Obra de arte: Dona Flor e seus dois maridos
08/07/2014
Em uma dessas madrugadas aí estava jogando conversa fora quando, de repente, começou no Corujão a adaptação cinematográfica de uma das obras de um dos maiores escritores do Brasil, quiçá do planeta: Dona Flor e seus dois maridos, do baiano Jorge Amado.
O filme conta com José Wilker e a eterna queridinha das obras de Amado, Sônia Braga, entre outros grandes intérpretes. No entanto, a maior estrela do filme não são os atores, a trilha sonora perfeita, de Chico Buarque, nem a bela Bahia – é a história!
Dona Flor e seus dois maridos, o livro, é a comprovação de que o amor é incandescência, fogo e vulcão que transpõe a moralidade e a pessoalidade do egoísmo. Dona Flor é a personificação da mulher que ama e que se doa, que quebra os preceitos morais que a prende aos dogmas sociais; Vadinho é o cafajeste com o qual a mulher, até mesmo nos dias de hoje, perde-se loucamente nos braços da “desgraça”, do amor, do sexo e da aceitação tácita que torna a vida ora feliz, ora difícil. Teodoro é a segurança que garante uma casa, um lar.
Juntos o casal forma a representação do que realmente ocorre entre os silêncios, ou os gemidos, dentro de quatro paredes e a publicidade a cargo da língua do povo, na rua.
E a adaptação ilustra bem tudo isso acrescida da religião afro, da raiz que move a todos: os Orixás – aceitando você ou não. E é nesse ponto, onde a batalha dos Orixás pela permanência de Vadinho junto com Dona Flor não é mostrada, que o filme perde a latência da cultura popular, mas não perde a riqueza da obra.
É claro que o tempo revelou autores que retrataram o amor sob diversas circunstâncias. Porém, nenhum deles chegou perto de traduzir o sentido do amor como Jorge fez. O amor que aceita a safadeza, a subjugação, a perversão, a divisão, a doação e a tranquilidade de viver entre um sentimento avassalador e um outro, calmo. Os dois maridos de Dona Flor é a personificação do amor sob duas formas diferentes que podem conviver sob um mesmo teto, ou em um mesmo coração.
Sinto muito quem adora melosidade, mas o baiano Amado quebrou esse paradigma. E o brasileiro que não conhece a obra, escrita e adaptada, não sabe o que é obra de arte literária.
Em: http://rafaelarielrodrigo.blogspot.com.br/
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