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Imprensa Oficial Graciliano Ramos lança novo livro de poesias de Fernando Fiuza

07/11/2019
Imprensa Oficial Graciliano Ramos lança novo livro de poesias de Fernando Fiuza

Mais livre do que nunca e ainda mais consciente de sua obra, o escritor alagoano Fernando Fiúza apresenta seu novo livro de poesias Livramento que será lançado na 9ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, nesta sexta-feira (8/11/19), a partir das 19h, no Arquivo Público de Alagoas. O evento gratuito e aberto ao público, contará com um bate-papo com o autor, seguido de sessão de autógrafos.

O livro, que foi editado pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, traz 60 poemas inéditos construídos ao longo de décadas e pode ser um considerado uma síntese da obra do poeta alagoano. Segundo o escritor, diferente de seus outros livros publicados Livramento traz uma liberdade temática. “A palavra livramento permite várias interpretações, trata-se de uma palavra sugestiva. Escolhi este título justamente para expressar a ideia de liberdade formal. A seleção de poemas, escritos ao longo de décadas, foi baseada apenas no critério de qualidade. Há poemas sobre o sentimento religioso e a melancolia, poemas eróticos, poemas sobre outros escritores, até uma série de ‘Adivinhas’”, descreve Fiuza.

Quando questionado sobre a fonte de inspiração para esta obra poética, Fiúza explica que a inspiração não é algo que se decrete. “Vem de qualquer coisa, de um alfinete à arte na era digital”. E de fato, em Livramento tudo é motivo de poesia “De Marilyn Monroe a Carlos Drummond de Andrade, dos deuses e o diabo, e até as coisas mais corriqueiras da vida como um alfinete, um chapéu específico e os ponteiros do relógio. A poesia estampa as páginas do livro assumindo diferente formas”, diz.

Apaixonado pela literatura, Fernando Fiuza é professor de Teoria Literária na Universidade Federal de Alagoas, escritor, autor de seis obras poéticas – entre elas, Outdó (2012) e Sonetos Impuros (2015), ambas publicadas pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos –  Fiúza reflete sobre o papel do escritor na sociedade contemporânea:  “O papel do escritor é modificar a percepção do leitor, reconfigurá-la, dá-lhe um tapa com luva de pelica, romper o automatismo, a mesmice, o rame-rame”.

Livramento é o sexto livro de poesia de Fernando Fiúza e poderá ser adquirido tanto na noite do lançamento quanto nos demais dias da programação da Imprensa Oficial Graciliano ramos durante a 9ª Bienal do Livro de Alagoas. Exemplares da obra podem ser encontradas na sede do Arquivo Público de Alagoas quanto no estande da editora no Armazém Uzina.

ENTREVISTA

Livramento é seu terceiro livro de poesia publicado pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos.  De onde surgiu a inspiração para escrevê-lo? Como vê o resultado de sua obra?

Como disse o poeta mineiro Murilo Mendes, “a poesia sopra quando quer”. Os poetas esperam a musa baixar, mas é preciso que o palco esteja arrumado para que isto ocorra. A inspiração não é algo que se decrete, mas ter tempo e saúde ajuda porque poesia exige uma enorme força mental. Livramento tem poemas que escrevi nos anos 1990 e nas duas décadas do século em que estamos. Conclui-o em 2017 e no livro há poemas daquele ano. A inspiração vem de qualquer coisa, de um “Alfinete” (p. 67) à arte na era digital, como “Suave Apocalipse” (p. 69). Mas há também poemas sobre o sentimento religioso e a melancolia, poemas eróticos, poemas sobre outros escritores, até uma série de “Adivinhas” (p. 66). O leque temático e o leque formal são largos.

Como vejo o resultado de minha obra? Construo minha obra conscientemente, cada livro tem uma proposta clara, cada um é organizado por um tema, como “Alagoado” (2008), só com poemas sobre Alagoas, ou por uma forma, como Outdó (2012), só com poemas curtos, e Sonetos Impuros (2015), só com sonetos (14 versos metrificados). Livramento é diferente. Como o título sugere, é um livro da liberdade temática e formal. Escolhi os poemas para compô-lo baseado apenas no critério de qualidade. É, de certa forma, uma síntese de minha obra.

O que o público leitor vai encontrar nesta nova obra?

Como já falei, o público leitor vai encontrar nesta obra muitos temas e formas. Há, por exemplo, poema sobre a cera (p. 12), sobre o chapéu panamá (p. 32), sobre os ponteiros do relógio (p. 13), sobre a relação da mulher com a vassoura (p. 27), sobre a janela (p. 30), sobre um prato de feijão (p. 31), enfim, sobre os deuses (p. 10) e o diabo (p. 18).

Quais são seus autores favoritos? Quais exerceram influência sobre sua produção literária?

Meus autores favoritos são muitos, tudo que leio, e leio muito, de uma maneira ou de outra, me influencia. Mas meus poetas preferidos são Homero, Sófocles, Baudelaire, Manuel Bandeira, Francis Ponge, Jorge Luís Borges, Murilo Mendes, João Cabral de Melo Neto e Jorge Cooper.

Que importância tem a literatura na sua vida? Quais poetas alagoanos têm a sua preferência?

A literatura é a coisa mais importante da minha vida. Vivo basicamente para ela, a que dou o melhor das forças vitais. Desde muito cedo soube que era poeta e conduzi a vida neste sentido. Já fiz e faço sacrifícios pela literatura, mas foi ela que me deu e me dá os melhores prazeres mentais. Alagoas é um estado pequeno, periférico, mas que deu e dá bons poetas: Jorge de Lima, Aloísio Branco, Jorge Cooper, Ledo Ivo, Carlos Moliterno, Vera Romariz, Marcos de Farias Costa, Sidney Wanderley, Octavio Cabral, Gonzaga Leão etc.

Como o poeta Fernando Fiúza se vê, refletido em sua poesia?

A poesia é e não é biográfica. Ela se vale da vida do poeta e da vida dos outros, mas modifica-as, não é um documento. A literatura em geral, e a poesia em particular, é o reino da ambiguidade. Ninguém deve procurar certezas factuais num livro literário.

Você percebe mudanças em sua trajetória autoral?

Todos os dias. Cada poema e cada livro são diferentes. Não gosto de me repetir.

Na sua visão, qual é o papel do escritor na sociedade contemporânea? Que tipo de contribuição pode dar à sociedade?

O papel do escritor é modificar a percepção do leitor, reconfigurá-la, dá-lhe um tapa com luva de pelica, romper o automatismo, a mesmice, o rame-rame.

Quais são seus próximos projetos literários?

Tenho dois livros de poemas bem encaminhados, escrevi um libreto para um musical sobre Calabar que gostaria de ver encenado e faço com certa frequência letras de músicas, algumas são cantadas e gravadas.

Serviço:

Imprensa Oficial Graciliano Ramos na 9ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas

Lançamento de Livramento, de Fernando Fiúza

Data: 8/11/19, a partir das 19h

Local: Arquivo Público de Alagoas – Rua Sá e Albuquerque, S/N, em frente a administração do Porto de Maceió

Evento Gratuito e aberto ao público

Preço do livro: R$ 20