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Músico alagoano, Djavan conta como quase se tornou jogador de futebol

12/04/2017
Músico alagoano, Djavan conta como quase se tornou jogador de futebol
Cantor alagoano jogou no juvenil do CSA, mas desistiu e virou profissional da música (Foto: Juicy Santos)

Cantor alagoano jogou no juvenil do CSA, mas desistiu e virou profissional da música (Foto: Juicy Santos)

Poucos sabem, mas a música popular brasileira quase perdeu um dos seus mestres para o futebol. Na adolescência, em Maceió, Djavan Caetano Viana Djavan Caetano Viana (Maceió, 27 de janeiro de 1949), filho de um vendedor ambulante e de uma lavadeira, foi meio de campo do time juvenil do CSA e poderia ter feito carreira profissional. Mas prevaleceu a paixão pelo violão, instrumento que aprendeu a tocar aos 16 anos.

Os pais, que costumavam ouvir Ângela Maria e Nelson Gonçalves em casa, o queriam militar e pensavam encaminhá-lo à Academia das Agulhas Negras, em Resende (RJ). Sem se entusiasmar pela ideia, ele os driblou, fugindo para a casa de um parente, no Recife. E foi lá que se decidiu pela carreira de artista.

Aos 23 anos, depois de se radicar no Rio de Janeiro, Djavan decolou para a fama e o sucesso. Em trajetória de quatro décadas, transformou-se numa importante referência da moderna MPB. A data vem sendo celebrada desde fevereiro de 2016, com a turnê do show Vidas pra contar, nome também do seu 20º álbum de estúdio. O cantor e compositor alagoano lançou ainda um disco gravado ao vivo, com 2 milhões de cópias comercializadas, e outros quatro lançados no exterior e voltados para os mercados de língua inglesa e espanhola.

Vidas pra contar, assistido pelo brasiliense no primeiro semestre do ano passado, no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, está de volta àquele palco. Djavan, que assina a direção do espetáculo, tem a companhia em cena da banda formada por Carlos Bala (bateria), Marcelo Mariano (baixo), João Castilho (guitarra e violão), Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn), Marcelo Martins (flauta e saxofone) e Paulo Calasans (piano e teclados). No repertório, as canções do novo CD.

É lenda ou verdade a história de que, antes de se tornar artista, você quis ser jogador de futebol?

Sempre gostei de futebol e desde criança jogava minhas peladas. Entre os 13 e 15 anos eu fui meio-campista do time juvenil do CSA e achavam que eu tinha algum talento. Mas aos 16 anos, descobri o violão e me apaixonei pela música. À época, estava morando em Recife, com um primo, fugindo de casa apavorado, porque meus pais queriam me mandar para a Academia das Agulhas Negras, em Resende (RJ). Quando voltei para Maceió, decidido a ser cantor, eles aceitaram a ideia. Aí, com amigos, fundei a banda LSD, que fazia cover dos Beatles e passamos a tocar em bares. Paralelamente, eu fazia shows solo de voz e violão, e um dos lugares onde me apresentava era o restaurante A Portuguesa, no CRB, clube rival do CSA.

Naquele tempo você já compunha alguma coisa?

Comecei a compor aos 18 anos, mas não era nada que tenha valido a pena. Daquela produção inicial, guardei apenas a canção Quantas voltas dá meu mundo, que incluí no repertório do A voz, o violão, a música de Djavan, o meu disco de estreia, lançado em 1976. Aí, eu já estava morando no Rio de Janeiro.

Você enfrentou dificuldades quando chegou ao Rio, disposto a conquistar seu espaço na MPB?

Inicialmente, não tive facilidade. Não conhecia ninguém, mas procurei me situar. O Adelson Alves era um radialista famoso naquela época que apresentava o programa O amigo da madrugada, na Rádio Nacional. Fui à emissora incontáveis vezes para mostrar o que estava fazendo. Até que um dia, me ouviu cantar. Mas me desencorajou, ao dizer que seu programa era voltado para o samba tradicional e que a música que eu fazia não se adequava à programação. Aí sugeriu que eu procurasse o João Melo, na Som Livre. O João também achou minha música “estranha” e perguntou se eu não fazia algo semelhante aos sambas da dupla baiana Antônio Carlos e Jocafi, que estava em voga. Por meio dele, conheci Waltel Branco, que também era produtor da gravadora. Ele disse que, minha música realmente era estranha, mas que eu não mudasse nada.

