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Com chip dentro da mão, executivo defende “superproteção” de dados pessoais
Os chamados “dispositivos vestíveis” farão um em cada cinco pagamentos com dispositivos móveis até 2020. Se isso ocorrer mesmo, a proteção de dados nos dispositivos é uma questão a se pensar desde já. Evgeny Chereshnev, vice-presidente de marketing da Kaspersky Lab, empresa de segurança digital, está levando isso tão a sério que implantou um chip NFC em sua mão esquerda, próximo ao polegar, para estudar as consequências de nos conectarmos a tudo ao nosso redor.
Chereshnev, apelidado de “Che”, veio a São Paulo para se apresentar na Campus Party na quarta-feira (27). Ele não concorda com o estado atual dos dados pessoais, que são controlados em sua maior parte por empresas e governos. Acha que é mais seguro e correto que tais dados estejam de posse unicamente de seus donos, então sua experiência com o chip é uma visão pragmática disso.
“Vamos encarar, isso é o futuro. Vai substituir todas as senhas, 99% delas não são seguras, porque foram inventadas para máquinas, e para estas é mais seguro haver números e letras aleatórias. E no estado atual, você precisa de senhas com 16 caracteres ou mais. Acho que o chip é uma forma de não precisarmos mais disso, mas não a única”, afirmou.
O executivo russo entende que a tecnologia NFC (sigla em inglês para Campo de Comunicação por Proximidade) é hoje uma das mais propícias para avançarmos em conceitos como pagamento digital e Internet das Coisas –que imagina casas, carros e outros objetos inteligentes interagindo entre si. E aparentemente é mais segura e prática também.
“Escolhemos NFC porque está disponível para todos, é bem segura porque você tem que saber onde o chip está para acessá-lo, e principalmente porque não precisa de bateria ou manutenção. Só toco o leitor de chip e ele é ligado. Mas tem algumas restrições. Eu tenho que tocar fisicamente o objeto para interagir com ele. E preferimos que fosse com pelo menos três metros de distância. Mas isso só será realista em um futuro próximo”, explicou.
O NFC é uma tecnologia que permite a troca de informações sem fio, com a proximidade dos dispositivos. Já é usada para compra de passagens de metrô, abrir e ligar carros, carregar vídeos (que podem ser vistos em um celular com a tecnologia) e realizar pagamentos (como faz o PagSeguro).
Che mostrou ao UOL que é capaz de destravar a tela de seu celular apenas encostando a parte da mão que armazena seu chip. Em um vídeo, mostra como conseguiu abrir e mover uma porta de seu escritório a uma distância de alguns centímetros, como os Jedi dos filmes “Star Wars”. Conseguiu ampliar o alcance com a ajuda de um Kinect, dispositivo dos videogames XBox que rastreia os movimentos do corpo humano.
Mas alguém com um outro chip NFC não conseguiria repetir o feito da porta justamente por conta da segurança implicada. “O meu chip sinaliza para o sistema que sou eu, especificamente, que está tentando abrir a porta e que eu tenho permissão para fazer isso”, explicou o executivo.
“A memória da NFC é o bastante, pois estamos tentando entender como o futuro vai se desenvolver. De quantos dados precisamos? Como eles serão protegidos e transmitidos? Talvez não será NFC a usada, pode ser Bluetooth ou wi-fi, não sei. É por isso que estamos pesquisando. Nas próximas questões, haverá mais memória, mais criptografia, então precisará de um processador. E precisaremos ver formas de alimentar a energia nisso, como converter energia física em elétrica, por exemplo”, prevê.
Chereshnev não teme ter um “objeto estranho” em seu corpo pelo resto da vida. “Não me preocupo com a radiofrequência do chip porque a uso em períodos curtos do dia e estamos cercados por ondas de todo tipo, de celulares, satélites e estamos bem. E o chip é envolto em um biovidro, material que não é alergênico. Fiz exames há um ano com raios X e está tudo certo. Acredito que tecnicamente já somos ciborgues, e isso não nasceu ontem. Vítimas de acidentes já usam braços, pernas e olhos artificiais”, filosofou.
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