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CPI do Futebol quebrou sigilos, obteve contratos e ouviu Marco Polo Del Nero em 2015

30/12/2015
CPI do Futebol quebrou sigilos, obteve contratos e ouviu Marco Polo Del Nero em 2015
A CPI do Futebol é presidida pelo senador Romário (ao centro) e tem como relator o senador Romero Jucá (à direita) (Foto: Ana Volpe/Agência Senado)

A CPI do Futebol é presidida pelo senador Romário (ao centro) e tem como relator o senador Romero Jucá (à direita) (Foto: Ana Volpe/Agência Senado)

Instalada em julho, a CPI do Futebol foi a quinta comissão parlamentar de inquérito a funcionar no Senado este ano. Desde então, investigou contratos e negociações conduzidos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nas três últimas gestões. Em sua última reunião do ano, realizada em 16 de dezembro, a CPI, presidida pelo senador Romário (PSB-RJ), ouviu depoimento do atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que está licenciado do cargo.

Segundo o relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), a função da CPI não deve ser somente investigar as irregularidades da CBF hoje, mas também contribuir para melhorar as condições do futebol nacional. Para isso, foram convocados especialistas de diversas áreas, cujos depoimentos vão embasar os trabalhos da comissão.

Na primeira etapa, jornalistas da área esportiva apresentaram material coletado para diversas reportagens e apontaram caminhos de investigação à CPI. Juca Kfouri, Andrew Jennings, Jamil Chade e José Cruz sugeriram que a comissão analisasse contratos da CBF com intermediários e empresas prestadoras de serviço.

Dirigentes

Dirigentes de clubes e federações estaduais também falaram à CPI. Eles criticaram a legislação do futebol por, segundo eles, deixar os clubes desprotegidos da ação de agentes, encarecer a montagem de elencos, dificultar o pagamento de obrigações tributárias e emperrar os investimentos em categorias de base.

Os atuais modelos de organização das competições e de distribuição dos direitos de transmissão televisiva desses eventos também foram desaprovados pelos dirigentes. Conforme explicaram, os clubes de menor expressão ficam prejudicados no formato que é adotado hoje, tendo acesso a menos exposição, menos verbas e oportunidades de competir.

Quebra de sigilo

O trabalho investigativo da CPI do Futebol envolveu a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal dos três últimos presidentes da CBF: Marco Polo Del Nero, José Maria Marin (que está em prisão domiciliar nos Estados Unidos) e Ricardo Teixeira. Foram obtidos também os sigilos do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014. Além disso, a CPI conseguiu cópias de contratos da CBF com empresas parceiras em vários segmentos, como marketing esportivo, viagens e consultoria.

Marco Polo Del Nero prestou depoimento à CPI na última sessão do ano. Ele declarou não ter tido envolvimento com a elaboração dos contratos analisados, que datam da gestão de José Maria Marin (Del Nero era vice-presidente na época). Apesar de ser investigado pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) na mesma operação que prendeu Marin, o presidente garantiu que sua inocência será provada.

A CPI do Futebol poderá atuar até agosto de 2016, quando vence seu prazo de funcionamento. Além de tomar providências relativas à documentação que já possui, a comissão ainda quer ouvir os depoimentos de Marin e de Ricardo Teixeira.

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