Seu primeiro disco saiu pela Som Livre. Quem foi seu padrinho artístico naquele momento?

Por meio do João Melo e do Waltel, João Araújo, pai do Cazuza e diretor da Som Livre, tomou conhecimento de Fato consumado, uma das primeiras músicas que compus no Rio. Ele não só a inscreveu no festival Abertura, em 1975, como se tornou meu tutor. Ele, por exemplo, avalizou o aluguel do apartamento que passei a morar. Aí, pude trazer minha mulher para morar no Rio. Fato consumado ficou em segundo lugar no festival e as coisas começaram a acontecer para mim.

Mas, naquele período inicial, você cantou em boates da Zona Sul Carioca. O sustento vinha dali?

Por três anos, eu cantei na noite carioca, nas boates Number One e 706. Eu era crooner da banda de Osmar Milito, músico de muito prestígio. Mas eu só me tornei conhecido naquele meio. Quem me conhecia elogiava bastante minha interpretação. Houve até a tentativa de produzir um show em que seria acompanhado por Hélio Delmiro, Luizão Maia e outros músicos da banda de Elis Regina. Ensaiamos bastante, mas o show, que ficou bonito, não ocorreu, por falta de público.

A voz, o violão, a música de Djavan, seu primeiro disco foi determinante para que um número maior de pessoas tomassem conhecimento do seu trabalho?

Com certeza. Embora eu tivesse incluído Fato consumado no repertório, a música que alavancou o LP foi Flor de lis, que viria a se tornar meu primeiro sucesso. É uma música que passei a cantar em todos os meus shows, até hoje.

Você teve boa acolhida dos companheiros de ofício, na primeira fase de sua carreira?

De alguns, sim. O Caetano Veloso, que fez show numa das eliminatórias do festival Abertura, quis conhecer mais do meu trabalho. Alguns artistas consagrados começaram a pedir música. Fiz A ilha, para Roberto Carlos; e Álibi, para Maria Bethânia. Essa canção deu título ao disco dela de 1980, que vendeu 1 milhão de cópias. Bethânia foi a primeira cantora da música popular brasileira a chegar a esse patamar de vendagem. Com o Chico, fui a um festival em Cuba e, na volta, compusemos em parceria Alumbramento, nome também do meu terceiro disco; e gravei com ele A rosa, nesse disco.

É com Caetano que você mais dialoga musicalmente?

São muitos os momentos na música em que Caetano e eu estamos juntos. Em Sina, me refiro a ele na frase de um verso ao cantar “como querer caetanear”. Ele também gravou essa música no disco Cores e nomes, e retribui dizendo “como querer djavanear”. Já em Eclipse oculto, ele canta “desperdiçamos os blues de Djavan”; e em Eu te devoro, volto a ele afirmando “noutro plano, te devoraria tal Caetano a Leonardo di Caprio. Somos parceiros em Linha do Equador (melodia de Djavan e letra de Caetano), que faz referência a Brasília e virou um clássico; e Invisível, gravada por Maria Bethânia, mas que não ficou muito conhecida.

Quais são seus discos mais emblemáticos?

O primeiro, sem dúvida, por me apresentar por inteiro ao público, que teve produção de Aloísio de Oliveira. Foi ele que escolheu Flor de lis, entre as mais de 60 que o entreguei, como música de trabalho. O segundo, Luz, que trazia músicas como Açaí, Pétala e Samurai e a participação de Steve Wonder, vendeu 600 mil cópias e me fez chegar a um número bem maior de pessoas também é muito importante em minha discografia. E cito ainda o Djavan ao Vivo, de 1999, que atingiu a marca de 2 milhões de cópias comercializadas.

Em Milagreiro, de 2001, há a participação de Cássia Eller. Como e quando a conheceu?

Lembro que a conheci numa dessas reuniões de artistas. Sempre gostei da voz, da interpretação e da atitude dela. Era uma cantora de grande força interpretativa. Na música Milagreiro, ela mostrou que tinha completo domínio do universo do flamenco. Me emociono ainda hoje quando ouço o duo que fizemos.

