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Palmeira dos Índios: da Vila à cidade

20/08/2018
Palmeira dos Índios: da Vila à cidade

Os índios teriam começado a chegar a Palmeira desde 1660. São 357 anos firmando presença, cultivando a terra, consolidando a cultura, constituindo-se na principal referência étnica da terra. Os brancos que aqui já possuíam a terra doaram terras para os religiosos que continuamente estendiam pelo interior do território a marca da colonização. As pesquisas até agora convergem para a ideia de que os indígenas continuavam sob a pressão das armas portuguesas cujo objetivo seria limpar a região dos ataques indígenas, domesticá-los e pô-los a serviço da lavoura canavieira. Á época a escravidão dos negros já estava definitivamente estabelecida e considerada uma grande fonte de recursos, mas a Coroa portuguesa ainda não desistira completamente de transformar os nativos numa saída igual a dos africanos. Só desistiria disso em 1770.

 A CIDADE que cresceu sob o signo do progresso. Na foto sua feira, no passado uma das maiores de AL

A CIDADE que cresceu sob o signo do progresso. Na foto sua feira, no passado uma das maiores de AL

Passaram-se quase dois séculos até que o pequeno agrupamento se constituísse finalmente num pequeno arruado e arruado se fizesse vila. Diz-se que o casario do arraial era quase todo pintado de branco. Também o nome era diferente: chamava-se “Vila das Quatro Portas” e surgiu a 10 de abril de 1835, quase no mesmo ano em que nasce a Assembléia Legislativa de Alagoas e apenas 18 anos após surgir o próprio Estado, em setembro de 1817, fruto da decisão de D. João Sexto em recompensa a atitude do ouvidor Batalha e mais um punhado de senhores de engenho que se recusaram a apoiar a Revolução pernambucana de 1817, que pretendia criar no nordeste um segundo Brasil, um outro país, e separaram de Pernambuco o território que hoje é Alagoas.

Que tinha a vila?

Diz-se que era obrigatório nesta ocasião o Pelourinho, que era um lugar de execuções públicas e a Cadeia. Mas o pequeno povoado palmeirense tinha uma coisa a mais, nesta hora, dos que normalmente tinham as outras vilas ao se constituírem: uma escola, instalada pelo professor Felix Francisco Pinho “exclusivamente para o sexo masculino”. Terá nascido aí a vocação do município de Palmeira dos Índios para a educação?

É nesta altura que o povoado passa por um dos períodos mais singulares da sua história: brigas políticas vão ensanguentar o solo, criar o pânico na população e a lei que criava a vila é revogada em 04 de maio de 1846. Assim, 11 anos depois de surgir, a vila era apagada do mapa por meras questiúnculas políticas. Do tempo, o fato mais importante que a historia guarda é o assassinato do padre Caetano de Moraes, quando oficiava a missa. O sacerdote era inimigo do coronel Daniel das Flexeiras, um dos potentados da época. Somente 7 anos à frente os conflitos seriam pacificados e a restauração da vila dá-se a 23 de junho de 1853.

O pároco Chico do Rego Baldaia, um dos potentados de então, recupera as terras desmembradas para a comunidade. Não mais do que uma década à frente, a pequena Vila dá outro passo fundamental para a criação da sua mentalidade de hoje: a 9 de agosto de 1865 surgiu o primeiro jornal de Palmeira: “O Interesse Público”, de Manoel Antônio de Oliveira, com tipos de impressão, feita de cortiças de cajazeira O grande passo, entretanto, só seria dado a 20 de agosto de 1898 com a lei n.º 1092, assinada pelo presidente da província Manoel Fernandes Barros: neste momento o pequeno povoado torna-se a cidade de Palmeira dos Índios, a sempre famosa Princesa do Sertão.