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Há 10 anos, a música perdia o talento de Amy Winehouse

24/07/2021
Há 10 anos, a música perdia o talento de Amy Winehouse

Há 10 anos, a indústria fonográfica e da música perdiam o talento e a genialidade da britânica Amy Winehouse, no dia 23 de julho de 2011. Amy era dotada de uma voz única, potente e inconfundível. Fatidicamente, a cantora e compositora britânica acabou integrando o lendário ‘clube dos 27’: composto por cantores geniais que morreram de forma precoce aos 27 anos, como ela, Kurt Cobain (1967-1994), Janis Joplin (1943-1970), Jim Morrison (1943-1971), Brian Jones (1942-1969) e Jimi Hendrix (1942-1970).

Segundo informações cedidas à imprensa pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), neste período sem Amy, ‘‘Rehab’’ foi a sua canção mais tocada em nosso país. Ainda, de acordo com o ECAD, ‘‘Rehab’’ figura entre as músicas mais tocadas da artista nos últimos 10 anos nos principais segmentos de execução pública (streaming, rádios, eventos em geral e TV (aberta e fechada)). O levantamento do ECAD destacou outros sucessos da cantora, entre eles, ‘‘Back to Black’’ (2006) uma das músicas mais marcantes da artista, foi a segunda mais tocada no país entre 2011 e 2021. Logo em seguida, ‘‘You know I´m no god’’ (2006) aparece na terceira posição do ranking levantado pela entidade. As três canções fazem parte de ‘‘Back to Black’’ segundo álbum da cantora, lançado primeiramente na Irlanda em 27 de outubro de 2006, e três dias depois no Reino Unido. O álbum foi produzido pelo ganhador do ‘Oscar de Melhor Canção Original’ (2019), Mark Ronson e por Salaam Remi.

Capa de Back to Black

Logo após a divulgação da morte da cantora, ‘‘Back to Black’’ reapareceu nas tabelas musicais, o álbum alcançou o primeiro lugar em vendas no iTunes em mais de 15 países. Duas semanas após a morte de Amy, a venda de 91 mil unidades fez com que o álbum ocupasse a quarta posição na compilação feita pela revista semanal Billboard. Em seu continente de origem, o álbum reassumiu a primeira colocação nos rankings de vários países. Inclusive, em seu país, obteve o título de álbum mais vendido do século XXI, atrás apenas de ‘‘21’’ (2011), segundo álbum de estúdio da cantora Adele. Segundo registros comerciais globais, ‘‘Back to Black’’ segue sendo um álbum extremamente rentoso, figurando entre um dos mais vendidos em todo o território britânico.

Em números, Amy Winehouse tem 57 músicas e 330 gravações cadastradas no banco de dados do ECAD. Nos últimos 10 anos, mais de 50% de seus rendimentos em direitos autorais no Brasil foram provenientes dos segmentos de Rádio e TV.

‘‘Amy uniu sua técnica e conhecimento a sua alma de artista. Ao imponderável. Claro, você pode listar carisma, carga dramática, a capacidade de ser uma repórter do seu tempo, ou seja, fazer uma leitura do estilo de vida, dos timbres, e traduzir isso em uma obra, no caso, musical’’ observa o produtor João Marcello Bôscoli, em entrevista concedida à Adriana Del Ré, colaboradora do CNN Brasil.

Segundo ele, existia um drama, uma profundidade e não um plano de marketing. ‘‘Miley Cyrus fez tudo para virar uma Amy Winehouse: vazou filme íntimo, tomou drogas, polêmica. Ela é respeitada, é muito legal, mas não chegou aonde a Amy chegou’’. Ele lembra de ter ouvido a britânica pela primeira vez cantando em ‘‘Frank’’, seu álbum de estreia de 2003 – que teve boa recepção da crítica. Mas o estouro mesmo veio com o segundo álbum, ‘‘Back to Black’’ (2006). ‘‘O que ela fez era algo retrofuturista, porque os arranjos eram meio anos 60, talvez começo de 70, mas com os timbres de hoje’’, conclui Bôscoli à CNN.

Vale lembrar, no quesito legal, de acordo com a lei brasileira do direito autoral (9.610/98), após a morte de Amy Winehouse, seus herdeiros receberão os direitos autorais pela execução pública de suas músicas por 70 anos. Os valores arrecadados no Brasil são distribuídos pelo ECAD para a associação brasileira que representa Amy e esta, por sua vez, repassa esses valores para a associação estrangeira à qual a artista é filiada.

‘‘A perda prematura desta artista é algo ainda doloroso. Sua carreira prometia um caminho surpreendente e belo. Sua voz e forma muito particular de interpretação jamais serão esquecidos’’, disse Marcello Castello Branco, diretor executivo da União Brasileira de Compositores (UBC), associação que representa Amy no Brasil.