A turnê de Vidas pra contar é a mais longa das feitas por você?

Estou na estrada desde fevereiro de 2016 e prossigo até julho. Método de trabalho é o seguinte: durante um ano, cuido de criar composições e gravá-las. No outro, depois de lançar o disco, saio em turnê com o show. Mas o Vidas pra contar continua recebendo tantos pedidos para ser visto em cidades onde não foi apresentado; e, para voltar a outros lugares onde estive, como Brasília, que decidi continuar fazendo, mesmo já estando com a cabeça em novo projeto.

O show o traz de volta a Basília num momento em que a capital federal vive em completa ebulição, principalmente na área política. Como analisa esse momento da vida do país?

O Brasil está vivenciando um período inédito, purgando nossas mazelas, dentro de uma nova ordem constitucional. Tudo o que não queremos é a velha política, cheia de vícios. Precismos reverter essa situação, com uma política progressista, com uma agenda que tenha como foco a educação, a saúde, a economia, colocadas a serviço da população, do bem-estar do povo; e não apenas dos privilegiados. Não é fácil, mas dia menos dia, com a participação de todos os cidadãos, isso vai acontecer.

Composições retratam a riqueza das cores

As músicas de Djavan são conhecidas pelas suas “cores”. Ele retrata muito bem em suas composições a riqueza das cores do dia a dia e se utiliza de seus elementos em construções metafóricas de maneira distinta dos demais compositores. As músicas são amplas, confortáveis chegando ao requinte de um luxo acessível a todos. Até hoje é conhecido mundialmente pela sua tradição e o ritmo da música cantada.

Djavan combina tradicionais ritmos sul-americanos com música popular dos Estados Unidos, Europa e África. Entre seus sucessos musicais destacam-se Seduzir, Flor de Lis, Lilás, Pétala, Se…, Nem Um Dia, Eu te Devoro, Açaí, Segredo, A Ilha, Faltando um Pedaço, Oceano, Esquinas, Samurai, Boa Noite e Acelerou.

Djavan é filho de uma mãe negra e de um pai branco que trabalhava como ambulante. Sua mãe, lavadeira, entoava canções de Ângela Maria e Nelson Gonçalves. Djavan poderia ter sido jogador de futebol. Lá pelos 11, 12 anos, o garoto Djavan Caetano Viana divide seu tempo e sua paixão entre o jogo de bola nas várzeas de Maceió e o equipamento de som quadrafônico da casa de Dr. Ismar Gatto, pai de um amigo de escola. Da primeira paixão, despontava como meio-campo no time do CSA (Maceió), onde poderia ter feito até carreira profissional. Aos 23, chega ao Rio de Janeiro para tentar a sorte no mercado musical. É crooner de boates famosas – Number One e 706. Com a ajuda de Edson Mauro, radialista e conterrâneo, conhece João Mello, produtor da Som Livre, que o leva para a TV Globo. Passa a cantar trilhas sonoras de novelas, para as quais grava músicas de compositores consagrados como “Alegre Menina” (Jorge Amado e Dorival Caymmi), da novela “Gabriela”; e “Calmaria e Vendaval” (Toquinho e Vinícius de Moraes).

“Fato Consumado”, o abre-alas

Em três anos, nas horas vagas do microfone, compõe mais de 60 músicas, de variados gêneros. Com uma delas, “Fato Consumado”, tira segundo lugar no Festival Abertura, feito pela Rede Globo, e chega ao estúdio da Som Livre. De lá sai com seu primeiro disco, das mãos do mítico (de Carmen Miranda a Tom Jobim) produtor Aloysio de Oliveira. “A voz, o violão, a música de Djavan”, de 1976, é um disco de samba sacudido, sincopado e diferente de tudo que se fazia na época. Visto hoje, este trabalho não marca apenas a estreia de Djavan. Torna-o figura incontornável na história da música brasileira. O seu primeiro álbum trouxe o “carro-chefe”: “Flor de Lis” que se torna um grande hit nas rádios. Além dos sucessos: “Flor de Lis” e “Fato Consumado”, o álbum mostra outras composições que ganharam reconhecimento entre críticos e fãs: “Maria das Mercedes”, “Embola Bola”, “Para-Raio”, “E Que Deus Ajude”, etc.

