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Vereadores lamentam desprezo de bancada federal com Palmeira dos Índios

08/11/2015
Vereadores lamentam desprezo de bancada federal com Palmeira dos Índios
 (Foto: Carolina Sanches/G1)

(Foto: Carolina Sanches/G1)

 

 

Os políticos alagoanos que tiveram votação expressiva em Palmeira dos Índios, na última eleição, parece que esqueceram dos seus eleitores e da terra que os ajudou a se elegerem. Praticamente abandonada, a cidade não tem indústrias, não oferece condições de empregos, não tem opções culturais, nem de lazer, e não tem progresso. Na bancada federal, em Brasília, poucos são os projetos que contemplam a cidade.

Um deles, de emenda de bancada e empenhos de 2015, destinou R$ 6,5 milhões para o município palmeirense. A verba, a ser liberada pelo Ministério do Turismo tem destino certo. Por indicação do deputado Pedro Vilela, o dinheiro deverá ser usado para a construção do Polo Multissetorial, mas até o momento as obras de infraestrutura sequer foram iniciadas. Nas áreas próximas ao local vivem dezenas de famílias e também foi erguido um parque de vaquejadas.

 

O DEPUTADO FEDERAL Pedro Vilela, foi um dos únicos parlamentares a se preocupar com Palmeira dos Índios

O DEPUTADO FEDERAL Pedro Vilela, foi um dos únicos parlamentares a se preocupar com Palmeira dos Índios

 

De acordo com Pedro Vilela (PSDB), a construção do Polo estava dentro das opções oferecidas para o destino do orçamento e deve ser utilizado na drenagem, pavimentação, terraplanagem, projeto hidrossanitário, elétrico e iluminação externa do prédio, além da construção de dois galpões para os setores moveleiros e de confecções. “Conversei com empresários, com o prefeito James Ribeiro e vi a necessidade de implantar o Polo em Palmeira. Acredito que o poder público vai tomar providências quanto a realocar as famílias que vivem na área para um local apropriado. Já me falaram sobre o parque de vaquejadas, mas tudo isso tem que ser avaliado, pois a obra está no leque de opções para receber a estrutura. E foi por causa disso que a emenda foi destinada para esse investimento”, afirmou o deputado, que recebeu 4.102 votos dos eleitores que votam em Palmeira, ficando atrás apenas de Givaldo Carimbão (PROS).

O deputado disse, ainda, que também foram liberados recursos na ordem de R$ 400 mil reais, a partir de duas emendas individuais. Desse total, R$ 150mil para serem usados na reforma de uma unidade de saúde e R$ 250 mil para a área de infraestrutura turística. “Nesse caso, o município avalia de que forma esses recursos vão ser utilizados. Mas tudo tem que ser feito para a população e a melhoria dessas áreas”, destacou.

O deputado Givaldo Carimbão, o deputado federal mais bem votado em Palmeira, com 5.586 votos, em sua emenda individual para 2016 angariou o montante de R$ 200 mil para a estruturação da Rede de Serviços de Proteção Social Especial da cidade.

Outros municípios têm um pouco mais de “sorte”. Em Penedo, por exemplo, a bancada alagoana destinou R$ 35 milhões para a reestruturação e expansão de Instituições Federais de Ensino do município; R$ 45 milhões para apoio a Obras Preventivas de Desastre, em São Miguel dos Campos, e R$ 35 milhões para a reforma do edifício-sede da Justiça Federal de Arapiraca.

 

VEREADOR Júlio Cézar aposta na cultura de irrigação para a geração de emprego e renda (Foto: Lucianna Araújo)

VEREADOR Júlio Cézar aposta na cultura de irrigação para a geração de emprego e renda
(Foto: Lucianna Araújo)

 

Segundo o vereador de Palmeira dos Índios, Júlio Cézar (PSB), a melhor forma que um político tem para retribuir os votos que conquistou é trabalhar para o desenvolvimento do município e melhoria do seu povo. “Palmeira cobra isso. Os recursos disponíveis para o município, segundo o que tem disponibilizado no site da Câmara Federal, estão aquém do que necessitamos. Palmeira precisa de atenção e do apoio dos governos estadual e federal. O município precisa de recursos para áreas como cultura, educação, saúde, mobilidade urbana. Os poucos recursos que aqui chegam precisam que a administração faça gestão.

 

Quem não fizer gestão nesse momento de crise econômica em que estamos mergulhados, não faz a travessia. O deputado Pedro Vilela alocou recursos para a construção do Polo e torço que esses recursos cheguem, a cidade cresça e realmente aconteça”, explicou. E continuou: “Se apostarmos mais na capacidade da cultura irrigada.  Temos terra boa para plantar e água doce para produzirmos alimentos, frutas tropicais e hortaliças.

