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Alfredo Gaspar de Mendonça

A primeira impressão que guardo do Professor Alfredo Gaspar de Mendonça é de quando, em março de 1956, assisti à Aula de Sapiência que proferiu, na Faculdade de Ciências Econômicas. Recém aprovado no vestibular, vaidoso por haver conquistado o primeiro lugar, considerava-me, tolamente, “dono” da sabedoria humana. Fui “esmagado” pelo ecletismo do conhecimento do eminente Mestre. Fiquei dominado pelo seu poder de comunicação. Desejei, naquele instante, ser professor e influenciar, intelectualmente, a juventude da minha Terra.
Feições aristocráticas, altura mediana, esbelto, impecavelmente vestido, voz macia e agradável, causava uma forte impressão em todos e uma atração especial junto à maioria de suas alunas.
Ensinou-nos Ciências das Finanças no Curso de Economia. Suas aulas tornaram-se inesquecíveis à nossa turma. O silêncio com que o ouvíamos traduzia o magnetismo de sua personalidade.
Prefeito de Penedo, na Interventoria do General Ismar de Góes Monteiro; secretário geral da prefeitura de Maceió; promotor público; professor universitário; desembargador; Presidente do Tribunal de Justiça, sempre pontificou em todos os cargos que exerceu.
Aposentou-se aos setenta anos, da Universidade Federal e do Tribunal de Justiça. O resultado do pleito de novembro de 1982 estava definido. Eleito Governador de Alagoas, convidei-o para ser o Consultor Geral do Estado. Foi o primeiro membro da nossa equipe a ser anunciado formalmente. A repercussão, como não podia deixar de ser, foi a melhor possível. Em geral, a escolha de secretários de Estado só agrada ao próprio ou a seus amigos e familiares, mas a do professor Alfredo Gaspar conseguiu o apoio unânime da sociedade alagoana.
Somos surpreendidos com a notícia do enfarte que o professor Alfredo sofrera. Não era o primeiro e estava superando a fase crítica. Ficamos preocupados, porém esperançosos. Lamentavelmente, seu coração não suportou.
A última vez que nos vimos foi em onze de janeiro de 1983, no PRONTOCOR, à véspera de sua morte. Fui me despedir dele, pois no outro dia viajava ao Rio de Janeiro de onde pegaria um avião para Tóquio. Conversamos, aproximadamente, uma hora. Trouxe-me sua preocupação com a situação financeira do Brasil, analisou a formação de nossa sociedade, as forças que influenciaram o caráter do povo brasileiro, oferecendo idéias para minimizarmos os efeitos negativos da crise em nosso Estado.
Era a sabedoria, a sensatez e a prudência em pessoa. Alagoas perdeu uma de suas maiores culturas jurídicas, e o nosso governo, o seu grande conselheiro.
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