Artigos

Academia rotária

16/11/2020
Academia rotária

Tive a honra, que me foi concedida pelo presidente Joper Padrão do Espírito Santo, de fazer a primeira palestra da recém-criada Academia Brasileira Rotária de Letras da Cidade do Rio de Janeiro (ABROL). Ao falar sobre a cultura do nosso Estado, não pude deixar de fazer inicialmente uma saudação ao caricaturista Lan (Lanfranco Vaseli), que acaba de falecer, na cidade de Petrópolis. Foi um emérito cultor do nosso samba, do futebol e das curvas femininas, todas parecidas com alguns acidentes geográficos do Rio de Janeiro.

Sobre o tema que me foi proposto, disse que caminhamos para uma renovação conceitual. Vem aí a existência de uma cultura digital, com todos os seus naturais e esperados desdobramentos.

O que não impede que se afirme, com absoluta convicção, que devemos tomar por base a existência e a programação do Teatro Municipal. Hoje, é certo, não estamos com o mesmo vigor de tempos atrás. Quando dirigi, no período 79 a 83, a Secretaria de Estado de Educação e Cultura foi possível montar 23 óperas em quatro anos, com casas sempre lotadas. Isso, hoje, é um sonho improvável.

Há uma particularidade: tínhamos total apoio do governador Chagas Freitas em todos os empreendimentos. Ele até adiantava os cachês dos artistas internacionais. Hoje falta dinheiro para tudo.

Voltou a faltar recursos para a operação da Escola de Teatro Martins Pena. O Teatro Villa-Lobos, construído por Adolpho Bloch, sofreu há anos um lamentável incêndio. Não foi reconstruído até agora, numa lamentável prova de descaso. A gente passa por lá e tem até vontade de chorar.

Temos saudade das máquinas de escrever e do Powerpoint que fazia o maior sucesso nas conferências de então. Queremos revigorar os museus da cidade, entre os quais merecem destaque o Museu Histórico, o Museu Nacional e pode ser citada a Biblioteca Nacional, com toda a sua falta de recursos. O Rio de Janeiro, embora tenha perdido a condição de capital política, jamais deixou de ser a capital cultural do país. Entre as instituições das quais temos orgulho, podemos citar o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, durante muitos anos presidido pelo acadêmico Arno Wehling. É essa tradição que devemos manter e se possível até ampliar.