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HGE atende, em média, cinco novos pacientes etílicos por dia

11/04/2016
HGE atende, em média, cinco novos pacientes etílicos por dia
O consumo de álcool, aliado ao sedentarismo e a negigência com a saúde levaram a dona de casa Maria Barbosa da Silva a ter um AVC aos 61 anos de idade (Foto: Thallysson Alves)

O consumo de álcool, aliado ao sedentarismo e a negigência com a saúde levaram a dona de casa Maria Barbosa da Silva a ter um AVC aos 61 anos de idade (Foto: Thallysson Alves)

Todos os dias, chegam ao Hospital Geral do Estado (HGE) cidadãos com histórico de ingestão de álcool, segundo afirmam médicos clínicos da unidade. São casos de pacientes etílicos crônicos, com insuficiência hepática, esofagites, gastrite, hipertensão; até Acidente Vascular Cerebral (AVC). Além das várias vítimas de acidentes de trânsito.

Apesar de não existir estatística específica quanto ao número de pacientes etílicos atendidos no HGE, a médica Tainá de Barros Costa relata que em um plantão chegam pelo menos cinco pacientes com doenças relacionadas à ingestão do álcool.

 

“Em época de festas, como réveillon, carnaval e festas juninas, a incidência de intoxicações alcoólicas aumentam consideravelmente, principalmente entre os jovens. É um problema de saúde pública, que envolve tradição e cultura. O problema é que também chegam ao hospital casos graves que necessitam de internamento e, dessa forma, isso ainda contribui com a diminuição da oferta de leitos”, explicou a médica.

Pacientes em crise de abstinência também são assistidos pelos profissionais do HGE. “Durante o internamento, nós acionamos psicólogos e todos os profissionais necessários ao fortalecimento da saúde do doente. E, no momento da alta médica, também formalizamos encaminhamentos para a continuação do tratamento”, pontuou Tainá Costa.

O sedentarismo e a despreocupação com a saúde levaram a dona de casa Maria Barbosa da Silva, de 61 anos, à única Unidade de AVC de Alagoas. “Eu não faço nenhuma atividade física, mas gosto de beber cerveja e tomar aquela ‘lapadinha’ na feijoada do fim de semana. Faz anos que não vou ao médico. Tinha nem ideia de que por isso poderia sofrer um derrame cerebral”, afirmou a dona de casa, mãe de quatro filhos.

Além de hipertensão, problemas cardiovasculares, neurológicos e outras complicações, a médica acrescenta que o paciente etílico, como a dona de casa, está mais propenso a desenvolver doenças devido à queda na imunidade. “O corpo perde proteção e os vírus, por exemplo, podem ganhar força. Desse modo, uma gripe, que poderia não ser contraída, termina sendo a causa de transtornos que poderiam ser evitados”, afirmou médica Tainá de Barros Costa.

Todos os pacientes etílicos assistidos no HGE são submetidos a hemograma e, em casos mais graves, tomografia e calmantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ingestão de bebidas alcoólicas também onera a sociedade, de forma direta e indireta, potencializando os custos em hospitais e outros dispositivos do sistema de saúde, sistema judiciário e previdenciário, e acarreta a perda de produtividade no trabalho, absenteísmo, desemprego, entre outros.

“As pessoas ainda acham que beber uma cervejinha no fim de semana não faz mal algum. As complicações físicas do álcool são um problema de saúde pública e uma grande perda de qualidade de vida. Como o alcoolismo é uma doença crônica, os efeitos podem aparecer após anos de uso e nem sempre estão associados com a dependência química”, alertou a médica.