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O Brasil na visão de Harari

06/01/2020
O Brasil na visão de Harari

O mundo inteiro acompanha com muito interesse as opiniões de Yuval Noah Harari, pesquisador de história e professor da Universidade Hebraica de Jerusalém. E não é para menos. Os seus últimos livros tornaram-se best-sellers internacionais: “Sapiens: Uma breve história da humanidade”, “Homo Deus: Uma breve história do amanhã” e “21 lições para o século 21”. Todas as obras do autor israelense fazem alusão ao “trem do progresso” que traz em si todos os componentes que serão responsáveis pela evolução da humanidade, como a inteligência artificial, a biotecnologia e os algoritmos de computação. Aqueles que não se engajarem nessa corrida estão expostos ao risco de extinção. Ele defende que todas as questões que hoje preocupam as nações devam ser solucionadas através da cooperação global. Afinal, todos os países compartilham a mesma terra, e acima deles está apenas o céu.

Considerado o “profeta dos novos tempos”, Harari tem um conhecimento amplo dos principais problemas atravessados pelos países de todos os continentes. Até o Brasil já entrou no radar de suas preocupações. Recentemente ele defendeu que o nosso país se alinhasse aos americanos, chineses e russos, para evitar futuros problemas nas áreas nuclear e do aquecimento global. É claro que a sua manifestação ocorreu antes das medidas trágicas que o nosso governo tem tomado. Com tristeza, observamos os cortes orçamentários profundos que estão sendo feitos nas  áreas da ciência e da tecnologia. Se não houver um recuo nessa ação predatória, o resultado será o desmonte de todas as pesquisas que estão sendo realizadas por especialistas e estudantes, prejudicando claramente a possibilidade de avanço nesses dois setores, considerados estratégicos para o desenvolvimento da nação.

Agora, Harari terá a chance de verificar in loco as suas observações sobre o Brasil, já que participará em novembro de eventos em São Paulo e em Brasília. Na oportunidade, ele pretende explicar alguns de seus pontos de vista, como o desastre econômico facilmente previsível para o país, em função da atual guerra comercial mundial, ou os prejuízos em nosso meio ambiente em consequência dos problemas climáticos mundiais. Sem falar no impacto da revolução da inteligência artificial que, em sua opinião, não serão positivos para o Brasil. Ao contrário, a tendência é que aumentarão em muito as desigualdades sociais.

Por incrível que pareça, a grande expectativa de Yuval Noah Harari em relação ao Brasil tem a ver com a competição agressiva travada entre chineses e americanos, e que pode ter consequências terríveis para a economia mundial. Segundo ele, por ser uma das nações mais importantes do planeta, o posicionamento da equipe econômica brasileira sobre essa grave questão poderá diminuir os riscos de graves prejuízos para as nações que dependem, de uma forma ou de outra, dos negócios que envolvem as duas potências.

Resumindo, para o pensador sabra, uma decisão do Brasil, um país que ainda não conseguiu harmonizar seus problemas econômicos e tem tomado atitudes desastradas, pode ser importante para amenizar o conflito envolvendo dois líderes radicais: o presidente americano Donald Trump e o primeiro-ministro chinês Li Keqiang. Esperamos que não haja decepção de sua parte. De qualquer forma, é muito bom que um filósofo do quilate de Harari deposite esperanças no Brasil. Isso deve servir de estímulo para que as nossas autoridades repensem algumas ações que estão sendo tomadas, prejudicando a educação e a ciência do país. Bem-vindo, Harari!