A comemoração dos 80 anos de Pelé ensejou uma série de lembranças que certamente enriquecem a minha biografia. Uma delas, aparentemente inacreditável, foi o fato de que jogamos juntos. Foi no ano de 1958 e a seleção brasileira estava em pleno treinamento, nas cidades mineiras de Araxá e Poços de Caldas, para disputar a Copa do Mundo da Suécia.

Eu era repórter da revista Manchete Esportiva, de Bloch Editores. O diretor Augusto Falcão Rodrigues escalou para a viagem à Suécia o meu colega Ney Bianchi de Almeida. Como eu não poderia mesmo viajar, pois estava fazendo o Serviço Militar na Marinha do Brasil, fiquei com a responsabilidade de acompanhar o treinamento nas estâncias mineiras, o que fiz com um prazer imenso. Produzi matérias inesquecíveis, ao lado do fotógrafo Jáder Neves.

Por iniciativa do repórter Álvaro Paes Leme, que era de São Paulo, foi combinado um jogo entre uma seleção de jornalistas e outra de alguns jogadores, entre os quais Pelé e Zagallo. Houve o jogo, é claro que perdemos, mas tive a honra de enfrentar um time em que estava o que seria depois considerado o maior jogador do mundo, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Ele ainda não era titular da seleção, pois no começo dos treinamentos o técnico Vicente Feola preferia o Joel, do Flamengo. Mas logo percebeu que deveria colocar o Pelé no time, o que aconteceu na estreia, em Estocolmo.

Pelé, que vinha do Santos F.C., com menos de 18 anos de idade, já se destacava extraordinariamente. Tinha com os jornalistas um relacionamento muito simpático, que o tempo só fez consolidar.

Mais tarde, já campeão do mundo, foi um prazer encontrar Pelé numa visita à Manchete, a convite da Xuxa, que se tornou sua namorada. Ela era uma figura notável da televisão. Apresentava com muito sucesso o “Clube da Criança”, uma iniciativa do inesquecível Maurício Sherman. Era uma enorme atração. Já imaginaram o encontro dos dois?

Mas voltemos a Pelé. Sua carreira, no futebol mundial, só se compara  à do argentino Messi, a nosso ver o segundo do mundo. Pelé, com os seus gols e os títulos mundiais, foi considerado com razão o melhor jogador de todos os tempos. Disso o Brasil se orgulha muito.