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Ressocialização de portadores de transtornos mentais é uma realidade em AL

31/10/2015
Ressocialização de portadores de transtornos mentais é uma realidade em AL
Centros de Atenção Psicossocial funcionam como uma rede substitutiva aos hospitais psiquiátricos, que estão com os dias contados no Brasil (Fotos: Carla Cleto e Olival Santos)

Centros de Atenção Psicossocial funcionam como uma rede substitutiva aos hospitais psiquiátricos, que estão com os dias contados no Brasil (Fotos: Carla Cleto e Olival Santos)

No decorrer das últimas décadas houve uma evolução na assistência aos portadores de transtornos mentais. O tratamento, que cada vez mais se distancia dos muros dos hospitais psiquiátricos, tem apostado na socialização dos usuários do SUS, que contam com o acompanhamento de uma equipe multiprofissional, além da participação efetiva da família em todo o processo, assegurando uma vida com qualidade.

Diversos fatores contribuíram para a mudança no tratamento psiquiátrico, que começou nos anos 1990, passando a ser política pública no Brasil. A partir de 2002 a política ganhou impulso através do Ministério da Saúde, que implantou uma série de mecanismos, a exemplo da redução de leitos nos hospitais psiquiátricos, criação das residências terapêuticas, o programa de volta para casa, a implantação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), entre outros projetos.

A Reforma do Sistema Psiquiátrico, que está em andamento no Brasil, permitiu que a assistência fosse estendida também aos usuários de álcool e outras drogas, que geralmente são atendidos nos Caps durante o dia, participando de uma série de atividades, retornando no final do dia para as suas residências. Neste processo, os familiares dos usuários recebem acompanhamento dos profissionais, uma vez que a participação deles é fundamental na recuperação.

O surgimento dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) foi de fundamental importância na Reforma do Sistema Psiquiátrico. Eles funcionam como uma rede substitutiva aos hospitais psiquiátricos, que estão com os dias contados no Brasil, como já ocorre em outros países, onde foram extintos. Em Alagoas os Caps atendem mais de mil pessoas e têm contribuído para a redução das internações, fazendo com que os portadores de transtornos mentais se integrem à sociedade.

Constatação

Realidade constatada pela dona de casa Maria Helena Lima. Ela tomava mais de dez medicamentos por dia e não sentia melhora no quadro depressivo, até passar a frequentar o Caps de São Sebastião e ver sua vida ser transformada. “Nos nove anos que frequentou o Caps, houve uma redução na medicação e participo do grupo de artesanato. Minha qualidade de vida melhorou significativamente e voltei a estar integrada à sociedade, porque o Caps é uma terapia pra mim”, salientou.

Segundo Márcia Ramos Wanderley, psicóloga do Núcleo de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), os Caps têm a função de oferecer atendimento clínico de forma diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos e promovendo a inserção social das pessoas com transtornos mentais através de ações inter setoriais. “Os Caps foram criados como uma estratégia de inclusão social para os portadores de sofrimento e transtorno mental e também dos usuários de álcool e outras drogas. Com isso, há redução nas internações”, destacou.

Em Alagoas os Caps têm concorrido para melhoria da qualidade de vida dos usuários da Rede de Assistência Psicossocial. Atualmente existem 47 Centros de Atenção Psicossocial do tipo um, que é destinado para os municípios que possuem uma população de 15 até 50 mil habitantes, do tipo dois existem seis e estão localizados nas cidades com mais de 50 mil moradores. Em Maceió os usuários do SUS contam com um Caps 24 horas e um o Caps AD para tratamento de usuários de álcool e outras drogas. A rede conta ainda com os Caps I, para a população infanto-juvenil até 18 anos. Além de uma unidade de atendimento infanto-juvenil em Campo Alegre e 15 leitos para saúde mental.