“Cara de Índio”

Depois de algum tempo, fez shows solo durante três meses para a boate 706, e posteriormente sairia da Som Livre integrando-se à Odeon. Djavan grava seu segundo disco, de título Djavan, lançado em 1978, que posteriormente receberia o subtítulo de “Cara de Índio” (nome da primeira faixa do álbum).

Além de “Cara de Índio” que retrata a cultura e a visão social dos índios brasileiros, o álbum possui a canção “Álibi” que na mesma época seria gravada por Maria Bethânia, tornando-se um enorme sucesso no país, que foi a faixa-título do álbum de maior sucesso da cantora, Álibi (que foi o primeiro álbum de uma intérprete feminina na História da Música Brasileira cuja venda ultrapassou 1 milhão de cópias). Outras canções do mesmo álbum também seriam regravadas: “Dupla Traição” por Nana Caymmi e “Samba Dobrado” por Elis Regina no Montreux Jazz Festival.[1][4] Djavan também grava um videoclipe da canção “Serrado” para o programa Fantástico da Rede Globo e, mesmo não estando mais na Som Livre, torna-a em mais um sucesso do artista. Dentre outras canções importantes do álbum está “Nereci”, constando de várias coletâneas internacionais, sendo classificada na maioria como uma “canção dançante”.

“Meu Bem Querer”

Empolgada com seu novo artista, a EMI-Odeon investe pesado no segundo disco, “Djavan”. Com uma orquestra dos melhores músicos da praça de 1978, o álbum, marcado pela descoberta das grandes canções de amor e desamor, consagra-o como um compositor completo. Dois anos depois, em 1980, Djavan lança “Alumbramento” e mostra que, além de completo, dialoga bem com seus pares. O disco inaugura parcerias com Aldir Blanc, Cacaso em “Triste Baía de Guanabara” e Chico Buarque em “A Rosa”, agora definitivamente colegas de primeiro time da MPB. A esta altura, talento reconhecido por crítica e público, Djavan vê algumas de suas músicas ganharem outras vozes: Nana Caymmi grava “Dupla Traição”; Maria Bethânia, “Álibi”; Roberto Carlos, “A Ilha”; Gal Costa, “Açaí” e “Faltando um Pedaço”; e Caetano Veloso, retribuindo a homenagem do verbo “caetanear”, substitui-o por “djavanear” em sua versão de “Sina”. A canção “Meu Bem Querer” foi trilha sonora de três telenovelas da Rede Globo: “Coração Alado”, como tema da personagem Vívian, interpretada por Vera Fischer, “A Indomada”, na versão original e ainda foi tema de abertura da novela “Meu Bem Querer”, em nova versão. A música se tornou um dos maiores sucessos da carreira do cantor.

“Seduzir”

Em 81 e 82, Djavan leva o prêmio de melhor compositor pela Associação Paulista dos Críticos de Arte. O ciclo vitorioso de lançamentos pela EMI-Odeon encerra-se em 1981, com “Seduzir”. Um disco de afirmação, como o próprio Djavan escreveria em seu encarte: “O pouco que aprendi está aqui. Pleno. Dos pés à cabeça”. Depois de uma viagem de Djavan à cidade de Luanda na Angola, surgem as primeiras canções a falar da África e o início das turnês pelo Brasil, guiadas pela produtora Monique Gardenberg e o diretor Paulinho Albuquerque. O álbum “Seduzir” foi avaliado pela allmusic com nota máxima, onde o crítico Alex Henderson compara as composições e estilo musical de Djavan aos do Beatles e Stevie Wonder, além de citar como significantes faixas como “Seduzir”, “Morena de Endoidecer”, “Jogral” e “Faltando um Pedaço”. Outra herança de “Seduzir” foi a primeira banda própria, de nome “Sururu de Capote”, composta por Luiz Avellar no piano, Sizão Machado no baixo, Téo Lima como baterista e Zé Nogueira nos sopros.

