Política

Jó cita ciência e direitos humanos ao cobrar vacinação contra Covid-19 para usuários de ônibus

04/05/2021
Jó cita ciência e direitos humanos ao cobrar vacinação contra Covid-19 para usuários de ônibus

Deputada pediu prioridade para usuários do transporte coletivo em pronunciamento na ALE durante a sessão desta terça-feira

A deputada Jó Pereira voltou a cobrar, na sessão desta terça-feira (4) na Assembleia Legislativa, a prioridade na vacinação contra a Covid-19 para os usuários do transporte público coletivo em Alagoas. Depois de contar que, ontem, recebeu uma mensagem de uma pessoa indignada com o início da imunização de presos, ela explicou que a prioridade, definida no Plano Nacional de Imunização (PNI), se baseia na ciência, na vulnerabilidade dessas pessoas ao vírus, devido à aglomeração.

“Defendo a vacinação dos usuários de ônibus porque eles têm possíveis contatos com doentes dentro desse espaço, no qual estão aglomerados contra sua vontade e por falta de opção, porque precisam se deslocar para o trabalho. Vacinando essas pessoas, priorizando essas pessoas, em razão do número escasso de vacinas, estaremos contemplando todos os segmentos da sociedade, assim com todas as profissões. Por que a maioria dos trabalhadores de cada grupo desses anda de ônibus, principalmente em um estado pobre como o nosso, de tantas desigualdades socioeconômicas. Vacinar o trabalhador usuário de ônibus é usar a lógica da ciência em todos os seus aspectos e fazer justiça aos mais humildes”, explicou.

A parlamentar afirmou que é preciso priorizar a vacinação dos trabalhadores que diariamente transitam em ônibus lotados, e “livres da fiscalização do Poder Público”, pelo mesmo critério de quem está no Sistema Prisional: o risco de contágio devido à aglomeração inevitável. “Os presos precisam ser vacinados sim, mas os trabalhadores que enfrentam diariamente aglomerações nos ônibus também precisam. Vamos conquistar essa prioridade em nome da ciência e da defesa dos direitos humanos”, apelou.

Jó prosseguiu afirmando que “isso deveria ser assunto da ciência, do Ministério da Saúde, e alvo de providências por parte dos poderes executivos federal, estadual e municipal, mas parece que esses trabalhadores não existem, que são pessoas imunes ao risco do contágio. Até quando veremos esse descaso, sem medidas do Poder Público? São todos culpados, todos omissos”, pontuou.

Ela solicitou o apoio dos demais deputados para defender, junto ao governo do Estado, o acatamento da indicação de sua autoria, aprovada na Casa, para a inserção, nos grupos prioritários da vacinação contra a Covid-19, de trabalhadores e usuários do Transporte Público Coletivo (TPC), reforçando que a medida segue a lógica da ciência para minimizar os riscos de contágio: evitar aglomerações e vacinar que tem contato direto com doentes e quem não pode deixar de aglomerar em determinados ambientes, como é o caso dos presos.

Medidas efetivas

Para a deputada, também é necessário que, tanto o prefeito JHC quanto o governador Renan Filho mostrem as medidas tomadas com a finalidade de minimizar os riscos sofridos pelos profissionais que diariamente têm sua dignidade agredida enquanto enfrentam ônibus lotados: “Se eu estiver errada, vou me desculpar, mas não temos conhecimento de medidas efetivas. Precisamos respeitar os trabalhadores que pegam ônibus, no mínimo iniciando a vacinação deles pelo mesmo critério de quem está no sistema carcerário… Será o início do reconhecimento da ineficiência pública em soluções que modifiquem a realidade do sistema de transporte coletivo”.

“Sou a favor da execução do PNI dentro da ordem de prioridades. Sou a favor da prioridade dentro do sistema carcerário, porque é o que diz a ciência, mas dentro dessas prioridades, existe uma fatia enorme que está sendo esquecida: os trabalhadores que estão diariamente dentro dos ônibus e estão fora do PNI. Foram esquecidos e são eles que diariamente se arriscam ao contágio do vírus em ônibus lotados. Eles não cometeram crimes, ao contrário, carregam nas costas a economia do país e não têm opção de ficar em casa ou se deslocar de outra forma para o trabalho”, prosseguiu.

Voltando a frisar a importância de ações conjuntas, Jó pediu a união de Estado e Prefeitura para solução do problema e disse que “desarmar palanques é fundamental para fortalecer a democracia”. “O Parlamento tem obrigação de se colocar contra a politização e falar sobre isso, provocar, para que juntos os poderes públicos construam soluções que modifiquem a realidade. Diante de inércia de anos e anos, nesse momento o que vejo para minimamente atender o trabalhador é a prioridade de vacinação”.

Apartes

O discurso da deputada foi aparteado por vários parlamentares, que criticaram a prioridade dada aos presos, em detrimento de outras categorias, e apoiaram a indicação de Jó Pereira. O deputado Davi Maia lembrou que os presos estão na 17ª posição na lista de grupos prioritários descritos no PNI e que, antes deles, há uma relação de pessoas que precisam ser vacinadas.

Cibele Moura disse não ser justo priorizar os reeducandos em detrimento de diversas outras categorias de trabalhadores que não pararam durante a pandemia e defendeu a indicação de Jó para inserção, no grupo prioritário, daqueles que usam diariamente o transporte público.

O deputado Francisco Tenório citou várias categorias que deveriam ser priorizadas antes da população carcerária, como funcionários de farmácias, supermercados, casas lotéricas, bancos, comerciários, agricultores, motoristas de ônibus e aplicativos e os próprios usuários do transporte coletivo urbano.

A deputada lembrou que o alvo de sua indicação é justamente essa classe trabalhadora mais vulnerável, que anda de ônibus. “Ninguém levantou a voz em defesa desse trabalhador, que não está no PNI. Desejo que Alagoas não cometa o mesmo erro e preciso da força do Parlamento para que a indicação seja efetivada. Hoje a força da categoria está falando mais alto que a força da necessidade, mas a prioridade tem que ser pelo risco de contágio e aglomeração”, respondeu Jó.

Também apartearam a fala os deputados Cabo Bebeto, Ronaldo Medeiros, Léo Loureiro, Davi Davino Filho e Silvio Camelo.