Alagoas

Imprensa Oficial destaca parceria que fomenta gastronomia quilombola e inclusão produtiva

Thaíssy Fontan* / Ascom Imprensa Oficial 27/11/2025
Imprensa Oficial destaca parceria que fomenta gastronomia quilombola e inclusão produtiva
Livro da yalorixá e gastróloga Mãe Neide Oyá d’Oxum inspirou o projeto Wá Jeun da Liberdade, financiado pela Fundação Banco do Brasil - Foto: Bruno Soriano / Ascom Imprensa Oficial

Inspirado no livro “Wá Jeun – sabores ancestrais afro-indígenas”, lançado pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, o Centro de Formação e Inclusão Social Inaê firmou parceria com a Fundação Banco do Brasil para desenvolver o projeto ‘Wá Jeun da Liberdade’, que une tradição e valorização da identidade afro-brasileira. 

 

A iniciativa leva aos quilombos uma Tecnologia Social reaplicável, que envolve preservação cultural, geração de renda, cuidado ambiental e fortalecimento do turismo gastronômico a partir da culinária ancestral. A proposta reconhece que a gastronomia quilombola, quando registrada e valorizada, torna-se uma importante ferramenta de transformação social. 

 

O projeto prevê o mapeamento e preservação dos saberes culinários, a capacitação das comunidades e a estruturação de cozinhas comunitárias para produção e beneficiamento de alimentos. 

 

Inclui também o desenvolvimento de produtos gastronômicos, o incentivo ao turismo comunitário e a geração de renda para comunidades quilombolas. Todo o processo será organizado de modo a replicá-lo em outros territórios. 

 

Autora do livro Wá Jeun, a gastróloga e yalorixá Mãe Neide Oyá d’Oxum não esconde a alegria de ver a repercussão que a obra conquistou. 

 

“O Wá Jeun da Liberdade leva a cultura gastronômica quilombola para sete estados do nosso Nordeste. Ele nasceu na cozinha e ganhou asas. Eu sempre digo que o Wá Jeun nasceu do ventre das mulheres do Quilombo dos Palmares, porque foi nelas que me espelhei e me inspirei para criar este projeto. Eu sou muito feliz com esse livro e com tudo o que ele representa”, afirma Mãe Neide, Patrimônio Vivo de Alagoas. 

 

O presidente da Fundação do Banco do Brasil, Kleytton Morais, por sua vez, também esteve na Serra da Barriga, em União dos Palmares, no último dia 20, por ocasião das celebrações em torno do Dia da Consciência Negra. Na oportunidade, ele reforçou a relevância de iniciativas como esta para a sociedade brasileira, salientando o apoio da fundação ao projeto. 

 

“A Fundação Banco do Brasil e a Fundação Cultural Palmares construíram uma parceria cuja abrangência é nacional. Hoje, estamos no território de Palmares, ecoando histórias que partem de Palmares, que são histórias de vida e de cuidado. São histórias que inspiram a vivência, que alimentam a cultura e o significado do povo brasileiro. Então, é com essa perspectiva que elaboramos um projeto diferenciado, uma ação programática de diálogo com as comunidades tradicionais. É a partir dessa escuta ativa que propomos um modelo de desenvolvimento territorial”, discursou Morais, destacando o protagonismo de Mãe Neide Oyá d’Oxum, bem como o apoio da Imprensa Oficial Graciliano Ramos aos autores locais.  


 

Diário de uma Mãe de Santo vai virar filme 

 

E outra obra da yalorixá publicada pela Imprensa Oficial, ‘Diário de uma Mãe de Santo’, vai ganhar uma adaptação em longa-metragem, projeto que nasce do próprio impacto do livro e da força da trajetória narrada por Mãe Neide. 

 

A yalorixá o descreve como ‘um sonho já bem encaminhado e que, agora, torna-se realidade’. 

 

“De início, pensei em desabafar sobre a minha vida, porque nós, mães e pais de santo, somos um arquivo vivo e, por isso, sempre emprestamos nossos ouvidos e nossos ombros. Mas quem nos ouve, quem nos acolhe?”, questiona a escritora. 

 

Para ela, ver sua história nas telas tem um significado profundo. “Essa escrita veio de dentro de mim, veio do meu ventre, e eu faço questão de acompanhar tudo, pedacinho por pedacinho”, salienta a patronesse da 11ª edição da Bienal Internacional do Livro de Alagoas. 

 

O filme, assim como o livro, vem para reafirmar uma narrativa de resistência. 

 

“Eu não desisti. Ganhei coragem de falar, de gritar e de dizer que estou aqui. Sou mulher, luto, tenho meus direitos e meu espaço na sociedade. Esse livro, portanto, traz esperança para todos nós porque aborda o dia a dia de uma mulher negra, periférica, cozinheira e militante. Que a sociedade nos veja com olhos mais sensíveis, porque, muitas vezes, somos invisibilizadas. Que essa história inspire outras mulheres a serem, verdadeiramente, o que elas desejam ser”.

 

*Estagiária sob supervisão