Em entrevista exclusiva para a Tribuna do Sertão, o analista político Marcelo Bastos fala do atual cenário eleitoral da capital, que aponta para o maior embate dos últimos 30 anos. A disputa entre o ex-promotor de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça e o deputado-federal João Henrique Caldas (JHC) que culmina no próximo domingo, dia 29 de novembro é uma das mais acirradas com nuances diárias que embaralham o processo e cria a dúvida para os experts políticos sobre quem comandará os destinos de Maceió nos próximos quatro anos (2021-2024).

Para Marcelo Bastos, a eleição no segundo turno é totalmente diferente da realizada no último dia 15. “Temos a realização de três debates em televisões abertas, assim como o mesmo tempo nos guias eleitorais, para quem tiver melhor desempenho neles convencerá o eleitorado indeciso. O voto do eleitor Davi Davino Filho representa mudança e muito provável migrará para JHC (PSB), ao contrário de Alfredo Gaspar (MDB) que é apoiado pelo atual prefeito Rui Palmeira, o qual se encontra bastante desgastado perante a opinião pública e pelo Governador do Estado Renan Filho, por isso o favorito na minha opinião nesse momento é o candidato JHC”, explicou.

Dos três debates marcados, JHC faltou ao primeiro, realizado na TV Pajuçara, alegando que haveria uma armação para prejudicá-lo. A repercussão popular foi grande e negativa e a oposição tratou de chamar o deputado de “fujão”. Até o Sindicato de Jornalistas se pronunciou, emitindo nota de repúdio contra JHC em respeito aos profissionais da emissora.

No segundo debate, na TV Ponta Verde, o baixo nível de ataques mútuos se sobrepôs ao campo das propostas.

O terceiro debate será na sexta, na TV Gazeta.

Pesquisas e neutralidade

Os institutos de pesquisas sobem a temperatura dos termômetros da campanha ao assinalarem uma ligeira vantagem para JHC, que muitos consideram empate técnico.

Já as adesões aos candidatos, alguns deles como Davi Davino Filho, terceiro colocado na eleição de 15 de novembro com 97 mil votos, adotam posição pessoal de neutralidade – em que pese se vê pelas redes sociais muitos apoiadores de Davino migrarem para JHC, como é o caso da jovem deputada Cibele Moura – que sempre foi ligada ao grupo do atual prefeito Rui Palmeira.
Em contrapartida vereadores (recém eleitos e antigos) divulgam apoio a Gaspar.

Prioridades

Sobre as principais prioridades, que o futuro prefeito deverá ter, o analista destacou os seguintes: “A saúde pública carece de grandes investimentos, transporte público de qualidade, moradia digna para as pessoas que residem na periferia, expansão da rede de creches e escolas municipais”, destacou.

Abstenção pode decidir

Em relação, à abstenção do eleitorado no segundo turno, Marcelo Bastos disse que ela poderá ser maior que no primeiro. “A eleição do primeiro turno mobiliza mais gente, por conta de eleger vereadores, onde sempre há algum membro da família buscando conquistar uma das vagas ou um amigo. Contudo, se ela empolgar o eleitor como ocorre no clássico CRB x CSA essa abstenção poderá ser diminuída”, contou.

Conforme explica Marcelo Bastos, a grande missão dos marqueteiros dos dois candidatos nesse momento não é só convencer o eleitorado que votou em outro candidato no primeiro turno e sim aquele indeciso.

Por fim, o analista político Marcelo Bastos disse que o próximo prefeito terá grandes desafios nos próximos quatro anos.

“Enfrentar o aumento significativo dos bolsões de misérias, em virtude da pandemia do Coronavírus que fechou muitas empresas gerando uma grande massa de desempregados, déficit habitacional causado pelo afundamento do solo nos bairros do Pinheiro, Bom Parto, Bebedouro e Sanatório, número insuficiente de creches para as mães deixarem seus filhos e irem trabalhar sem maiores preocupações.

Outro fator importante é que a pandemia fez com que a receita da capital via Brasília tenha diminuído, sendo assim acredito que o setor de serviços é uma das grandes saídas para amenizar os números negativos da economia junto com o turismo”, ressaltou.