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Associações acertam com Governo do Espírito Santo, mas mulheres prometem resistir

11/02/2017
Associações acertam com Governo do Espírito Santo, mas mulheres prometem resistir
Os secretários Eugênio Ricas, Paulo Roberto Ferreira, Julio Pompeu e José Carlos da Fonseca Filho (Foto: ESHoje)

Os secretários Eugênio Ricas, Paulo Roberto Ferreira, Julio Pompeu e José Carlos da Fonseca Filho (Foto: ESHoje)

Desde a manhã de sexta-feira, 03, quando esposas, filhas e outros parentes de policiais militares fecharam o primeiro batalhão da PM – 6º na Serra -, as associações que representam cabos, soldados e outras patentes militares garantiram não fazer parte de protesto e não falarem por eles. Porém, na noite desta sexta-feira, 10, quando completou oito dias em que os capixabas não puderam contar com a Polícia Militar do Espírito Santo nas ruas, as mesmas entidades fecharam acordo com o Governo do Estado prometendo o fim do protesto.

Um documento assinado por representantes do Poder Executivo estadual foi anunciado como garantia de que a PMES e os Bombeiros Militares voltariam a fazer a segurança ostensiva e preventiva. Contudo, o que impede os oficiais a deixarem batalhões e o Quartel Geral da PM, em Maruípe, em Vitória, continha: as mulheres garantem que não foram ouvidas e sequer recebidas pelo governo. E que não assinaram acordo algum

“Não sairemos daqui. As associações não nos representam, e nunca lideraram o movimento. Não vamos sair daqui e não tememos força para nos tirar, porque nosso protesto é pacífico. Exigimos para nossos maridos e filhos segurança para dar segurança a população. Eles trabalham sem reajuste há sete anos, com coletes à prova de bala vencidos, em viaturas com pneus carecas e sem gasolina. Não faremos acordo algum se não olharem por eles”, afirmou esposa de um soldado que está há uma semana na porta do QGPM. Ela pediu para não ter o nome revelado.

Dentre as exigências das mulheres está a garantia de que nenhum oficial será punido pelo protesto e que sejam respeitadas as leis que garantem a promoção dos militares, bem como o reajuste salarial e as melhores condições de trabalho.

Em coletiva na noite desta sexta, enquanto no Palácio da Fonte Grande – sede administrativa do Governo Estadual, no centro de Vitória – o acordo era firmado e uma entrevista coletiva era concedida, mais mulheres chegavam para dar reforço nas portas dos batalhões.

No governo o secretário de Direitos Humanos, Julio Pompeu, disse que o Estado não tem que discutir com esposa, mas com os militares. “Nossos servidores públicos militares são homens e mulheres do nosso Corpo de Bombeiro e da Polícia Militar. Amotinados, eles comentem crime. Eles, que mantendo o movimento, pagam com o emprego. O dever de lealdade quem fez o juramento foram eles e não suas esposas, As associações que os representam legitimamente são os que convidamos para nos reunirmos. Com as esposas é um movimento popular, e sobre elas não recai o peso da responsabilidade”, disse Pompeu. Ele solicitou que os militares conversem com seus familiares para não serem mais impedidos e retornem às ruas às 7 horas da manhã deste sábado (11).

A reportagem de ESHOJE conversou com militares, dentro dos batalhões e foi informada que o nível de estresse é grande internamente. Há casos de militares que precisaram ser levados para a área psiquiátrica do Hospital da Polícia Militar (HPM), além de crise de ansiedade e outras formas de problemas emocionais. “Tem comandante fazendo pressão psicológica e precisamos socorrer alguns colegas, porque a situação está tensa”, informou um militar.

Acordo “atrasado”

Questionados sobre a possibilidade de terem evitado as mais de 120 mortes ao longo da semana do protesto, o secretário Julio Pompeu disse que foi feito o que está dentro do nível do aceitável. O questionamento foi baseado no fato de o governo estadual ter procurado as associações para fechar o acordo. Se a alternativa tivesse sido buscada já na sexta-feira, 3 de fevereiro, quando o movimento foi iniciado, os casos de violência poderia não ter acontecido, levado o Estado a solicitar apoio das forças federais.

“Elas ultrapassaram o limite do razoável. Temos na historia do país muitos movimento dos policiais que não podem fazer greve, mas se comportam desta maneira e arcam. Aqui são pessoas intransigentes, mas não são elas que arcam com isso. As associações não provocaram o movimento e não assumiram, mas assumiram a tarefa de dar um fim nele”.