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Da união entre a música afro e a educação, nasce o Concerto Afrodidático

18/01/2022
Da união entre a música afro e a educação, nasce o Concerto Afrodidático

Foto: Jorge Vieira

Encabeçado pela Orquestra de Tambores de Alagoas, importante entidade promotora e defensora da cultura preta no estado, com a parceria da Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal) e patrocínio do SEBRAE, nos dias 21 e 28 de janeiro, será promovido o Concerto Afrodidático, que vai unir música e educação, no Complexo Cultural Teatro Deodoro.

“Estarmos apoiando o Concerto Afrodidático, com a assinatura do Mestre Wilson Santos, é uma satisfação para a Diteal, que vem desenvolvendo, através de importantes projetos e parcerias, a valorização da cultura brasileira e, nessa ação formativa, proporcionando o aprofundamento do conhecimento das sonoridades e ritmos do povo negro”, enfatizou o gerente artístico e cultural da Diteal, Alexandre Holanda.

No projeto, a Orquestra de Tambores de Alagoas contará com cinco percussionistas/ vocalistas para apresentar um repertório de oito músicas autorais temáticas que tem como base de criação, os batuques e sonoridades da cultura africana, afro-brasileira e alagoana, além de demonstrar passo a passo a composição de ritmos como Ijexá, Cabula, Barra Vento e samba de Roda e, sobretudo, a morfologia de cada um dos instrumentos percussivos utilizados para dar vida a esses ritmos (Rumpilé, agogô, Xequerê, Djambês, Caxixis, Surdos, Ganzá, Pandeiro, entre outros).

O grupo irá falar sobre cada um desses ritmos, suas origens, como eles influenciaram no desenvolvimento da cultura e a música brasileira contemporânea (Djavan, Naná Vasconcelos, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, etc.), e quais as possibilidades de novas criações artísticas a partir desses rudimentos.

Segundo o idealizador e músico Wilson Santos, a ideia desse projeto surgiu em 2012, tendo como objetivo central levar para os jovens os ritmos afro como importante elemento de transformação, de embasamento da cultura brasileira e, principalmente, da sua música, elevando a autoestima desses jovens.

“A partir do meu olhar, junto com a Orquestra de Tambores de Alagoas, pudemos observar que existe essa possibilidade de fazer um trabalho não só musical, didático, e sim misturar as duas vertentes. Fazer um som de forma lúdica e bacana de se escutar e, ao mesmo tempo, sendo explicativo, mas sem deixar a coisa maçante. Essa é a perspectiva do projeto de levar informação, elevando a autoestima, de uma forma leve, fugindo dos moldes tradicionais de ensino”, conta Wilson Santos.

O concerto didático, faz valer o que reza o Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010), que estabelece em seu artigo 4º, incisos IV e VI, a promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação e às desigualdades étnicas e a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e prioridade no acesso aos recursos públicos.

Valorização da identidade cultural alagoana

Outro ponto muito importante, que já é de costume de todas as entidades envolvidas nesse projeto, se trata da valorização da cultura alagoana e todas as suas manifestações. Por isso, esse projeto também tem como objetivos fazer circular a produção de artistas afrodescendentes alagoanos, proporcionando visibilidade, elevando a autoestima de crianças, jovens e adolescentes a partir do fortalecimento da identidade, criando condições de geração de renda, através da arte e cultura afro-brasileira e alagoana, desenvolvendo ações de valorização da produção artística dos negros no Brasil, fortalecendo a cultura afro-brasileira, aumentando o acesso e diminuindo a desigualdade, dentre tantos outros.

“Sempre valorizando a cultura afro-brasileira, de matriz africana, porque essa é a ideia do afrocentrado: que todos os holofotes sejam para difundir a importância da cultura africana para o desenvolvimento da cultura brasileira e de sua música. A ideia é fortalecer uma coisa real e não mito, nada está sendo criado, estamos trazendo à luz esse conhecimento para que as pessoas conheçam e se reconheçam porque muitas pessoas que vivem nas comunidades de base, em sua grande maioria, são pretos e pretas, e muitos deles não conhecem a história e a importância desses ritmos no desenvolvimento da musica brasileira na forma que ela é hoje. A música brasileira é conhecida mundialmente  graças a esses ritmos de matriz africana e suas influências. É isso que iremos apresentar e temos muito orgulho, finaliza Santos.

 

*Estagiário com supervisão de Hannah Copertino

Serviço:

Concerto Afrodidático

Quando: Dias 21 e 28 de janeiro, das 15h às 17h.

Onde: Sala de Música do Complexo Cultural Teatro Deodoro.

Realização: Orquestra de Tambores de Alagoas.

Patrocínio: Sebrae/AL.

Apoio: Diteal.