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Estudos científicos explicam como é a sensação de morrer

24/05/2016
Estudos científicos explicam como é a sensação de morrer
Presença de um “túnel longo e escuro” ou de experiências religiosas é apenas uma parte do processo. (Foto: Reprodução)

Presença de um “túnel longo e escuro” ou de experiências religiosas é apenas uma parte do processo. (Foto: Reprodução)

A cada minuto, cerca de 108 pessoas morrem em nosso planeta – mas o que estas pessoas sentem no momento da morte? Cientistas e pessoas que estiveram muito perto da morte dizem que a presença de um “túnel longo e escuro” ou de experiências religiosas é apenas uma parte do processo.

Alguns afirmaram que estavam cientes de eventos reais ocorrendo ao seu redor – mesmo quando seus corações haviam parado de bater.

Outros falam de encontros com amigos e pessoas amadas, como se o corpo estivesse nos preparando psicologicamente para a morte.

O que as pessoas que “morreram” dizem?

Muitas pessoas que passaram por paradas cardíacas compartilharam suas experiências online – com uma discussão popular sobre o assunto no site de perguntas e respostas Quora.

O aspecto que une muitas das experiências – tanto de pessoas religiosas quanto não religiosas – é uma sensação de calma.

Barbara escreveu: “Embora eu pudesse ouvir perfeitamente – o som do monitor quando meu coração parou – o início do procedimento de reanimação, todos falando ao mesmo tempo – eu não tinha nenhuma outra sensação.”

“Enquanto eu afundava na inconsciência, eu me sentia muito calma, relaxada, sem a necessidade de respirar, sem motivo para me alarmar, sem sentir nenhuma dor, totalmente em paz. Tudo ficou escuro nos cantos do meu campo de visão, até que havia apenas escuridão.”

Terrance escreveu: “Eu tive uma experiência. Não havia uma luz clara. Jesus não apareceu. É apenas uma aceitação da realidade, um fim definitivo, como terminar um livro. Eu senti a vida escapando, fui ficando muito cansado, e só conseguia pensar nas coisas que não tinha conquistado.”

Aaron escreveu: “Há muitos anos eu tive uma parada cardíaca no pronto-socorro. Meus sentidos me deixaram, um por um. A primeira coisa que desapareceu foi o tato, seguido pela audição. A última foi a visão, deixando-me com um campo completamente branco, e pensamentos que pareciam estar cada vez mais longe uns dos outros.

Experiências “pré-morte”

Muitas pessoas chegando ao fim de suas vidas têm alucinações ou visões envolvendo amigos ou parentes mortos.

Pesquisadores da Canisius College, em Nova Iorque, entrevistaram 66 pacientes terminais em um hospício. Eles escreveram: “Conforme os participantes se aproximavam da morte, sonhos/visões reconfortantes de pessoas falecidas se tornavam mais comuns”.

“O impacto das experiências pré-morte em indivíduos perto de morrer e em seus familiares pode ser profundamente significativo…”

“Estas visões podem ocorrer meses, semanas, dias ou horas antes da morte, e tipicamente diminuem o medo de morrer, fazendo com que a transição entre a vida e a morte seja mais fácil para aqueles que estão passando por ela”.

Pesquisa se opõe à essa versão

Psicólogos da Universidade de Edimburgo e do Conselho de Pesquisa Médica de Cambridge afirmam que as experiências de sair do corpo, ou encontros com parentes mortos, são apenas enganações da mente, e não uma “experiência” com o que há além da vida.

Um dos pesquisadores, a Dra. Caroline Watt, disse que “nossos cérebros são muito bons em nos enganar”. Eles afirmam que muitas experiências de quase morte podem ser causadas pela tentativa do cérebro de dar sentido a sensações e situações estranhas, que ocorrem durante um evento traumático.

Watt, que é da Universidade de Edimburgo, comenta que “alguns dos estudos examinados mostram que muitas pessoas que experimentaram uma experiência de ‘quase morte’ não estavam realmente morrendo, apesar de a maioria pensar que estava”.

As evidências científicas sugerem que todos os aspectos desse tipo de experiência são de ordem biológica. Um dos aspectos mais comentados nessas experiências é a certeza de estar morto – mas os pesquisadores dizem que essa sensação não está limitada à experiência de quase morte.

Existe uma condição chamada “Cotard” – ou síndrome do “cadáver ambulante” -, quando uma pessoa acredita estar morta, e que acontece após situações traumáticas.

Uma experiência de sair do corpo, quando a pessoa sente flutuar sobre si mesmo, também é comum. Mas os pesquisadores suíços descobriram que tais experiências podem ser induzidas artificialmente, ao estimular uma parte do cérebro responsável pela percepção e sensação. Até o “túnel de luz”, contado pelos que viveram uma experiência de quase morte, e a sensação de felicidade e euforia, podem ser induzidos.

Em um artigo, os pesquisadores afirmaram que “se analisada em conjunto, a literatura científica sugere que todos os aspectos de uma ‘experiência de quase morte’ têm uma base fisiológica e psicológica”.

O Dr. Sam Parnia, pesquisador da Universidade Estadual de Nova York e autor do livro “O que acontece quando morremos”, afirma que toda experiência, seja de quase morte ou mesmo a felicidade, são mediadas pelo cérebro. “De fato, muitas experiências dividem a mesma região do cérebro, então não é estranho poder reproduzi-las. Mas isso não implica que a experiência não é real. Nós não dizemos que amor, felicidade e depressão são falsos”.

“Além do mais, muitas pessoas dizem ter presenciado eventos quando o cérebro não estava funcionando (como em uma parada cardíaca). Além de real para quem as experimenta, uma experiência de quase morte dá, para todos nós, um vislumbre de como é morrer”.