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Bolsas de NY caem com política monetária, imigração e comércio no radar

21/06/2018

Um conjunto amplo de fatores fez com que os mercados acionários americanos encerrassem em baixa o pregão desta quinta-feira, 21. O temor de que as taxas de juros comecem a subir nas principais economias do mundo se somou às tensões comerciais entre Estados Unidos e China e à decisão da Suprema Corte americana de exigir que varejistas online recolham impostos sobre vendas no país. A questão imigratória também teve seu peso e contribuiu nas perdas das ações de tecnologia.

O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,80%, aos 24.461,70 pontos; o S&P 500 recuou 0,63%, aos 2.749,76 pontos; e o Nasdaq caiu 0,88%, aos 7.712,95 pontos. Com isso, o Dow Jones acumulou a sua oitava sessão consecutiva de queda.

Logo no início do dia, o tom mais “hawkish” emitido pelo Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) voltou a assombrar os mercados acionários quanto à possibilidade de juros mais elevados nas principais economias do globo. O banco central decidiu manter a taxa básica de juros inalterada em 0,5%, mas indicou que, em agosto, uma elevação deve ocorrer e informou que começará a reduzir o tamanho de seu portfólio quando o juro básico chegar a 1,5%, e não mais 2%, como se previa anteriormente.

O tom mais inclinado a um aperto monetário pelo BoE se soma a sinais emitidos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que vão no mesmo sentido. Na quarta-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, defendeu a continuidade da elevação gradual dos juros devido ao sólido desempenho da economia dos EUA. Além disso, ele afirmou que a autoridade monetária americana oferecerá menos orientação futura à medida que ocorre a normalização das políticas do Fed.

No âmbito comercial, os agentes se atentaram a uma entrevista concedida pelo secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross. De acordo com ele, o objetivo final do país é remover barreiras. “Nós vamos consertar o problema do protecionismo em todo o mundo e vamos fazer isso tornando mais doloroso para esses países ir adiante com más práticas do que fazer a coisa certa, que é reduzir as barreiras comerciais e baixar as tarifas”, disse Ross.

Durante a manhã, a Suprema Corte dos EUA determinou que as varejistas online terão de pagar impostos mesmo em Estados onde não têm presença física. Foi revertido, assim, um precedente de 1992, anterior ao advento da internet, que isentava essas empresas de deveres tributários em locais em que não tivessem unidades estabelecidas. Não por acaso, as ações da Amazon perderam 1,13% e desencadearam vendas de outros papéis de tecnologia.

Outro fator que pesou nas techs foi a decisão do presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, em adiar a votação do amplo projeto de lei sobre imigração na sexta-feira. Nos bastidores, os parlamentares republicanos admitem que não há consenso sobre o tema, colocando em risco sua aprovação. Vale ressaltar que cerca de 25% da mão-de-obra do setor é composta por pessoas de fora dos Estados Unidos. A Apple caiu 0,56%, o Twitter cedeu 1,93% e o Google perdeu 1,24%. O Spotify, no entanto, fechou em nível recorde, ao subir 1,77%, para US$ 179,53, após a Macquarie iniciar a cobertura do papel da empresa com preço-alvo de US$ 225.

No setor de energia, os investidores acompanharam os desdobramentos da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Os preços do petróleo caíram e, entre as ações relacioandas à commodity, a Chevron caiu 2,16% e a ExxonMobil recuou 0,94%.

Autor: Victor Rezende
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