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Pacientes com câncer podem desenvolver doenças cardiovasculares ou até mesmo descompensá-las, alerta cardio-oncologista

03/12/2020
Pacientes com câncer podem desenvolver doenças cardiovasculares ou até mesmo descompensá-las, alerta cardio-oncologista

O câncer é uma doença devastadora que acomete milhares de pessoas todos os anos. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), somente este ano de 2020, eram estimados 626.030 novos casos de câncer no Brasil. O médico cardio-oncologista Antônio Vitoriano revela que é preciso estar atento aos problemas cardiovasculares que os pacientes oncológicos podem desenvolver durante e/ou após o tratamento oncológico. Por esse motivo, a importância do acompanhamento com o especialista.

Dentre os tratamentos oncológicos está a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia, a imunoterapia e a hormonioterapia.

Nos últimos anos, observou-se que vários pacientes oncológicos apresentaram problemas cardiovasculares, sendo os mais frequentes a insuficiência cardíaca, arritmias e infarto.

Os quimioterápicos direcionados para tratamento do câncer de mama, por exemplo, podem provocar insuficiência cardíaca aguda ou até mesmo descompensar cardiopatia prévia. Por isso, deve-se levar em conta o tipo da droga e dose a qual o paciente é ou foi exposto.

O cardio-oncologista Antônio Vitoriano explica também que os problemas cardiovasculares em pacientes com câncer podem ser decorrentes de alguns fatores de riscos pré-existentes como diabetes, hipertensão, colesterol e triglicérides elevados, dentre outros.

“Nós, cardio-oncologistas, atuamos desde avaliações de pré-quimioterapia, em consultórios, UTIs, principalmente quando se é identificado fatores de riscos cardiovasculares, que podem sim atrasar ou serem proibitivos ao tratamento oncológico, assim como para avaliar/compensar paciente com insuficiência cardíaca descompensada com causa atribuída a droga anticâncer”, explicou o especialista.

De acordo com Antônio Vitoriano, não há exatamente um tipo de câncer específico que denote maior ocorrência de transtornos cardiovasculares por terapia ou por história natural da doença. O que vai depender é o histórico do paciente quanto aos fatores de riscos, e o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar que beneficie de forma completa o paciente.

“Solicitar a avaliação de um cardio-oncologista mesmo antes do início do tratamento contra o câncer, pode mudar a história do paciente, uma vez que ele poderá reconhecer as alterações precoces. O reconhecimento de características que podem impactar na evolução e progressão da doença, assim como na interrupção do tratamento oncológico, poderia tornar o paciente inapto a seguir com seu tratamento”, esclareceu o médico.

A Cardio-Oncologia é uma subespecialidade da Cardiologia que se ocupa em acompanhar de perto os pacientes com câncer, não necessariamente que já apresentem doenças cardiovasculares, mas que durante o tratamento possam manifestar, seja porque já apresentam importantes fatores de risco cardiovasculares como diabetes, hipertensão, colesterol e triglicérides elevados, ou que possam apresentar efeitos adversos do próprio tratamento contra o câncer.

Essa especialidade recente da Cardiologia trabalha com todos os profissionais que interagem em benefício do paciente.

Antônio Vitoriano lembra que todas as pessoas, inclusive os pacientes oncológicos, devem ter hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos, uma boa alimentação e fazer o check-up anual. Atualmente, com o advento de novas terapias, o paciente oncológico apresenta maiores sobrevidas livres de câncer. Portanto, sofre impacto de doenças que afetam a população em geral não oncológica, a exemplo, a doença arterial coronariana, causa crescente de mortalidade.