O ano era 2006, Natália Vieira da Silva tinha acabado de passar para o Exame de Seleção do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Palmeira dos Índios, hoje Instituto Federal de Alagoas (Ifal), no curso técnico integrado em Edificações. Com apenas 14 anos, ela não sabia que aquela era apenas a primeira de muitas conquistas na área. De técnica em Edificações, Natália seguiu para a verticalização e se formou em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Hoje aos 28 anos, ela é doutoranda pela Universidade de São Paulo (USP) e acaba de receber um renomado prêmio internacional: o “Materials and Structures Best Paper Award 2019”, pelo artigo científico: “Improved method to measure the strength and elastic modulus of single aggregate particles”, escrito em coautoria com Sérgio Angulo (professor da USP), David Lange (professor da Universidade de Illinois em Urbana Champaign), Aline Barboza (professora da Ufal) e Luís Marcelo Tavares (professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro), em reconhecimento aos melhores artigos de 2019 publicados na revista Materials and Structures.

Sua pesquisa trata-se de um ensaio mecânico que permite determinar a resistência e o módulo de elasticidade de partículas de agregados, possibilitando tornar conhecida a variação dessas propriedades em um agregado.

“Acredita-se que essas informações possibilitarão maior controle na produção do concreto, uma vez que poderá permitir selecionar agregados, conforme suas faixas de resistência/módulo elástico, com base nas propriedades mecânicas desejadas para o concreto. Isso resultará em maior aproveitamento dos materiais utilizados em sua produção, reduzindo assim o impacto ambiental”, explica a engenheira.

Para ela, a premiação traz maior destaque para sua pesquisa. “Publicar em uma revista internacional de nível A1 já é um grande reconhecimento da qualidade da pesquisa e ganhar esse prêmio é o reconhecimento do mais alto padrão na comunidade científica”, diz.

Trajetória de sucesso

Ao concluir o curso técnico em Edificações no Ifal Palmeira, o que era um sonho para ela, Natália teve a certeza de que queria atuar na área e optou por fazer o curso superior de Engenharia Civil na Ufal, a fim de aumentar seu conhecimento e sua capacidade de atuação profissional na construção civil. Lá, a estudante pôde desenvolver pesquisas e realizar um intercâmbio para a USP, onde teve a certeza de que queria ampliar seus conhecimentos através da pós-graduação.

“O Ifal Palmeira dos Índios foi, sem dúvidas, um divisor de águas na minha vida. Antes do Ifal, as possibilidades que enxergava em meu futuro eram limitadas. No Instituto, tive a oportunidade de conhecer pessoas que alargaram minha visão e descobri um mundo cheio de possibilidades. Tenho uma imensa gratidão a todos que fizeram parte da minha vida estudantil naquela época”, ressalta.

Mas duas professoras do campus naquela ocasião a influenciaram de uma maneira especial para que ela seguisse na carreira. “Suzann Cordeiro e Edja Laurindo. Na época, as duas faziam parte do pequeno quadro de professoras mulheres que ensinavam no curso de Edificações e eu admirava a expertise e a postura delas em sala de aula. Então pensava: um dia quero ser assim!”, relembra Natália.

Atualmente, a jovem mora nos Estados Unidos, onde atua como pesquisadora visitante da “University of Illinois at Urbana Champaign”, e desenvolve parte de sua pesquisa de doutorado pela USP. A previsão é que em julho deste ano, ela retorne para o Brasil. “Pretendo seguir na área acadêmica, gosto muito de pesquisar e gostaria também de ter a oportunidade de ensinar em sala de aula e poder, dessa forma, contribuir na vida de outros assim como muitos professores contribuíram na minha”, conclui a técnica em Edificações pelo Cefet/Ifal Palmeira.