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Pesquisa da Ufal qualifica o relacionamento no SUS alagoano

29/06/2017
Pesquisa da Ufal qualifica o relacionamento no SUS alagoano

Um projeto de comunicação de uma professora da Ufal apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) está analisando a compreensão mútua no contato entre órgãos e pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é aplicar técnicas de relações Públicas e estruturar um modelo de gestão que atue para melhorar o relacionamento entre usuários e unidades de atenção básica.

Professora Sandra Nunes, da Ufal

Professora Sandra Nunes, da Ufal

A pesquisadora Sandra Nunes, docente da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) submeteu a proposta intitulada O modelo de gestão estratégia das relações públicas para os processos interacionais de acesso, acolhimento e vínculo na atenção básica à saúde, ao edital Programa de Pesquisa para SUS (PPSUS) e o projeto foi considerado meritório, mesmo concorrendo com áreas da medicina.

Inicialmente, a doutora em ciências da comunicação observou que existia uma grande carência na comunicação pública de saúde. A pesquisa propôs, então, mensurar se os transtornos de comunicação evidentes poderiam ser evitados se houvesse um esforço conjunto na atenção básica, para fortalecer relacionamentos.

Seria criado a partir daí um diálogo horizontal que, na comunicação, é caracterizado quando uma mensagem é compreendida de forma clara. As unidades de saúde previamente consultadas já assentiam de imediato que havia um problema na atenção básica, ligada a outros setores no sistema de saúde, e que o caminho da comunicação poderia ser uma proposta viável na resolução de problemas.

Verificando o SUS, a docente observou que as falhas de relacionamento e informação já eram bem conhecidas e estavam sendo combatidas por meio de programas distintos, como o Humaniza SUS, pois a interação comunicacional impacta efetivamente na realidade dos pronto-atendimentos.

Esta é uma preocupação nacional. O lançamento de alguns programas direcionados à comunicação já demonstra uma tentativa de aperfeiçoar o relacionamento. Porém, eles atuam sob uma diferente perspectiva, não envolvendo as Relações Públicas. A pesquisa é considerada inovadora neste quesito, aportando valores de linguagem aos vínculos da atenção básica.

De acordo com a pesquisadora, normalmente, são ofertadas programações com atividades e palestras tradicionais que, na maioria das vezes, não possuem eficácia, pois não atingem as expectativas daquele público, ou seja, estes incentivos ao diálogo não são formados no ponto de vista do usuário. A linguagem atualmente utilizada pode provocar um descompasso que, quando somado a outras ações, provocam um distanciamento do paciente com o posto de saúde da família.

“Esta não é apenas uma ação de comunicação para divulgar conteúdos. É uma proposta para deixar mais fortalecido o vínculo, que é tênue, entre uma organização e seus públicos”, explica a professora Sandra Nunes. Ela acrescenta que esta ligação pode ser facilmente abalada, por isso, a relação deve ser constantemente fortalecida.

Análises e pesquisa

Coruripe dispõe de litoral e espaços mais centrais e foi escolhida em função de suas características, como segundo maior município alagoano em área, distribuído geograficamente de forma similar ao estado de Alagoas. Assim, a equipe dividiu a cidade em três zonas, fazendo um apanhado do litoral norte, outro do litoral sul, e um último do centro da cidade. Neste momento está sendo analisado o litoral sul.

A equipe reúne estudantes de iniciação científica, um psicólogo e professores de Relações Públicas da Ufal. O primeiro passo da pesquisa in loco foi o de conhecer a fundo o perfil dos usuários e da rede de saúde pública. Foram preparados roteiros e feitas visitas iniciais; estes primeiros contatos embasaram os questionários que são aplicados hoje.

De acordo com a pesquisadora, normalmente, são ofertadas programações com atividades e palestras tradicionais que, na maioria das vezes, não possuem eficácia

De acordo com a pesquisadora, normalmente, são ofertadas programações com atividades e palestras tradicionais que, na maioria das vezes, não possuem eficácia

Os analisados, pacientes e servidores dos centros de saúde, têm respondido bem ao processo. Nas primeiras visitações, ainda permaneciam tímidos, com certo receio, o que diminuiu no decorrer das entrevistas. Estes grupos passaram a compreender os métodos e a se entender neste meio como elementos importantes de uma cadeia. “A tentativa é de camuflar a informação, no entanto, depois, eles passam a se soltar mais falando abertamente. Há um medo de estarmos fiscalizando, mas não é esta a interferência”, alega a especialista.

Com a coleta de dados, serão iniciadas as atividades dirigidas, separando estes setores em um novo planejamento, que vai dirigir um o olhar mais particularizado à comunicação administrativa, que está inserida dentro dos postos de saúde, atentando também à comunicação institucional, que são ações promovidas pelas próprias unidades para aproximar seus usuários.

“As debilidades são identificadas hoje, por conta de carências que há anos são acompanhadas nesta estruturação, de produzir a partir do que a instituição considera importante, e não a partir do que é percebido no ambiente como carência, porque neste caso a comunicação não se torna diálogo”, frisa Sandra Nunes.

O intuito é levar o estudo a outras unidades, mas por enquanto a pesquisa está atualmente associada apenas a Coruripe. No entanto, através do modelo criado com o piloto, será possível saber como conduzir as atividades em outros municípios.

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