 

Com isso, teremos um grande espaço no mercado, atingindo as centrais de distribuição do estado, com geração de emprego e renda. A aposta de geração de empregos no campo é importantíssimo. É preciso passar pelo desafio de gerar riquezas. Se um município não produz, não gera riquezas. Precisamos passar pelo desafio de gerar riquezas.”, destacou o vereador. O vereador  Márcio Henrique (PPS), disse que tem visto um fenômeno interessante, e que não se reproduz apenas em Alagoas, como também no resto do Brasil. Segundo ele, políticos participam de um processo eleitoral para a conquista de determinado cargo eletivo, fazem a campanha, apresentando projetos para as regiões que são importantes para os mesmos, chegando até a discutir com a sociedade as suas prioridades e necessidades, ora para as cidades, aquelas maiores, ora para um aglomerado de pequenos municípios.

“Com o nosso município não foi diferente. Nos últimos pleitos, especificamente na disputa para deputado federal, tivemos a Prefeita Célia Rocha como a mais votada, e agora o deputado Carimbão.

A prefeita Célia Rocha apresentou uma emenda de quatro milhões, para serem investidos no Parque de Rodeio, e uma outra de um caminhão baú para uma cooperativa em nosso município. Infelizmente para nós, em seu caminho como deputada federal apareceu, novamente, a prefeitura de Arapiraca.

Estamos vendo o fato se repetindo mais uma vez, saindo o deputado federal mais votado na última eleição, para disputar um mandato executivo em município de sertão alagoano”, frisou.

 

PARA MÁRCIO HENRIQUE, a implantação do polo em Palmeira, pode ser o início de grande transformação

PARA MÁRCIO HENRIQUE, a implantação do polo em Palmeira, pode ser o início de grande transformação

 

 

Para Márcio Henrique falta ao município de Palmeira dos Índios projetos e planejamento para que seja determinado até onde o município deseja chegar. “Cito Sêneca: ‘Não existe vento favorável a quem não sabe onde deseja ir’. “Vamos continuar falando uma coisa e fazendo na prática outra? Os grupos políticos, em nossa querida Palmeira, estão apenas lutando por projetos pessoais de manutenção de poder político.

Não existe um projeto sustentável para o nosso município e principalmente para a nossa região. Vivemos em uma parte do estado com problemas muito parecidos, porém cada um está em busca da sua solução. Não vemos os municípios buscarem juntos as soluções para problemas que são de todos.

Ficaria muito mais fácil se esta luta fosse travada por todos, na busca de alternativas para o bem da região, e não apenas para o bem pessoal”, avaliou. O vereador afirmou que a implantação do polo multissetorial, em Palmeira, pode ser uma grande oportunidade do início da transformação que a região precisa, mas que isso não pode ser motivo apenas de um discurso para se tentar determinar a quem esta “criança” pertence. “Onde está o planejamento para implantação deste nosso polo multissetorial?

Temos um grande número de famílias que estão naquela região há anos, há décadas. Qual a vocação destas famílias? É uma vocação urbana ou é rural? Esta é uma pergunta que tem que ser respondida inicialmente, pois estamos falando de vida, de histórias de pessoas que fincaram raízes naquela região e não podem ser desprezadas e tem que ser ouvidas e direcionadas da melhor maneira possível. Temos que saber qual o perfil, qual a vocação do nosso município e volto a dizer da nossa região, para que os processos sejam encaminhados respeitando o que hoje fazemos e que podemos fazer melhor em escala alargada’, analisou.

“Não acredito nesta prática de centralizar aplicação de recursos em um município e esquecer da região. Enquanto tivermos este pensamento exclusivista, egoísta, o nosso caminho será sempre mais difícil. Nós só seremos grandes se todos forem grandes e pensarem também grande.

Não podemos mais discutir apenas Palmeira dos Índios. Temos carências, necessidades, dificuldades que se repetem em Palmeira, Estrela, Igaci, Belém e outras cidades da região.

Porque estas problemáticas não são discutidas em conjunto para então as soluções serem buscadas e conquistadas para todos? Eu imagino um cenário onde possamos colocar gestores, empresários, políticos, todos em um mesmo espaço, pensado em um todo e não apenas em um bocado. Sou um sonhador. Será essa realidade ou apenas uma utopia?”, completou.

Márcio Henrique disse, ainda, que a infraestrutura para a implantação propriamente dita do Polo, como sistema de abastecimento de água, fornecido pela CASAL, rede de telecomunicações e internet, sistema energético fornecido pela Eletrobrás, precisam ser consultada.

“Estas empresas já foram consultadas para que o projeto seja feito em conjunto, para não chegarmos ao fim do processo com uma estrutura física concluída e sem os requisitos essenciais para o funcionamento das empresas? Então fica a pergunta: com quem este projeto do Polo Multissetorial e com quem ele está sendo discutido? Com a sociedade? Com a região? Ou apenas com um pequeno grupo que não quer compartilhar este caminho inicial para que suas vaidades não sejam ofuscadas?”, indagou.

A reportagem do jornal Tribuna do Sertão tentou contato telefônico com o prefeito de Palmeira, James Ribeiro, para que ele também pudesse ser ouvido, mas até o fechamento da edição o telefone

celular estava desligado.