Alagoas
Família assistida pelo HGE se recupera de queimaduras durante preparo de hambúrgueres
Sete de agosto, dia de comemorar o aniversário do primogênito da família. Com muito amor, todos se reuniram à noite na sala de estar para comer, beber e assistir televisão. Entre as opções de comida estava o preparo de hambúrgueres na chapa, uma prática que já era costume.
O que eles não esperavam é que dessa vez um grande susto iria acontecer para ficar eternizado na memória e no corpo de todos. Estava tudo indo bem, até que, no último hambúrguer a ser frito, acharam que precisava de mais fogo.
Foi então que a mãe, Evaneide Silva Lima, buscou o galão de etanol para preencher o reservatório indicado pelo aparelho. Aos olhos de todos, não existia fogo. Mas, quando o combustível foi despejado no reservatório, uma grande explosão aconteceu, ferindo seus três filhos, esposo e genro.
“Para mim foi o momento mais desesperador da minha vida, eu jamais poderia imaginar. Foi uma tragédia! Não foi fácil ter que ir para o hospital e ver a minha família toda vivendo aquela situação dolorosa. A minha bonequinha mesmo, toda queimada, para mim foi muito difícil mesmo e ainda está sendo muito difícil vê-los em processo de recuperação, apesar de também me sentir aliviada por ninguém ter morrido”, relata Evaneide Silva Lima.
A “bonequinha” é Maria Letícia Lima de Vasconcelos, de 20 anos, única filha de Evaneide. Ela teve 30% do corpo queimado. Junto a ela estava o seu namorado, que teve 50% do corpo queimado e precisou ser internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O aniversariante Leonardo de Vasconcelos, de 25 anos, e o caçula Lucinaldo de Vasconcelos Júnior, de 17, também precisaram ser levados ao Hospital Geral do Estado (HGE), gerido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), do Governo de Alagoas.
“O meu pai, Lucinaldo de Vasconcelos, de 55 anos, foi o único que não foi conduzido pelos socorristas direto ao HGE. Ele recebeu o primeiro atendimento na UPA [Unidade de Pronto Atendimento] do Tabuleiro do Martins, em Maceió, e depois foi transferido para o HGE.
Todos nós acabamos nos encontrando no Centro de Tratamento de Queimados, mas eu fui a última que recebi alta, pois tive queimaduras mais profundas e precisei de cinco procedimentos cirúrgicos, quatro desbridamentos e um enxerto”, lembra Maria Letícia Lima de Vasconcelos.
Traumatizada, mas aliviada porque toda a família conseguiu se recuperar, a jovem enfatiza: “A gente acha que as coisas nunca podem acontecer com a gente, mas, quando menos se espera, um momento de alegria pode virar um momento de dor. Por isso, é importante que todos se conscientizem e eliminem esse risco de manusear fogo com álcool, gasolina ou querosene, pois isso poderia ter causado uma grande tragédia”, enfatiza Maria Letícia Lima de Vasconcelos.
Centro
O Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HGE é o único em Alagoas exclusivo para o tratamento de queimaduras de média e alta complexidade. Ele possui 16 leitos, sendo cinco infantis, quatro destinados a mulheres, seis a homens e um para precaução de contato.
Ainda tem uma sala de balneoterapia, uma de curativo, uma para procedimentos cirúrgicos, um posto de enfermagem, uma farmácia satélite e um ambulatório. O setor é de acesso restrito, funciona 24 horas por dia, exige medidas de precaução para proteger os pacientes do risco de infecções e conta com uma equipe multidisciplinar especializada.
“Minha família e eu tivemos um excelente atendimento no HGE, desde a Área Vermelha. No entanto, é preciso falar do CTQ. Nós estamos muito agradecidos por tudo o que fizeram com a gente. Toda a equipe nos deu muito apoio, informação, atenção, nos sentimos muito cuidados por eles. Queremos que saibam que somos muito gratos a vocês, pois vocês nos mantiveram vivos para hoje estarmos aqui contando a nossa história”, declara Lucinaldo de Vasconcelos Jr.
A vida após o acidente
Todos os feridos na explosão se recuperam bem das lesões, mas os traumas psicológicos persistem. Letícia sequer quer ver um vídeo gravado por câmera de monitoramento que mostra a luminosidade que saiu de sua casa durante a combustão.
O namorado de Letícia prefere ainda não falar sobre o acidente. Os demais seguem com suas vidas, tentando superar o susto, e todos dividem a mesma decisão de não manusear álcool e fogo juntos.
“Foi uma comemoração tão simples, algo tão rotineiro, como fritar uma carne na chapa, algo que a gente fazia com uma certa frequência, utilizando esse mesmo aparelho e o mesmo tipo de álcool. A gente jamais esperava que algo tão desastroso poderia acontecer. Com certeza agora teremos ainda mais cuidado para evitar que algo assim se repita”, considera Leonardo de Vasconcelos.
Orientações
A cirurgiã plástica do HGE, Anna Lima, reforça para que as pessoas não utilizem líquidos inflamáveis para acender as chapas ou churrasqueira, como álcool, querosene ou gasolina, pois estes líquidos são voláteis e liberam vapores combustíveis que tendem a se concentrar e no momento em que entram em contato com a faísca podem vir a explodir, causando as queimaduras.
Outra orientação é não jogar líquidos quando o fogo já está aceso, isso também pode causar uma explosão.
“E se o acidente acontecer, o melhor é pôr a região da pele queimada à água corrente fria por alguns minutos. Neste mesmo período, deve-se acionar o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e o Corpo de Bombeiros [Militar de Alagoas], se existir o perigo de incêndio. Até que os socorristas cheguem, permaneça apenas na água fria. Jamais use manteiga, pó de café, pasta de dente, teia de aranha ou qualquer outra receita caseira ou sem orientação do médico”, explica a médica.
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