Alagoas
Entre aliados e adversários: Renan se prepara para a eleição mais difícil de sua vida
Neste dia 16 de setembro, Alagoas celebra sua emancipação política. Na mesma data, o senador Renan Calheiros completa 70 anos de vida. Mais do que uma coincidência de calendário, as duas datas simbolizam um momento decisivo: enquanto o Estado renova sua trajetória de autonomia, o senador mais longevo da história alagoana se prepara para enfrentar o maior desafio de sua carreira.
Renan, que chegou ao Senado pela primeira vez em 1994, consolidou-se ao longo de três décadas como um dos políticos mais influentes do país. Presidiu o Senado em quatro oportunidades, foi peça-chave em governos de diferentes espectros ideológicos e sobreviveu a escândalos, derrotas parciais e mudanças de cenário. Contudo, em 2026, ao buscar um quinto mandato, o veterano político se depara com um quadro de rivalidades locais fortalecido e com o peso de erros estratégicos cometidos nos últimos anos.
As fissuras internas e os erros de cálculo
Entre os equívocos apontados até mesmo por aliados está a tentativa de barrar judicialmente a candidatura de Luciano Barbosa à prefeitura de Arapiraca, em 2020. A ofensiva não apenas fracassou, como desgastou a relação com um aliado histórico, que voltou ao comando do segundo maior colégio eleitoral do Estado com força renovada.
Outro erro citado por analistas foi a projeção de Alfredo Gaspar de Mendonça. Ex-procurador-geral de Justiça, Gaspar foi alçado à Secretaria de Segurança Pública com apoio da família Calheiros, ganhou visibilidade e musculatura política e acabou conquistando mandato de deputado federal. Hoje, seu nome circula como potencial adversário de Renan em uma eleição majoritária.
Por fim, a aproximação com o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), vista por alguns como um movimento tático, pode se revelar um tiro no pé. JHC, com forte base conservadora e prestígio junto à juventude urbana, tornou-se um dos nomes mais populares do Estado. Em um eventual enfrentamento, representaria uma ameaça real ao domínio histórico de Renan no cenário eleitoral.
Um tabuleiro em transformação
O cenário de 2026 aponta para uma disputa muito mais fragmentada que em pleitos anteriores. Arthur Lira, ex-presidente da Câmara dos Deputados, ampliou sua influência e pode mobilizar apoios decisivos. Luciano Barbosa fortalece-se como liderança regional em Arapiraca.
Alfredo Gaspar e JHC encarnam a renovação política com base popular. Ao mesmo tempo, há um movimento crescente de setores conservadores e religiosos, que já não orbitam naturalmente em torno de Renan.
Com esse novo tabuleiro, a eleição de 2026 deixa de ser apenas mais uma disputa majoritária: é um teste de sobrevivência política para Renan Calheiros, cuja força sempre residiu na capacidade de articulação e na leitura precisa dos ventos de Brasília e de Alagoas.
O peso da trajetória política do velho senador
Ao longo de sua carreira, Renan demonstrou habilidade em se reinventar. Foi oposição e situação em diferentes momentos, sempre preservando espaço de poder. Sobreviveu a denúncias e crises que derrubariam outros políticos e manteve influência nacional mesmo em períodos de desgaste. Ainda assim, aos 70 anos, a principal incógnita é se essa habilidade será suficiente para superar a combinação de fatores locais que hoje lhe são adversos.
O divisor de águas de 2026
A disputa de 2026 pode significar dois caminhos para Renan: a consolidação definitiva de sua posição como o político mais resiliente de Alagoas ou o início de uma transição que abrirá espaço para novas lideranças. A avaliação de aliados é clara: nunca foi tão difícil, mas também nunca foi tão estratégico.
Para um senador que ajudou a escrever capítulos centrais da política brasileira, a eleição de 2026 não será apenas uma batalha pelo voto. Será, antes de tudo, um julgamento simbólico sobre o quanto ainda resiste de seu capital político e de sua capacidade de articulação diante de uma Alagoas em transformação.
Renan Calheiros chega aos 70 anos e ao limiar de sua quinta disputa ao Senado com um currículo que mistura experiência, poder e polêmicas. Mas agora, mais do que nunca, precisará mostrar fôlego, estratégia e articulação para enfrentar rivais que ele mesmo ajudou a fortalecer. Em 2026, o que estará em jogo não é apenas um mandato: é a própria sobrevivência política de um dos mais influentes senadores da história recente do Brasil.
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