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Juros futuros fecham em queda, com mercado de olho no STF, Congresso e exterior

06/06/2019

O mercado de juros retomou o que é visto como sua tendência natural e as taxas passaram a quinta-feira, 6, em baixa, com mínimas à tarde, em meio à aceleração da queda do dólar e à sessão em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga se o Congresso precisa dar aval para a venda de empresas estatais. O noticiário político, que na quarta-feira deu argumento para o mercado realizar parte dos lucros recentes, nesta quinta abriu caminho para as taxas voltarem a cair, com a ajuda do cenário internacional.

No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 estava em 6,390%, de 6,480% quarta no ajuste. As longas, que caíram com mais força, fecharam com queda em torno de 15 pontos-base. A do DI para janeiro de 2023 caiu de 7,441% no ajuste de quarta para 7,28%. O DI para janeiro de 2025 encerrou em 7,85%, de 8,011%.

Vitor Carvalho, sócio-gestor da LAIC-HFM, disse que o noticiário do dia foi marginalmente positivo, mas que não é preciso muito para o investidor aplicar no pré. “O noticiário até ajuda, mas a verdade é que não tem tomador de DI”, afirmou.

Diante da fraqueza da atividade e do quadro fiscal preocupante, movimentações em Brasília que possam contribuir para a reversão desse cenário acabam por estimular a redução de prêmios na curva. Foi o caso do julgamento do STF, retomado nesta quinta. Na medida em que cresciam os votos contra a liminar do ministro Ricardo Lewandowski, que defende a necessidade de autorização para as privatizações, as taxas batiam mínimas. A venda de estatais é considerada essencial para maior equilíbrio das contas públicas e a intermediação do Congresso, tida como um possível complicador no processo.

Sinalizações como essa, assim como a emitida mais cedo pelo Senado, que aprovou de forma simbólica o projeto de lei que atualiza o marco legal do saneamento, são lidas como comprometimento dos parlamentares com a agenda do crescimento. Um ponto de atenção, alerta Carvalho, é a questão do pedido de crédito complementar do governo ao Congresso necessário para garantir o cumprimento da regra de ouro, lembrando que na quarta o mercado reagiu mal ao adiamento da sessão da Comissão Mista de Orçamento (CMO) para o dia 11. “Deve passar na Comissão, mas há dúvida quanto ao plenário”, disse.

No exterior a quinta-feira teve novos indícios de que os juros no mundo devem seguir em patamares muito baixos, face às preocupações com o crescimento global. O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse que a instituição prevê manter suas principais taxas de juros nos níveis atuais por um período mais longo devido a “incertezas prolongadas”, o que enfraqueceu o dólar ante as demais moedas. Além disso, o mercado se animou com relatos de que a imposição de tarifas dos Estados Unidos ao México, a partir da semana que vem, pode ser adiada.

Autor: Denise Abarca
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