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[Pedro Teixeira escreve] A Praça das Casuarinas: crime ambiental

24/08/2021
[Pedro Teixeira escreve] A Praça das Casuarinas: crime ambiental

Quando criança, sempre após as aulas e cumprimento dos deveres escolares íamos à praça das casuarinas, jogar bola de gude, pinhão, e outras diversões.

À tarde, sempre íamos ter encontros com as  namoradinhas e também muitas amigas. Após as aulas, ocasionalmente, tínhamos encontro amoroso, o que era altamente gratificante para nossa idade, onde discutíamos assuntos ligados ao ginásio, tratávamos de futebol, política e, às vezes, religião.

Ao som do murmurar das Casuarinas e à sombra das mesmas, alimentávamos os nossos sonhos de como na idade adulta estaríamos, bem como, que carreira pretendíamos seguir. Eram verdadeiros sonhadores de uma realidade plausível. Como era prazeroso sentar naqueles bancos de concreto e ver a “banda passar” como dizia Caetano Veloso.

Concluído o ginásio, já tínhamos em mente que destino tomaríamos. Uns seguiram a carreira militar e, a maioria, pensava em cursar uma universidade. Que tempo bom aquele, de juventude e bons propósitos. Galgamos a universidade, nos mais diversos cursos e passamos a traçar metas. O tempo correu e chegamos cada um ao final do curso. Alguns desistiram e tomaram outro rumo.

Eu fiz a opção por medicina, para o que prestei vestibular em 1963. Uma vez aprovado, matriculei-me no curso e fui até o fim, colando grau em 1968 e, em seguida, fui fazer residência na Universidade de Pernambuco, sob coordenação do grande professor Djalma Vasconcelos,  com quem aproveitei para render a mais justa homenagem por todos os conhecimentos que ele me oportunizou.

Concluída a residência médica voltei para Maceió, passei clinicar na área de gastrenterologia e, posteriormente submeti-me a curso para o ensino médico. Os anos se passaram e, várias ocasiões em que voltava à minha terra natal, que é Palmeira dos Índios não deixava de visitar o local onde construí sonhos, que era a Praça das Casuarinas e relembrar aqueles tempos maravilhosos vividos quando adolescente.

Um belo dia tomei conhecimento que estavam demolindo a praça, que era o “point”, para a construção de outra mais moderna. Só que não havia um projeto e muito menos uma verba para a construção do empreendimento, o que na concepção dos entendidos, foi cometido uma crime ambiental, a destruição de um logradouro público e assim deixando um amontoado de restos de concreto, não havendo interesse de conseguir verbas  para uma nova obra, o que é lamentável.

Aguardamos, com muita ansiedade, que o atual prefeito realize esta obra, transformando assim, aquele logradouro num ponto de encontro, onde os atuais e futuros  jovens possam se deleitar e sonhar com um futuro promissor, resgatando uma dívida que lhe foi deixada pela incúria e descaso de uma administração sem visão socio-ambiental. Oxalá que se concretize tal projeto. Aproveito também a oportunidade, para lembrar a revitalização do açude central da cidade.

Um açude ou lago é obra vital no lugar de clima quente, para melhorar a umidade do ar.  Alguém, num  passado bem distante, teve essa visão que muitos não entenderam. Devemos nos mirar no lago de Brasília, onde o maior visionário que foi JK, o qual implantou naquela Capital com essa intenção.

 

 

*Pedro Teixeira é prof. Emérito da Uncisal