Brasil

O Brasil na imprensa alemã

27/05/2020
O Brasil na imprensa alemã

Bolsonaro não se importa com o bem-estar do povo, diz um dos colunistas mais importantes do Brasil, o conservador Merval Pereira. Ele só se importa em se manter no poder. Bolsonaro decretou que salões de beleza e academias de ginástica são “setores essenciais” e devem abrir novamente. Os prefeitos de várias cidades anunciaram que não seguiriam a regra.

Bolsonaro cria um caos institucional. Somente pelos jornalistas seu ministro da Saúde Nelson Teich soube do decreto – e ficou sem palavras. Ele renunciou alguns dias depois, após 27 dias no cargo. Bolsonaro queria forçá-lo a recomendar o polêmico remédio cloroquina, que seria milagroso contra a covid-19. Teich, oncologista, disse que não queria manchar sua carreira. Agora, um general do Exército lidera o Ministério da Saúde do Brasil.

Por quase 30 anos, Bolsonaro, um ex-capitão do Exército, integrou o baixo clero do Parlamento em Brasília. Ele construiu sua carreira insultando homossexuais, negros, a esquerda, as mulheres e minimizando a ditadura militar. Ele disse uma vez que 30 mil brasileiros teriam que ser mortos para o país funcionar corretamente. Seu núcleo de eleitores consistia em militares, policiais, bombeiros e milícias radicais de direita.

O grande momento de Bolsonaro veio em 2018, quando o Brasil sofreu uma profunda crise econômica e a classe política foi pega em escândalos de corrupção da esquerda para a direita. Nesta situação, ele prometeu: ordem! “Eu vou acabar com isso tudo!” Muitos acreditam nele. Até hoje.

Frankfurter Rundschau – Brasil, epicentro do coronavírus: o show dos horrores de Jair Bolsonaro (27/05)

Se horrorizar é algo comum agora no Brasil, dado o número vertiginoso de infecções por coronavírus. Mas como se isso não bastasse, a população do maior país da América Latina ainda são apresentadas ao modo como seu presidente de extrema direita Jair Bolsonaro se comporta quando não está diante de câmeras de TV ou de apoiadores.

Isso pode ser visto – e, acima de tudo, ouvido – em um vídeo de uma reunião de gabinete no final de abril. Até então, 3 mil brasileiros haviam morrido. De lá para cá, já são mais de 23.500. O vídeo deixa claro como Bolsonaro e seus ministros não se importam, de forma alguma, com a pandemia.

Die Tageszeitung – Bolsonaro e os madeireiros (24/05)

Madeireiros e grileiros aproveitam a crise de coronavírus. Enquanto os funcionários ambientais continuam enfrentando restrições a seu trabalho, o desmatamento continua. O presidente brasileiro de direita Bolsonaro está enfraquecendo a agência ambiental Ibama desde que assumiu o cargo em 2019: há menos funcionários para fiscalização. Para ele, a Amazônia é acima de tudo uma área para exploração econômica. Bolsonaro está intimamente ligado ao lobby ruralista brasileiro e questiona as mudanças climáticas provocadas pelo homem.

Isso é sempre alvo de críticas. Por exemplo, várias redes de supermercados britânicas estão ameaçando boicotar produtos em uma carta aberta, se for aprovada uma lei que incentive “mais apropriações de terras” na Amazônia. Esse projeto legislativo – também conhecido como “MP da grilagem” – foi apresentado por Bolsonaro em dezembro.

A lei legalizaria retroativamente o desmatamento ilegal e a ocupação ilegal de terras públicas ocorridas antes de 2018. Um total de 570 mil quilômetros quadrados seriam afetados, o que corresponde a uma área maior que a Espanha. Devido à pressão internacional, o texto não foi votado pelo Congresso na quarta-feira passada.

Em um vídeo de uma reunião do gabinete na quarta-feira passada, o ministro do Meio Ambiente, Salles, propôs aproveitar o momento em que “a mídia está apenas falando da covid-19” para “mudar todo o regramento” que impedem mineração e agricultura em terra protegida na Amazônia.