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Luan Santana faz live no Rio Paraguai para arrecadar fundos para o Pantanal

22/11/2020

Na música Um Grito Entre as Cinzas, que Luan Santana compôs recentemente em parceria com Matheus Marcolino para chamar atenção para o projeto que criou, #OPantanalChama, ele diz que tem “sangue nativo” – ele nasceu em Mato Grosso do Sul – e “queria ser chuva”, mas que só vê cinzas no Pantanal.

De forma mais objetiva, o alívio que o cantor quer oferecer virá na live que fará neste domingo, 22, às 17h, direto da região, quando pedirá a seus fãs e aos simpatizantes da causa que doem recursos para o instituto SOS Pantanal, que luta para minimizar os estragos causados pelas queimadas recordes que atingiram a região neste ano e ajudar animais e a população pantaneira.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente em agosto as queimadas no Pantanal ficaram 300% acima do mesmo período do ano passado.

A live de quatro horas será transmitida pelo perfil do YouTube do cantor e pelo canal National Geographic. “As queimadas me afetaram de tal maneira que quis me unir às ONGs e criar um movimento para ajudá-las”, explica Luan, em entrevista ao Estadão. Além da live, Luan criou estampas para camisetas que estão à venda em seu site e vai leiloar o figurino que usou na gravação do DVD Viva. O objetivo de Luan é arrecadar R$ 8 milhões para o projeto.

Luan diz ter sonhado várias vezes com a triste imagem de uma onça-pintada com as patas queimadas em meio a um incêndio no Pantanal. Na semana passada, o cantor visitou a região de Corumbá e viu de perto as carcaças de animais que não resistiram ao fogo. Em conversa com biólogos, soube que algumas espécies de animais podem ter sido extintas pelo fogo e que a recuperação do bioma será lenta.

Aos 29 anos, o cantor, que busca seu espaço no mercado internacional, diz que espelha seus passos na carreira de Roberto Carlos. Em ações sociais, ele tem como exemplo o irlandês Bono, do U2. Com mais de 29 milhões de seguidores no Instagram, Luan sabe que sua voz tem força. “O meu ofício me ajuda como formador de opinião a abraçar causas em que acredito. Sou um homem sensível aos problemas da humanidade.”

Você nasceu em Mato Grosso do Sul. Imagino que tenha uma ligação com o Pantanal. Na música você diz que seu “canto é um grito entre as cinzas do que foi seu lar”. Como as recentes queimadas por lá o afetaram?

Meus melhores momentos em família quando criança, as melhores férias, foram lá. Foi no Pantanal que aprendi a pescar, devolvendo à natureza o que pegamos, claro. Tive a honra de conhecer e desfrutar do Pantanal várias vezes. É um contato tão forte com a natureza que você se sente em conexão direta com Deus. As queimadas me afetaram de tal maneira que quis me unir às ONGs e criar um movimento para ajudar.

O que sentiu quando viu, por exemplo, a imagem de uma onça-pintada com as patas queimadas pelo fogo?

Senti uma dor tão grande, cheguei a sonhar várias vezes… Toca a alma mesmo. Sempre fui muito ligado à natureza. Se eu não fosse cantor, seria biólogo. Minha preocupação é com as queimadas recordes deste ano.

O que o motivou a fazer essa live em prol do Pantanal?

Não tem como ficar mudo diante dessa tragédia. Queria que todos os brasileiros abraçassem a causa. Vamos andar 12 horas pelo rio até o local da live. Sem internet, com um sistema inédito para conseguir transmitir do meio do Rio Paraguai não apenas uma live histórica, mas uma forma de transformar o canto num grito para engrossar esse pedido de socorro entre as cinzas.

Quais serão as ações do movimento Pantanal Chama?

O objetivo é arrecadar fundos para a recuperação da região e prevenção a possíveis novos incidentes que castiguem aquele solo e o seu entorno. Pretendo arrecadar ao menos R$ 8 milhões com todas as ações do movimento, incluindo a live, que serão encaminhados ao SOS Pantanal, entidade que tem auxiliado diversas iniciativas que visam à recuperação e a preservação do bioma.

Tem acompanhado a degradação da região?

Sim, é nítido ver a mudança que nosso bioma vem passando. O Pantanal sofre influência direta de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Apesar de sua beleza natural exuberante, o bioma tem sido impactado pela ação humana, principalmente pela atividade agropecuária, que faz com que além de mim, de minha família, de todos os brasileiros, os indígenas e quilombolas também tenham grande influência nesse processo.

Você já ajudava, de alguma forma, a região?

Por ser natural de Campo Grande e padrinho do Instituto Arara Azul (que preserva a ave em seu hábitat natural) há seis anos, quis amplificar o abraço de que a minha região tanto carece. Não é tempo de medir esforços para salvar tantos animais e tanta gente que sobrevive da riqueza ribeirinha produzida pela fauna e a flora locais.

Você foi cogitado para participar do remake da novela Pantanal. Pensa em aceitar o convite?

O convite nunca chegou para mim. Eu aceitaria na hora se o convite viesse.

Você é um ídolo da juventude e uma ação como essa live pode influenciar milhões de pessoas, em sua maioria jovens. Como você administra essa questão?

Meu ofício me ajuda como formador de opinião a abraçar causas em que acredito. Eu me considero um homem sensível aos problemas da humanidade. Gosto dessa conexão com o público, com as pessoas e essa troca de opiniões. Precisamos nos unir e dar voz a outras pessoas e causas importantes.

Nos últimos anos, você tem feito trabalhos e parcerias voltados ao mercado internacional. Como estão seus planos de uma carreira internacional?

Acabei de voltar do México onde me encontrei com alguns produtores e músicos latinos. Fui com meu produtor e outros dois compositores do Brasil e foi extremamente revigorante. São muitos meses no Brasil, e em casa, por causa da covid. Sair, ganhar novos ares, ajuda até na criatividade e inspiração.

Há algum cantor ou artista em que você se espelha?

Em minha carreira, Roberto Carlos. Nas ações sociais, Bono.

Recentemente, alguns de seus fãs-clubes reclamaram mais conteúdo seu nas redes sociais.

Estava no México e soube disso bem depois. Quando voltei, já tinham postado um pedido de desculpas pela atitude. Creio que o amor entre artistas e fãs é incondicional. E assim seja, amém!

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Danilo Casaletti, espacial para AE
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