“Luz” e o reconhecimento internacional

Em 1982, a música “Flor-de-lis”, hit instantâneo do disco inaugural, tornou-se o primeiro sucesso de Djavan no disputado mercado norte-americano, na voz da diva Carmen McRae, com o título de “Upside Down”. Chega o convite da gravadora CBS, futura Sony Music, e Djavan embarca para Los Angeles para gravar, sob a produção de Ronnie Foster, um dos principais nomes da música “Soul” norte-americana, o disco “Luz” (1982), que tem a participação de Stevie Wonder na canção Samurai, além de outros imensos sucessos como Sina, Pétala, Açaí, Capim e Luz. O trabalho resulta em uma mescla da musicalidade brasileira típica de se exportar com a influência jazzy americana.

Em 1984, em Los Angeles, Djavan grava ainda um segundo disco, “Lilás”. Seguem-se dois anos de viagens em turnê pelo mundo. Ainda nesta época, Djavan se dedica a carreira de ator, no filme Para Viver um Grande Amor, filme de Miguel Faria Jr., no qual Djavan interpreta um mendigo apaixonado que se apaixona pela moça rica, interpretada por Patrícia Pillar. Djavan também produziu e compôs juntamente com Chico Buarque para a Para Viver um Grande Amor. Em 1983, participou do maior hit, “Superfantástico”, do grupo infantil de grande sucesso “Turma do Balão Mágico”.

Lilás foi executada mais de 1.300 vezes nas rádios brasileiras no dia de estreia

Djavan lança o álbum Lilás, com a faixa título: Lilás, que foi executada mais de 1.300 vezes nas rádios brasileiras em seu dia de estreia. O álbum ainda produz outro grande sucesso para as rádios: Esquinas. Em 1985, é lançada uma compilação do repertório dos álbuns Luz e Lilás nos EUA. Em 1986, volta a gravar no Brasil. “Meu lado”, além do retorno, é também um recomeço. Uma volta ao samba, já com estilo musical identificado pelo público, mas também um passeio por baiões, canções e baladas. Este é o Djavan em dez anos de carreira: explorador do som das palavras, das imagens inusitadas, da variedade rítmica, das brincadeiras com andamentos, melodias fora dos padrões e riqueza harmônica.

Presente em outras canções, a ancestralidade africana está impressa em “Meu lado”, com a “Hino da Juventude Negra da África do Sul” e com ainda maior vigor em “Soweto”, sua primeira canção efetivamente de protesto, música que abre “Não é azul, mas é mar” (1987), gravado novamente em Los Angeles e lançado como Bird of Paradise, com canções em inglês de Djavan, Stephe’s Kingdom (com participação de Stevie Wonder[10]) Bird of Paradise e Miss Sussana. O disco seguinte, “Djavan” (1989), é lembrado como “aquele de ‘Oceano'”, o clássico, uma daquelas raras canções perfeita em forma, conteúdo, música e letra. A faixa-título, inclusa na trilha sonora da novela Top Model, torna-se um dos maiores sucessos do compositor. O álbum produz ainda outros sucessos como “Cigano”, “Avião” e “Mal de Mim”, esta inclusa na minissérie da TV Globo “O Sorriso do Lagarto”.

Assim como Bird of Paradise, Oceano também é lançado no exterior em 1990, com o título de Puzzle of Hearts contendo versões em inglês para as faixas “Avião” (Being Cool), “Oceano” (Puzzle of Hearts) e “Curumim” (Amazon Farewell).

Anos 1990: diversificação de estilos em “Coisa de Acender”, “Novena”, “Malásia” e “Bicho Solto”

Djavan inicia os anos 90 com o aclamado álbum Coisa de Acender. Lançado em 1992, é um dos álbuns mais criativos e diversificados do cantor, onde se pode notar uma grande influência de estilos como jazz, soul, blues e funk norte-americano, aliados ao estilo inconfundível de suas composições. Merecem destaque as faixas “Linha do Equador” (parceria de Djavan e Caetano Veloso), “Se”, “Boa Noite”, “Alivio”, “Outono” e “A Rota do Indivíduo (Ferrugem)”, uma balada densa e introspectiva, de melodia complexa e muito elaborada.

