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O pior dos piores
Aprender a ler é uma dádiva que, infelizmente, nós não damos o devido valor, como bem nos lembra Karl Kraus.
Ele diz isso e, para infelicidade geral da nação, os fatos confirmam o quão grande é esse desleixo.
A sexta edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, nos mostra que o número de leitores em nosso país vem decrescendo, ano após ano, a passos largos.
E, para a surpresa de zero pessoas, a quantidade de horas que são gastas com entretenimento digital, vem crescendo de forma avassaladora; e esse crescimento não é constatado apenas entre os jovens, então, não me venham com aquela pose afetada de moralista cansado.
Na verdade, o desprezo do brasileiro pelo conhecimento é uma velha praga que a muito tempo infecta a alma nacional e que, na atualidade, ao que tudo indica, degringolou de vez.
No fundo, para a maioria das pessoas, a leitura foi apenas uma enfadonha obrigação escolar que era cumprida para a conquista de uma nota e que, logo após a obtenção dos tais diplomas, era abandonada de vereda.
É bom lembrar que não estamos nos referindo aqui à leitura mecânica e nervosa de mensagens no Whatsapp, nem a postagens nas redes sociais ou de notícias sensacionalistas. Nada disso.
A leitura é uma arte cujo os rudimentos nós, em algum momento da vida, aprendemos; rudimentos esses que precisam ser expandidos, lapidados, para podermos galgar uma maior amplitude para a nossa capacidade de compreensão.
Ora, quando aprendemos os rudimentos da arte da costura, creio que não nos contentamos apenas em saber pregar botões, não é mesmo?
Quando aprendemos as técnicas básicas de uma arte marcial, não é suficiente sabermos apenas como os movimentos devem ser feitos; é necessário que os pratiquemos com constância para que eles sejam integrados em nós.
Com a leitura não é diferente.
Se essa arte não é devidamente praticada por nós, dificilmente ela se integrará de forma harmônica em nossa personalidade.
Se não procuramos nos aventurar na leitura de obras que exijam uma maior atenção, nossa capacidade de discernimento corre o sério risco de caducar, tornando nosso entendimento inócuo e nossos juízos insossos.
É isso o que ocorre quando não praticamos zelosamente uma aquilatada arte. Ou, como diria Mário Quintana, agindo assim, tornamo-nos o pior dos analfabetos; aquele que sabe ler, mas não lê.
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