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MPF entra com ação na justiça contra a União no caso da Cinemateca
O Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil pública contra a União pedindo a renovação do contrato de gestão da Cinemateca Brasileira com a Associação Roquette Pinto, e o repasse imediato de R$ 12 milhões, recursos já previstos e alocados no orçamento. A ação também pede a reestruturação, manutenção e empoderamento do Conselho Consultivo da Cinemateca em um prazo de 60 dias, entre outras demandas.
A urgência da demanda do MPF é, segundo a ação, “agravada diante da comprovada aceleração da degradação do acervo e do perigo real de incêndio (seria o quinto incêndio na história da Cinemateca, ou seja, um evento bastante previsível)”.
A Procuradoria pleiteia que a renovação emergencial do contrato de gestão seja feita em até cinco dias, “pelo período (transitório) de um ano, a contar (retroativamente) de 01.01.2020, com o consequente repasse orçamentário que originariamente já estava previsto e alocado para a execução do contrato de gestão da Cinemateca Brasileira para o ano de 2020, no valor de R$ 12.266.969,00, em favor da ACERP”.
Outra demanda é que não haja o desligamento de nenhum funcionário da instituição. A ação afirma que uma “desmobilização (por mera dispensa ou ausência reiterada de pagamento) causará irreparável prejuízo imaterial à União (que demorou anos, décadas, para formar ali um polo reprodutor de tal conhecimento especializado)”.
O documento foi ajuizado na 1.ª Vara Cível de São Paulo, e assinado pelo procurador da República Gustavo Torres Soares. Leia aqui a íntegra da ação.
A crise da Cinemateca vem desde 2013. Acirrou-se no ano passado, quando uma parte do contrato do Governo Federal com a Organização Social que administra a entidade – Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp) – foi encerrado por iniciativa do MEC. A Secretaria Especial de Cultura, vinculada ao Ministério do Turismo, é o órgão responsável pela Cinemateca.
A situação instável prolonga-se pelo menos desde abril, quando começaram manifestações de funcionários e da sociedade civil chamando atenção para os problemas criados pelo rompimento do contrato. Sem salários para funcionários e sem dinheiro para pagar compromissos, como a conta de luz e a brigada de incêndio, a Cinemateca não tem condições de exercer as funções para as quais foi criada e corre riscos sérios, como o de um incêndio.
Ainda em maio, o governo federal chegou a dizer que iria reincorporar a instituição à União, mas nenhuma medida foi anunciada ou tomada nesse sentido.
Autor: Guilherme Sobota
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