Alagoas

Sebrae Alagoas e Instituto Mandaver levantam dados sobre população do Vergel, em Maceió

21/12/2020
Sebrae Alagoas e Instituto Mandaver levantam dados sobre população do Vergel, em Maceió

Com suas ações reconhecidas nacionalmente, o Instituto Mandaver, que fica no bairro do Vergel, em Maceió, tem contribuído com a mudança de vida de muitas pessoas na região. E para fortalecer ainda mais sua atuação junto aos potenciais empreendedores locais, a instituição buscou apoio do Sebrae Alagoas para um projeto mais ousado: a construção de um banco social para apoiar as micro e pequenas empresas da comunidade. O banco vai se chamar ‘As Lagoas’ e deverá iniciar suas atividades já em março de 2021.

Para apoiar a Mandaver, o Sebrae Alagoas contratou a Mescla, agência de inovação que fez uma pesquisa de mercado compilando dados sobre a comunidade do Vergel, entendendo perspectivas de comportamento da população do bairro a partir da identificação dos padrões de consumo, perfil socioeconômico, uso de crédito e mapeamento do potencial empreendedor.

De acordo com o empreendedor social e embaixador da Mandaver, Carlos Jorge, a ideia da abertura de um banco social na comunidade, que hoje conta com uma população de 32 mil habitantes, surgiu em 2018 a partir das próprias demandas observadas no local.

“Me inspirei em outros projetos fora do estado e decidi colocar essa proposta para comunidade, porque nós temos uma demanda social e econômica muito forte. Apesar da baixa renda, vemos aqui pequenas iniciativas, micro e pequenas empresas e isso nos trouxe o entendimento de que se houvesse um banco, esses negócios, talvez, crescessem mais”, afirma.

Principais resultados da pesquisa

A pesquisa da Mescla, aplicada através de 400 questionários com moradores do Vergel, no período de 04 a 07 de novembro, levantou dados sobre o perfil da população, percebendo que o bairro tem predominância feminina (57,5%). Sobre o perfil socioeconômico, o estudo revelou que a maior parte dos habitantes do Vergel não possui emprego (53,5%).

Dos que possuem algum tipo de emprego (46,5%), 37,64% são marisqueiros ou sururuzeiros. 5,91% da população é formada por autônomos; outros 3,23% se autocaracterizam como empreendedores, e 2,69% como vendedores. Algumas categorias com percentual de 2,15% se enquadram como caixa de supermercado, comerciante, doméstico, lanchonete ou serviços gerais. O restante da porcentagem se enquadra na categoria ‘outros’.

Outros detalhes importantes da pesquisa são: 64,3% dessa população não está plenamente satisfeita com o trabalho na lagoa e mudaria de emprego; 46,8% dos entrevistados vivem com menos de um salário-mínimo (R$ 1.045,00) por mês; e 13,50% tem como principal fonte de renda um negócio próprio.

Ainda foi possível identificar que 79% da população do Vergel nunca usou algum tipo de empréstimo durante toda a sua vida, enquanto 21% das pessoas já usaram ou usam. O dado foi bastante relevante, visto que um dos objetivos da pesquisa também era identificar a familiaridade do público com empréstimos, já que a ideia inicial do banco é funcionar fornecendo microcrédito para abertura de negócios e, dessa maneira, fomentar e apoiar diretamente o empreendedorismo local.

Outro ponto central foi descobrir o potencial empreendedor da população. 73% das pessoas do Vergel já sonharam ou sonham em abrir um negócio. Sobre a abertura do banco social, o resultado foi positivo. 95% dos respondentes avaliaram a ideia do banco nos graus de bom e muito bom. A principal justificativa vinculada a essa resposta estava relacionada à maior oferta de oportunidades na região. 78,8% dos respondentes usariam o banco social para abrir um negócio.

Sobre os resultados, Carlos Jorge reforça que a pesquisa mostrou muitas oportunidades com base no perfil socioeconômico da comunidade, mesmo diante de todas as demandas sociais complexas e desafiadoras. “Se você der uma estrutura para os pequenos negócios, um know-how e desenvolver competências nas pessoas isso pode ser muito importante. A pesquisa comprovou esses detalhes e também trouxe algumas variáveis importantes sobre a falta de acesso à educação na comunidade, sobre absenteísmo e evasão”, diz.

O banco social e o futuro do Vergel

O embaixador do Instituto Mandaver enfatiza que o banco social pode ajudar os pequenos negócios do bairro a partir da oferta de competências para o empreendedor, fazendo com que ele olhe mais para aspectos como gestão, fluxo de caixa, universo digital e oportunidades como acesso a crédito com menos burocracia e olhar para as comunidades e periferias como potência.

“Com uma formação e depois alinhamento sobre capital de giro e todas as informações básicas para que um empreendedor entenda, o banco chega para apostar e acelerar esse sonho do potencial empreendedor, que se tornou empreendedor ou quer ampliar o negócio, entendendo melhor e profissionalizando o negócio”, conclui.

Carlos Jorge ainda falou sobre o futuro do ‘As Lagoas’, que irá resgatar a força das periferias, e suas perspectivas sobre o bairro do Vergel. “Em breve, o Vergel vai ser o lugar mais empreendedor e inovador de Alagoas. Só gostaria de destacar a importância da participação da sociedade nessas demandas, nos sonhos, na empatia, no olhar para as comunidades como potência, não só como carência. Enxergar que aqui existe um povo empreendedor, lutador, que quebra sofismas e preconceitos. O banco quer resgatar isso e potencializar cada vez mais as pessoas”, finaliza.