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Crônica do acesso: o CSA e a lenda do campeão que resiste
Essa história mágica do futebol não começou hoje. Precisamos olhar os papéis, fazer um certo esforço e puxar pela memória. Vamos voltar um pouco. O ano era 2011, clássico contra o CRB, no Rei Pelé. Lembro bem do rosto dos azulinos nos minutos finais daquela partida. O empate era a queda no Alagoano. Mais uma, a terceira. Peso insustentável para aquela torcida.
Confira o Tempo Real de CSA 1 x 0 Tombense
Eles queriam ter o direito de ver o time em campo. Sabem o que é isso? Não de perder ou ganhar simplesmente. Queriam do futebol apenas o direito de vestir aquela camisa azul e sair para o estádio. Só para vê-la passar.
O mundo rodava, rodava… Aos 44 minutos do segundo tempo, um garoto chamado Washington, feito no Mutange, recebeu na área um passe de Rafael e bateu de primeira, de chapa. Um chute que demoliu paredes, zombou da morte e hoje ainda pode ser visto no Rei Pelé. Basta fechar os olhos. Ele evitou a queda fatal e se repetiu, repetiu em outros campeonatos, em grandes vitórias, e foi renovando a torcida insana.
O CSA virou o jogo, amigo, virou uma lenda do futebol. Lendas precisam dançar com a morte para saber do seu rosto e se encantar pela vida. Lendas são tomadas pela coragem, pela força que se tira ninguém sabe de onde. Lendas não temem mais o destino porque se reinventam, inspiram e se tornam até maiores do que seus feitos.
Depois daquele dia, o CSA foi maior a cada jogo. Não importava o resultado. Foi ganhando confiança, levado que foi pelo abraço da massa, e hoje está na Série B do Brasileiro. Isso não é pouco, isso não é tudo. A torcida, que resistiu porque manteve essa fé cega na força de uma bandeira, não grita apenas gol, ela se multiplica com eles.
Na última terça, na recepção ao time no aeroporto, o céu beijou a terra em Alagoas. Impossível esquecer as cenas. Azul espalhado pelas ruas, bandeiras espalhadas pela paixão e vida espalhada pelo escudo. As cores ficaram mais fortes, as letras mais claras, os jogadores dobraram de estatura e o CSA fez ouvir nos quatro cantos o impacto de sua lenda. Ninguém vai precisar mais aumentar essa história.
E essa história não termina por aqui, com um ponto final ou a vitória na partida contra o Tombense. Ela vai ser contada pelo tempo afora por todos que viram o CSA vencer o fim com um olhar valente, inquieto. Com a força de quem caminhou em brasas, derrotou previsões e vive no instante a glória do campeão que resiste, que não teme ninguém. Nada mais justo. O futebol beija hoje a velha bandeira e, com um largo sorriso, devolve a essa torcida a alegria que guardou durante a tempestade.
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