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Para Elias, Pato poderia ser referência no Timão; volante cobra mais líderes

16/08/2016
Para Elias, Pato poderia ser referência no Timão; volante cobra mais líderes
Roberto de Andrade e Elias no vestiário do Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)

Roberto de Andrade e Elias no vestiário do Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)

O Corinthians vive um momento turbulento nesta temporada. Para Elias, alguns dos motivos que provocaram isso foram: a perda de referências técnicas e também de lideranças no elenco. Algo que começou logo após a conquista do Brasileirão do ano passado, com a saída de seis titulares da conquista: Gil, Ralf, Jadson, Vagner Love, Malcom e Renato Augusto. Mais adiante, Felipe também deu adeus, assim como o técnico Tite.

Elias, Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)

– Depois do Brasileiro perdemos referências técnicas e várias lideranças. A gente já foi perdendo no decorrer do campeonato (Sheik, Guerrero e Fábio Santos) e no final perdemos mais. E essa referência técnica se conquista, não se impõe. Tem jogadores que estão conquistando isso, como Marquinhos Gabriel e Giovanni Augusto. Já a referência de liderança estamos atribuindo a outros jogadores, casos do Bruno Henrique, do Uendel… – afirmou o volante.

Porta-voz do elenco ao pedir mais paciência aos torcedor, que tem vaiado a equipe dentro de casa, o jogador falou sobre a saída de Alexandre Pato do Timão, sobre uma proposta do futebol chinês e também da seleção brasileira nesta segunda parte da entrevista.

– Ele (Pato) poderia ser uma referência, é um jogador que atuou na Europa, que jogou em grandes clubes e se quiser volta a ser, mas tudo é se a gente quer. Nos treinos ele mostrava que queria ficar e dar a volta por cima – completou Elias.

Confira abaixo o restante da entrevista:

GloboEsporte.com: Vários jogadores deixaram o Corinthians após o hexa. Por que ficou?
– Tenho objetivos na carreira. O mercado chinês, como tive proposta, ainda não me atrai. Um dia vai me atrair, claro. Mas tenho um tempo para percorrer ainda para quem sabe ir para lá ganhar dinheiro. Tenho o objetivo de disputar a Copa do Mundo, de ganhar um título de maior expressão, uma Libertadores pelo Corinthians, até a própria Sul-Americana pelo Corinthians, e preferi ficar. Eu me sinto à vontade aqui, me sinto bem e fiquei pelos meus objetivos. Como o mercado chinês não me atrai, só trocaria o Corinthians neste momento por uma proposta da Europa vantajosa e para um clube bom, em que mantivesse meus objetivos de disputar a Copa do Mundo.

E como está o elenco agora?
– O time do ano passado já tinha algumas lideranças que vinham desde 2013. Os que chegaram agora fazem de tudo para ser referência técnica, e nós como referência de liderança estamos mostrando o caminho, tentando mostrar o que é Corinthians, o que é ser campeão aqui, para que as coisas comecem a fluir naturalmente. Mas é cedo ainda, seis meses de trabalho, perdemos até o treinador, entrou uma filosofia parecida, mas com ideias diferentes. Precisamos nos adaptar o mais rápido possível um ao outro e ao novo estilo de jogo para que a gente possa brigar de vez pelo título.

Há alguns meses, muita gente falou que você tinha um convite do Mano Menezes para ir ao Shandong Luneng na janela de transferências do meio do ano. No período, você se machucou e ele acabou sendo demitido. Existiu realmente essa possibilidade?
– Não. Mano é um treinador que tenho muita gratidão, ele que me trouxe para cá (Corinthians, em 2008), ele me convocou para a seleção (em 2010), trabalhei com ele no Flamengo (em 2013), depois ele me trouxe de novo para o Corinthians (em 2014). E as pessoas às vezes vão ligando uma coisa na outra e acham que tinha interesse. Poderia ter sim, porque ele já me conhece, sabe que posso ajudá-lo muito em qualquer lugar, mas eu tinha meu objetivo aqui ainda. 

– Não tive proposta nenhuma, sondagem nenhuma, ele não me ligou, não falou com meu empresário. As pessoas vão tirando impressões precipitadas pelo fato dele gostar de mim e de eu gostar dele. Não houve nenhum contato. Até porque ele já tinha até estourado a cota de estrangeiros lá. Eu sei porque falo com o Gil sempre. Conversávamos sobre como ele estava lá, se estava indo bem. Nada sobre uma transferência minha para a China (risos).

Você falou sobre lideranças técnicas. Alexandre Pato poderia ter sido? A venda dele ao Villarreal pegou vocês de surpresa ou já sabiam que ele não ficaria no Corinthians?
– Pegou de surpresa, a gente esperava que ele ia ficar até o final do Brasileiro. Se ele fizesse o que fez no São Paulo estava de bom tamanho. É um grande jogador, um dos melhores centroavantes da atualidade do futebol brasileiro. Se ele quiser, volta para a Seleção. Mas ele tem de querer. Ele poderia ser uma referência, é um jogador que atuou na Europa, que jogou em grandes clubes e se quiser volta a ser, mas tudo é se a gente quer. Nos treinos ele mostrava que queria ficar e dar a volta por cima.

Sobre Seleção, a presença de Tite facilita as coisas para você?
– Facilidades com Tite? Nunca (risos). Ele é exigente, me conhece, era uma das lideranças com ele aqui, uma das referências, mas tenho de fazer por merecer no Corinthians para continuar sendo chamado por ele.

Hoje o torcedor do Corinthians tem vaiado a equipe, mas na seleção brasileira o sentimento do torcedor também é de desconfiança. Como vê esse clima no país?
– O torcedor brasileiro confunde um pouco as coisas com o momento vivido pelo país, de crise política, de crise também no futebol devido a alguns escândalos. Aí mistura um pouco as coisas. O torcedor brasileiro pode ficar tranquilo que todo jogador convocado está deixando de fazer muita coisa para representar a Seleção, para servir seu país. 

– Servir à Seleção é algo muito maior do que ir lá jogar. Você está servindo, como Pelé já falou, o chamado para a Seleção é como um chamado do Exército. Tentamos fazer o melhor possível, às vezes não dá certo. Mas vontade, determinação e respeito ao povo brasileiro sempre vamos ter. É um povo que tem felicidade e alegria através do futebol, da Seleção que sempre encantou. Hoje não encanta, mas estamos fazendo o possível para melhorar isso.

Um fim de ano ideal para você seria reconquistar o apoio total da torcida do Corinthians e ainda ajudar a mudar a imagem da seleção brasileira para o povo?
– Meu objetivo é o título brasileiro primeiro. Depois, a Seleção é consequência. Ao torcedor do Corinthians, sim, dar um voto de confiança, um pouquinho mais de paciência conosco e tentar  ser o torcedor fiel. Para a torcida brasileira, é continuar tendo esperança, continuar acreditando no trabalho. Qualidade temos, isso posso falar porque conheço, estudo muito futebol, vejo o que acontece lá fora, sei que qualidade temos. Falta um pouquinho mais de organização e de confiança para que a gente possa colocar as coisas no lugar no futebol brasileiro.