da paisagem. E assim como as estações são bem-vindas, também fui eu.
E de uma tacada só, incumbidos de árdua e divertida tarefa, arrancamos mandioca do seio da terra, extirpamos o milho, com pé e tudo, ganhamos um quadro de Cristo e ainda conheci o que se desconhece quando nunca se sai de casa por preguiça.
Tal qual um cenário permanente, estive também sentado na calçada da igrejinha simpática da Serra. Merminho o cenário de O Alto da Compadecida, filme baseado na obra de Ariano Suassuna. E com cruzeiro e tudo!
Final de semana passado houve a festa da padroeira da Serra de São José - Senhora do Desterro. Não fui. Mas ecoou até cá embaixo, na terra dos índios mortos sob a palmeira, os efeitos de tão esperada festa. Minha guia foi com toda a família nos dois dias de festa, e nos muitos de preparação, que, pelas fotos e pelo burburinho, valeram a pena.
É a Palmeira que Palmeira dos Índios desconhece.
Depois subo lá, à noite, para uma confraternização, ou durante o dia, para olhar o que deixei passar. Ou, quem sabe, na próxima festa da Senhora do Desterro eu também siga em procissão - quem sabe?!
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Foto: Procissão da Senhora do Desterro. Serra de São José. Fonte; FB/MariadoAmparo[/caption]
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