Política

Compra de votos pode tirar mandato de Gleysson Ferro

25/11/2016
Compra de votos pode tirar mandato de Gleysson Ferro

Concluído o processo eleitoral nos municípios brasileiros, alguns ainda não sabem quem assumirá o cargo de prefeito no ano que vem. São as cidades em que os candidatos mais votados continuam com registro de candidatura pendente de decisão final na Justiça Eleitoral e outros com ações de investigação eleitoral que podem culminar no impedimento da diplomação e da posse do candidato eleito.

Em Alagoas, três municípios vivem essa situação, a depender do julgamento das ações interpeladas junto à Justiça Eleitoral, antes da diplomação dos prefeitos eleitos no último dia 2, algumas mudanças acontecerão em pelo menos quatro municípios alagoanos. Nas cidades de Maragogi, Pão de Açúcar, Pilar e Minador do Negrão, os candidatos eleitos Fernando Sérgio Lira, Dr. Flavinho, Renato Rezende e Gleysson Ferro.

Nos três primeiros municípios, respectivamente, os candidatos distribuíram, durante todo o período eleitoral, o “Bolsa Voto”, estratégia que consistia em prometer aos portadores dos cartões o acesso a uma espécie de Programa Bolsa Família municipal.

A estratégia foi lançada pelo marqueteiro das campanhas, Tadeu Lira, que implantou a mesma ideia nos municípios em que coordenou, influenciando diretamente na opinião de milhares de famílias carentes, prometendo o acesso ao benefício em troca dos votos.

Em Maragogi, com tiragem de cinco mil unidades, os cartões traziam no verso, a simulação de uma tarja eletrônica com o nome e número do candidato. Nos lugares onde eram distribuídos, a informação era de que a partir de janeiro, cada maragogiense de baixa renda receberia um benefício em dinheiro. Para explicar o funcionamento do programa ‘Bolsa Viva Bem, Maragogi’, alguns cabos eleitorais do candidato garantiam que o pagamento seria efetuado mensalmente e complementaria a renda do eleitor. Para isso, ele teria somente que garantir o voto em Fernando Sérgio Lira, candidato pelo PP com o número 11.

Outro agravante, que pode enquadrar Sérgio Lira em crime de corrupção eleitoral, é o fato de que o médico, especialista em reumatologia, realizou em sua residência, diversos atendimentos médicos gratuitos com consultas e prescrição de medicamentos. Na ocasião da denúncia, o fato foi confirmado pelo próprio pré-candidato, que ao conceder uma entrevista na rádio Maragogi FM, mencionou que desde o dia 04 de maio – quando voltou a se instalar no município, sua residência havia se transformado em uma “UPA II”, fazendo alusão clara de que teria atendido um bom número de pessoas de forma irregular e tendenciosa. Vale ressaltar que o Código de Ética dos

Médicos é taxativo ao dizer que “o trabalho do médico não pode se explorado com finalidade política ou religiosa”. Portanto, não é admitido que o pré-candidato utilize-se da notoriedade de sua profissão com finalidade política e, o próprio código de ética dos médicos proíbe tal prática. Mais do que uma irregularidade administrativa, a conduta caracteriza compra de voto camuflada, através do exercício ilegal da função.

A assessoria jurídica da coligação do seu opositor, Marcos Madeira (PMDB) ingressou com uma ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) por captação ilícita de sufrágio, ‘compra de votos’.

 

Sertão: compra de votos gravados

Porém, o município mais emblemático deles é Minador do Negrão, no sertão alagoano, que tem histórico de violência política.

Lá, além da derrota marcante do ex-deputado Cícero Ferro (PRTB) que ficou em terceiro lugar nas urnas de outubro com apenas 500 votos, uma ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) por abuso de poder econômico e captação ilícita de sufrágio contra o prefeito eleito Gleysson Correia Cardoso Ferro tramita na 46ª Vara Eleitoral, com sede em Cacimbinhas.

A ação colaciona provas robustas contra o prefeito eleito, inclusive juntando áudios comprovando a transação ilícita no período eleitoral.

Se o candidato Gleysson Correia Cardoso Ferro, vencedor da eleição – tiver sua candidatura impugnada, os votos recebidos por ele serão computados como nulos e assume o segundo mais votado Josias Soares da Silva.

 

Coligação pede cassação de Gleysson e Emílio Barros

 

A ação foi intentada pelo advogado Diogo André Nobre, da coligação “Unidos por um Minador Melhor”, do candidato derrotado Josias Soares da Silva, o Josias Aprígio (DEM). 

 

Na petição protocolada sob número 51.468/2016, além de Gleysson Cardoso Ferro e Emílio Barros, o candidato a vereador Ivan Terto (PMDB), também foi acusado pelo crime de compra de votos em todo o município.

 

Os advogados de Josias Aprígio ainda entregaram um áudio em que os acusados combinam o valor da compra de votos e de que realmente houve a captação ilícita de sufrágio e o abuso do poder econômico. 

O áudio contém as vozes do prefeito eleito e do candidato a vereador no diálogo com um morador do sítio Jiquiri, zona rural do município, oferecendo vantagens ao eleitor em troca de votos.

Gleysson Cardoso foi eleito prefeito de Minador do Negrão com 1.831 votos (50,10%). Já o empresário José Aprígio obteve 1.268 votos (34,69%).