Em 1992, na fusão de ritmos e harmonias inovadoras de “Coisa de Acender”, voltam as parcerias, entre elas, com a filha Flávia Virginia, no vocal em várias faixas. Aos 45 anos de vida e 20 de carreira, em 1994, Djavan lança “Novena”, obra que marca sua maturidade. Inteiramente composto, produzido e arranjado por ele, o disco consolida o trabalho com sua banda, composta então por Paulo Calazans no teclado, Marcelo Mariano ou Arthur Maia, baixo, Carlos Bala na bateria e Marcelo Martins, sopros.

Malásia

Com “Malásia” (1996), a banda se expande e ganha a participação do naipe de metais: Marçalzinho na percussão, Walmir Gil no trompete e François Lima no trombone. O álbum traz, raro, três faixas de outros compositores: “Coração leviano”, de Paulinho da Viola, “Sorri”, versão de Braguinha para “Smile”, de Chaplin e “Correnteza”, de Tom Jobim e Luiz Bonfá. No disco, Djavan está reflexivo e melódico. “Bicho Solto” (1998), dois anos depois, já traz o artista festivo e dançante, incendiando pistas ao ritmo do funk. Ambos os trabalhos comemoram os 20 de carreira, o primeiro com seu estilo pessoal, o segundo, com o rejuvenescimento do artista. Entre as parcerias, a entrada definitiva do guitarrista Max Viana, seu filho, na banda. A marca de dois milhões de cópias vendidas fica a cargo do duplo “Ao Vivo” (1999). Primeiro gravado fora dos estúdios, o disco traz quase uma antologia de sua obra, com 24 faixas, 22 grandes sucessos. O lançamento leva Djavan a três anos de turnê.

Anos 2000: “Milagreiro”, “Vaidade”, “Na Pista Etc” e “Matizes”

A canção “Acelerou” foi escolhida a melhor canção brasileira de 2000 no Grammy Latino. No ano 2000, Djavan recebeu os Prêmios Multishow de melhor cantor, melhor show e melhor CD.[12] “Milagreiro”, de 2001, é uma dupla volta para casa. O primeiro gravado integralmente em seu estúdio caseiro, com a ajuda dos filhos Max e João Viana e Flávia Virginia e um retorno à casa original, Alagoas, com a onipresente temática nordestina.

Em 2004, o músico comemora independência total, com a criação de sua própria gravadora, a Luanda Records, que viria a lançar seus dois discos seguintes, “Vaidade” (2004) e “Na pista etc” (2005) além de um disco de suas canções remixadas para dançar. E “Matizes” lançado em 2007, e que promoveu em turnê pelo Brasil. É o surgimento do empresário Djavan Caetano Viana.

Anos 2010: “Ária”, “Rua dos Amores” e “Vidas pra Contar”

Em 2010, “Ária” é o primeiro em que Djavan exerce exclusivamente a arte de interpretar canções de outros compositores. Sempre rigoroso na condução de sua carreira, ele aguardou o auge da maturidade vocal para se debruçar sobre um repertório escolhido entre a sua memória afetiva e suas antenas sempre ligadas para o que é musical e interessante.

Em 2012, lança “Rua dos Amores”. Após quatro anos sem deliberadamente compor nada – além do intenso envolvimento com “Ária”- Djavan nos presenteia com este novo disco. Passeando pelos ritmos e sonoridades brasileiras como quem atravessa a rua onde nasceu, cresceu e se criou, o autor assina letras e melodias das 13 novas canções, fez todos os arranjos e é o produtor do CD. “Rua dos amores” é um disco de canções de amor, ponto. E canções as mais diversas possíveis, na forma e no conteúdo. Ouvi-las é passear por essa diversidade, sem perda de um estilo único jamais. A Música “Vive” em parceria com Maria Bethânia é tema da novela Salve Jorge. No ano de 2014 é lançado o CD e DVD “Rua dos Amores Ao Vivo”. Neste estão presentes sucessos do cantor, além da música inédita “Maledeto”.

Em 2015, Djavan recebe um Grammy Latino pelo conjunto da obra. Em 2016, foi indicado ao Grammy Latino de Gravação do Ano e ao Grammy Latino de Melhor Canção em Língua Portuguesa por sua canção “Vidas Pra Contar”; o álbum da faixa, homônimo, também foi indicado ao Grammy Latino de Álbum do Ano e ao Grammy Latino de Melhor Álbum Cantador.

 

* com Correio Braziliense e Wikipédia

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