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O Incrível Vavá

15/11/2020
O Incrível Vavá

Vavá é de outro mundo, é aquele cara que antigamente se chamava de conquistador. Estatura mediana, magro, rosto oblíquo, cabelo penteado de lado, bigodinho a Clark Gable, bom de bico, lábia cheia de malandragem, ainda faz sucesso entre as mulheres.

Ele morava na Avenida da Paz e vivia para as duas coisas que mais gosta no mundo: mulheres e praia. Solteirão convicto, 40 anos, quando apareceuDeínha, uma sertaneja bonita vinda de Juazeiro no Ceará, deu uma flechada no coração de Vavá. Casou-se no fim dos anos 80. Deínha continua feliz, apaixonada pelo marido, depois de três filhos, tornou-se uma coroa gostosa, o marido não dispensa seus carinhos e as artes na cama. Ele se diz apaixonado, embora não tenha perdido o vício de galanteador, paquerador.

Antes de casar esclareceu a Deínha que gostava um pouco de liberdade, saudável para vida de um casal. Ainda hoje toda quinta-feira Vavá dá uma saída noturna com os amigos, tomar uma cerveja e bater um papo, diz ele. Conserva a tradição, toda quinta-feira sobe à casa de dança Buguenvilia, frequentada pelas solteiras e separadas mais descoladas e bonitas da cidade.. Deínha se acostumou, nas sextas-feiras não deixa acordá-lo antes das 12 h.

Na chegada do verão Vavá fica eufórico, Maceió se enche de Sol e de belas turistas. Ele dá plantão nos hotéis à cata de coroas solitárias que adoram uma aventura. Esconde um velho calção de banho no carro para facilitar suas idas à praia do Francês. Outro dia, Deínha saiu com seu carro, murchou o pneu, quando o borracheiro foi tirar o estepe, encontrou um calção por trás do estepe. Foi difícil explicar para mulher, ela fez que aceitou a conversa.

Ano passado, um pouco antes do carnaval, Vavá deu uma notícia em casa que Deínha achou maravilhosa. Depois de uma longa conversa com um amigo resolveu dar mais alimento para sua alma, estava retornando à religião, estava a fim de frequentar a Assembleia de Deus.

Poucos dias antes do carnaval ele deu os detalhes, passaria os quatro dias de folia fazendo retiro religioso em uma chácara na praia de Paripueira. Um encontro espiritual só para 22 homens. Palestras, meditação, caminhada, até yoga. Não podia usar celular durante o retiro, pediu à família só ligar em caso de extrema necessidade. Deínha ficou maravilhada, cheia de orgulho, conversou orgulhosa com as amigas, desconfiadas.

Pela manhã do sábado de carnaval partiu em seu carro prateado deixando Deínha com os olhos mareados de alegria, ela estava feliz em ficar sozinha nesses quatro dias. Meia hora depois, o carro passava direto sem parar em Paripueira, deu um sorriso charmososua companheira de viagem, Eliane, uma sirigaita, funcionária e colega da Assembleia Legislativa. Seguiram em frente felizes da vida direto até Olinda onde ficaram numa pousada durante os quatro dias de carnaval ao som das belas orquestras de frevo pernambucano. Na quarta-feira de cinzas curtiu o bloco Bacalhau do Batata. Só retornou à Maceió na quinta-feira, dormiu o resto do dia. Deixou Deínha em dúvida. Como um retiro pode deixar uma pessoa tão cansada? Ela sabia quem era o marido..

Vavá nesse tempo de pandemia andou todo enxerido para uma bela loura de cabelos crespos, lábios carnudos, sensual covinha na bochecha, deixou-o maluco. Por sorte ou pelo excesso de bebida a bela aceitou o convite para uma tarde emJacarecica.

Depois da tarde maravilhosa, Vavá apaixonou-se pela loura, telefonou mais de 20 vezes para a bela, ela não o queria mais, pediu para ele deixar de telefonar. Não foi atendida. Até que a musa, recorreu ao extremo recurso, telefonou para casa de Vavá, falou com uma das filhas, pediu que dissesse a ele não continuar com o assédio. A moça contou imediatamente à mãe sobre o telefonema. Meínha se indignou com raiva:

– “O que essa rapariga está pensando? Vavá é um homem ainda muito bonito, inteligente, tem boa conversa. Não admito que essa mulherzinha rejeite um homem como Vavá. O que ela pensa que é?”

Vou indicar o nome de Vavá parapatrono dos homens héteros.