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Mas eu sou assim

Rostand Lanverly 06/10/2025
Mas eu sou assim
Rostand Lanverly

Participei, recentemente, de evento ligado à literatura, e ao término de minha palestra, experiente companheiro comentou não entender como eu podia, simultaneamente, correr na praia, escrever artigos, colocar meus netos nas costas e com eles brincar em parques de diversão, desenvolver atividades profissionais diversas, além de viver sorrindo e cumprindo com minhas atribuições. 

Escutei atentamente, e, após, questionei-o sobre o porquê das observações, obtendo como resposta: “Você deveria ser mais formal e sisudo”. Simplesmente, falei: “mas, eu sou assim!”. 

Naquele instante recordei realidade semelhante, vivenciada na Universidade Federal de Alagoas, quando, aos vinte e quatro anos de idade, através de concurso público, iniciei a carreira docente, lecionando disciplinas para discentes de engenharia e arquitetura. Sempre lembro de haver merecido críticas, de alguns colegas do magistério, por valorizar os alunos em demasia.  

Recordo, sobretudo, quando o inesquecível Carlos Pontes de Miranda, meu ex-professor, e, então, colega de cátedra, aproximou-se de mim e falou: Rostand, continue como você é, não mude em nada... Para ser sério, não precisa viver sério. Para ser respeitado, não necessita usar paletó e gravata.... Para ser lembrado, você carece apenas de ser responsável. 

O tempo passou. Hoje, apesar dos cabelos cor de prata, meu comportamento perante as coisas da vida continua o mesmo, e  sempre investindo na responsabilidade, nunca deixarei de lado a certeza, de não somente existir uma idade propicia, tanto para a felicidade, o sonhar, fazer planos e ter energia para realizá-los, a despeito das dificuldades, sempre desfrutando de tudo com intensidade, podendo criar e recriar situações e à nossa imagem e semelhança, sorrir, brincar, cantar, dançar e vestir-se com todas as cores...Este  é o presente, tendo apenas a duração de um piscar de olhos. 

O mundo me desculpe, mas continuarei sendo assim, sorrindo sempre, usando calça jeans e correndo diariamente nos calçadões da orla, respeitando o próximo, assumindo novas responsabilidades, com coragem e disposição, colocando-me a favor do cotidiano, na certeza de que a vida continuará me apoiando.