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Rafael Silva não breca o mito Teddy Riner e tenta o bronze via repescagem

12/08/2016
Rafael Silva não breca o mito Teddy Riner e tenta o bronze via repescagem
Rafael Silva tenta se livrar da pegada do francês Teddy Riner, no duelo pelas quartas (Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CBJ)

Rafael Silva tenta se livrar da pegada do francês Teddy Riner, no duelo pelas quartas (Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CBJ)

Atleta mais pesado da delegação brasileira na Rio 2016, Rafael Silva, o Baby, não costuma sentir o peso de defender o país em grandes competições. Ganhador do bronze olímpico em Londres 2012 e de duas medalhas em Mundial (prata e bronze), o gigante de 2,03m e 170kg venceu com muita facilidade, por ippon, um fraco hondurenho em sua estreia. E, também com um golpe perfeito, despachou o perigoso russo Renat Saidov nas oitavas de final. Porém, o terceiro duelo dele na manhã desta sexta-feira era contra o mito do judô mundial Teddy Riner, dono de oito títulos mundiais e atual campeão olímpico. O francês, que entrou no tatame da Arena Carioca 2 com uma invencibilidade de 109 lutas no peso-pesado (até 100kg), sentiu a força da pegada de Baby e o grande apoio da torcida, mas, com um wazari, acabou levando a melhor pela oitava vez em oito confrontos. A derrota, porém, não tira as chances de pódio do sul-mato-grossense de 29 anos, que vai tentar buscar o seu segundo bronze olímpico através da repescagem.

A disputa das repescagens, semifinais e finais do último dia do judô na Rio 2016 acontecerão no bloco da tarde, a partir das 15h30 (de Brasília). Rafael Silva enfrentará o holandês Roy Meyer. Caso ele vença, disputará o bronze contra o perdedor da segunda semifinal.

Representante do Brasil no peso-pesado feminino (acima de 78kg), Maria Suelen Altheman estreou já nas oitavas de final, mas perdeu por yuko para a sul-coreana Minjeong Kim, atual campeã asiática. A paulista era uma das principais esperanças de pódio, pois tem no currículo dois vice-campeonatos mundiais (2013 e 2014) e já venceu as suas principais rivais.

Vinha do judô uma grande expectativa de medalhas do Time Brasil. O plano era obter ao menos cinco pódios. Caso Baby coloque uma medalha no peito, serão apenas três. Nos seis primeiros dias do esporte na Rio 2016, a seleção brasileira conquistou o ouro com Rafaela Silva e obronze de Mayra Aguiar, mas se frustrou com Sarah Menezes (até 48kg), Érika Miranda (até 52kg), Victor Penalber (até 81kg), Tiago Camilo (até 90kg) e agora com Maria Suelen Altheman.Mariana Silva surpreendeu no até 63kg e acabou em quinto.

Rafael Silva tinha uma estreia bastante tranquila. O rival era o hondurenho Ramon Pileta, o mais velho judoca da Rio 2016. Com 39 anos e sem grandes resultados na carreira, ele não seria páreo para o laureado peso-pesado brasileiro.

Até para ganhar ritmo de competição, Baby começou travando a pegada do oponente e se movimentando. Com facilidade, ele encaixou um golpe de perna e conseguiu um wazari. Rafael caiu montado em cima de Pileta e iniciou uma imobilização, mas só segurou por cinco segundos.

Rafael Silva, judô, Ramon Pileta, Honduras (Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CBJ)

”Rafael Silva derruba o hondurenho Ramon Pileta (Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CBJ)”

Sem sofrer qualquer risco, o medalhista olímpico continuou se movimentando e trocando pegada com o hondurenho. Ele sabia que a qualquer momento poderia encaixar um ippon e encerrar o combate. Foi o que aconteceu. Quando faltava 1min38s, Rafael deu um osotogari, o golpe de perna mais simples do judô, e Ramon caiu com as costas chapadas no solo: ippon, e vaga nas oitavas de final.

O duelo de oitavas era complicado para Rafael. O russo Renat Saidov é muito perigoso. Bronze no Mundial de 2014, quando dividiu o terceiro lugar do pódio com o brasileiro, o europeu é um atleta alto e mais ágil, por ser um dos mais leves da categoria. 

Com dificuldade para fazer a pegada, Baby acabou sendo punido com pouco mais de um minuto de luta. Ele precisaria buscar entradas de golpes ou a vida ficaria muito mais dura. Outra alternativa era também forças uma penalização do oponente.

Rafael Silva, Renat Saidov, judô, Rússia (Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CBJ)

Esperto, o brasileiro travou a pegada do rival e o obrigou a cortar de formar irregular, recebendo um shidô. A luta estava empatada, com 2m40s para o fim do tempo regulamentar. Mais agressivo, Rafael passava a dominar as ações. Prova disso é que Saidov acabou recebendo o segundo shidô. Baby passou a ter vantagem.

Quem esperava que o atleta nascido em Campo Grande (MS) fosse cozinhar a luta até o fim para vencer por ter menos punições, viu um novo Rafael Silva. Ele partiu para cima de Renat e encaixou o seu forte osotogari. Com o golpe de perna perfeito, Baby venceu por ippon. Vaga nas quartas de final. O duelo com Teddy Riner estava marcado.

O DUELO COM RINER

Para encarar Teddy Riner, Rafael Silva tinha como tática tentar se dar bem na troca de pegada e forçar punições do astro do judô. Partir para o combate franco seria muito arriscado. O francês demonstrou que respeitava o brasileiro e adotou uma postura até mais defensiva.

Passaram os dois primeiros minutos e nada de entrada de golpe ou punição. A luta estava tensa. A qualquer momento, um dos dois poderia ser punido. Para azar do brasileiro, foi o ele, com 2m35s para o fim.

Mesmo atrás, Baby continuou tentando cortar a pegada de Riner e demonstrar que ele queria mais a luta. Só que não é nada fácil se dar bem contra a lenda. Rafael deu uma brecha defensiva e acabou sendo projetado para o solo: wazari para Teddy.

Faltava 1m30s. Era tudo ou nada para Rafael. A tática de vencer por ter menos punições já não era mais possível. Tranquilo com a bela vantagem, Riner não se importava em ficar trocando pegada e deixou o cronômetro correr. Mais uma vitória da fera! Baby vai buscar o bronze.

 Teddy Riner e  Rafael Silva judô (Foto: . REUTERS/Toru Hanai )

”Teddy Riner gira Rafael por cima do seu corpo no golpe que gerou o seu wazari (Foto: Reuters/Toro Hanai )”