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Quero minhas mãos dentro do mundo

Rostand Lanverly 17/11/2025
Quero minhas mãos dentro do mundo
Rostand Lanverly - Foto: Arquivo/Facebook

Há poucos dias encerrou a 11ª Bienal do Livro de Alagoas, experiência literária indescritível, onde expositores, leitores e autores, deram o melhor de si, para fortalecer evento que recebeu milhares de visitantes, todos movidos pela força das palavras, amor aos livros e crença de que a cultura é o caminho mais belo da transformação.

Para mim, contudo, três momentos se destacaram como marcos de emoção e aprendizado. O primeiro foi assistir Nelson Firmino, que conheci meses atrás durante vistoria a obra de construção civil em Rio Largo, pedreiro por profissão e escritor por vocação, apresentar ao mundo seu livro, “Entre linhas e vidas”, prova evidente de que o talento não reconhece barreiras sociais, apenas a grandeza da alma. 

O segundo, aplaudir a peça teatral protagonizada por reeducandos do sistema prisional alagoano (projeto livros que libertam), que deram vida à obra “Doce mamão macho”, de Benedito Ramos, e mostraram que a arte pode florescer mesmo nos terrenos mais áridos da existência.

E o terceiro, talvez o mais simbólico, aconteceu durante a mesa-redonda patrocinada pela Academia Alagoana de Letras, quando o Presidente da Academia Carioca de Letras, Sergio Fonta, poetizou com a sabedoria dos que compreendem o verdadeiro sentido da vida: “Não quero mais o mundo em minhas mãos, quero minhas mãos dentro do mundo.”

Esta frase ecoou como convite à humildade, à integração e ao verdadeiro conhecimento, aquele que nos faz parte do todo, pois carrega em si sabedoria rara e profunda, revelando o desejo de pertencer, e não de possuir; de viver, e não apenas controlar, entendendo que o verdadeiro poder não está em segurar o planeta, mas em sentir o pulsar da vida através dele.

A 11ª Bienal do Livro de Alagoas encerrou, sim, mas deixou aberta porta luminosa para o futuro, fortalecendo a certeza de que o saber é, sem dúvida, a chave do sucesso e que, enquanto houver leitores, escritores e sonhadores, a palavra continuará sendo o alicerce mais sólido da humanidade.